"Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo. O Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante após um dia de trabalho."
Nas palavras do então presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, em março de 1973 o Brasil era uma ilha de tranqüilidade. Mas será que o país parecia tão bom assim para todos os brasileiros?
Cartaz impresso e distribuído pelo Serviço Social da Indústria (SESI) para a Semana da Pátria, em setembro de 1974, durante o governo Médici.
Concentração de renda
Em 1969, com o general Médici na Presidência da República, os militares da linha dura passaram a governar o país. Durante o governo Médici, os opositores foram perseguidos, presos ou mortos. Muitos deixaram o país.
Os ministérios foram entregues a militares ou civis que defendiam a participação governamental na economia. Por causa dos grandes investimentos, a economia brasileira cresceu muito, acontecimento que recebeu o nome de "milagre econômico". Essa expressão foi criada nos anos 1970 para definir o que aconteceu no Brasil comandado pelos militares.
Mas não havia nenhum milagre nesse crescimento. A principal causa da grande atividade econômica daquela época eram os empréstimos tomados pelo governo brasileiro em bancos dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.
A força da propaganda
Com os empréstimos estrangeiros, os governos militares realizaram grandes obras que eles consideravam necessárias ao crescimento da economia brasileira. Foram feitos investimentos principalmente em obras de infra-estrutura (rodovias, ferrovias, portos, telecomunicações, usinas hidrelétricas e nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderurgia) e de transformação (papel, cimento, alumínio e fertilizantes).
Essas obras eram utilizadas também para fazer propaganda do governo, simbolizando sua grandiosidade. O governo usava a expressão "Brasil - grande potência" para traduzir a idéia de uma economia poderosa, que poderia ser alcançada por meio de um crescimento acelerado. A ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, as enormes usinas hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí e a Usina Siderúrgica de Tubarão, no Espírito Santo, são algumas das obras dessa época.
A propaganda dos governos militares também se aproveitava de acontecimentos esportivos, como o milésimo gol de Pelé e a vitória da Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970.
Depois do milésimo gol, marcado em novembro de 1969, Pelé desfilou em carro aberto em Brasília e foi recebido pelo presidente Médici, que lhe concedeu uma medalha e o título de comendador. Os vencedores da Copa do Mundo de 1970 receberam tratamento semelhante.
As datas comemorativas como o 7 de Setembro, também foram transformadas em ocasiões para louvar os militares. Era comum ver alunos marchando como soldados em cerimônias públicas. O dia 31 de março era festejado nas escolas, com os alunos em fila para ouvir discursos e cantar o Hino Nacional em comemoração à chamada "Revolução de 64".
CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.
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Parabéns pelo post! Muito bom, completo e ainda assim de fácil entendimento, além de ótimas imagens.
Gostei muito do seu texto e mais ainda do seu blog.
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Um abraço!
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