.bookmark{ padding:0px; margin-top:15px; background:#ddd; } .bookmark a:hover { position: relative; top: 1px; left: 1px; } .bookmark img { border: 0; padding:0px; margin-top:15px; } -->

Tamanho da Letra

-A - +A

A sociedade feudal

Twit This! |

A sociedade feudal era rigidamente estratificada, isto é, dificilmente havia mobilidade, pois a  posição dos grupos era determinada pela relação com a terra. Segundo a mentalidade da época, a sociedade estava dividida porque Deus determinara diferentes funções para cada camada. Havia três camadas fixas. O clero (sacerdotes) era a camada mais importante, considerada intermediária entre Deus e os homens. Sua função era orar pela salvação de todos. Os guerreiros (nobreza e aristocracia) lutavam para proteger o resto da sociedade dos males do mundo. O seu poder vinha do fato de serem donos da terra e terem o monopólio militar. Os trabalhadores deveriam produzir o necessário para o sustento de toda a sociedade.

Na verdade, cada uma dessas ordens se subdividia em vários estratos internos. Havia diferentes tipos de trabalhadores: os pequenos proprietários, que cultivavam seus lotes (alódios); antigos proprietários, que se ligaram a um senhor (vilões, porque habitavam as vilas); e o trabalhador escravo, que não desaparecera totalmente da Europa medieval. Mas o principal trabalhador durante o período feudal era o servo, originário do antigo colonus. O servo não era um trabalhador livre, mas também não era um escravo. Estava ligado à terra, não podendo ser retirado dela para ser vendido. Outra diferença entre um servo é que o servo era dono dos instrumentos de produção.

Servos e Vilões

Quando um servo passava a viver e trabalhar  nas terras de um senhor feudal, todos os seus descendentes ficavam obrigados a permanecer nessa propriedade e trabalhar para os descendentes  desse senhor. Por mais explorados que fossem, os servos não podiam sair dos feudos onde viviam.

Além dos servos, o trabalho nos feudos era executado pelos vilões ou vilãos. Eles tinham de pagar os mesmos impostos que os servos, mas não eram obrigados a permanecer nas terras do senhor para sempre. Eram portanto, indivíduos livres, ao contrário dos servos que estavam presos à terra.

Servos e vilões estavam submetidos apenas à autoridade do senhor  feudal, pois não havia nenhuma outra autoridade acima dele. Não existiam leis escritas. Os senhores feudais definiam as regras de seu feudo de acordo com os costumes do lugar e julgavam tudo o que acontecia nele.

Assim o poder centralizado nas mãos do imperador ou do rei praticamente desapareceu nos reinos da Europa ocidental. Em seu lugar surgiu o poder local.

A figura do rei continuou a existir, mas ele perdeu poder de decisão. Cada senhor feudal exercia o governo e administrava a justiça no interior de seu feudo. Todos os que viviam no feudo lhe deviam lealdade e obediência – é isso que se chama poder local. O rei não tinha ali praticamente nenhum poder. É claro que o rei também tinhas seus domínios territoriais, isto é, seu próprio feudo, onde quem mandava era ele. Mas no feudo dos outros ele dificilmente conseguia intervir.

As relações sociais no feudalismo

O feudalismo foi constituído pela articulação entre dois eixos de relações: as relações feudo-vassálicas e as relações servis de produção. As relações feudo-vassálicas estabeleciam-se entre membros da aristocracia militar e territorial e baseavam-se no feudo e na reciprocidade. As relações servis de produção estabeleciam-se entre o senhor da terra e o trabalhador e estavam baseadas na desigualdade de condições e na exploração do trabalho.

A aristocracia feudal tirava seu sustento e garantia seu poder e sua riqueza por meio do trabalho do servo, da guerra das alianças. Os servos recebiam um lote para cultivar e eram defendidos pelo senhor, deviam a este uma série de obrigações: deviam trabalhar na reserva senhorial alguns dias por semana, e todo o produto desse trabalho era do senhor feudal (corvéia); entregava uma parte do que produziam na reserva servil (talha; pagavam pelo uso do moinho ou do lagar (banalidades); quando um servo morria, os filhos deveriam pagar para continuar em suas terras (mão-morta).

Havia um forte componente religioso nessa exploração do senhor sobre os servos, pois estes viam os senhores como protetores e patronos, que os ajudavam em tempos difíceis.

Mas de alguma forma, os servos conseguiam ter algumas atividades independentes. Os servos se ajudavam mutuamente nas pequenas plantações, nas pastagens das terras comunais ou em algumas festas. Tudo isso pode ser considerado como resistência ao poder dos senhores.

fonte: Pedro, Antônio. História da Civilização: ensino médio: volume único. p. 99 – editora FTD.

As características socioeconômicas do feudalismo

Twit This! |

O conceito feudalismo deriva da palavra feudo, que significa “bem dado em troca”. Assim, feudalismo é o nome que damos ao sistema no qual o feudo – um bem, que poderia ser um ou mais senhorios (territorial), uma quantia  anual (bolsa), a armadura de um cavaleiro (loriga), um conjunto de direitos de cobrança e obrigações camponesas (ban) – é o fundamento das relações socioeconômicas e políticas.

O feudalismo foi um sistema tipicamente europeu. Desenvolveu-se entre os séculos X e XI, mas atingiu seu auge no século XII, quando começou a entrar em decadência. A agricultura era a  atividade econômica que preponderava durante a época feudal e envolvia toda  a população, direta ou indiretamente. O senhorio, a unidade básica de produção do sistema feudal, era praticamente auto-suficiente. Produzia tudo ou quase tudo de que tivesse necessidade: leite, madeira, ferro etc. O que não era produzido pelo senhorio, era adquirido nos pequenos mercados das aldeias.

Veja a funcionalidade de um feudo ou senhorio

histblogsu010   feudalismo

Um Senhorio 

  1.   1 – Celeiro; estábulo
  2.   2 -  Igreja
  3.   3 -  Ferraria
  4.   4 -  Campos de pastagem comuns
  5.   5 -  Campos cultivados senhoriais
  6.   6 -  Pântano
  7.   7 -  Forno
  8.   8 -  Solo improdutivo
  9.   9 -  Terra de pousio
  10. 10-  Bosque
  11. 11-  Campos cultivados pelos camponeses
  12. 12-  Pomar
  13. 13-  Prado
  14. 14-  Moinho
  15. 15- Castelo
  16. 16- Casa do pároco
  17. 17- Aldeia

Os feudos territoriais ou senhorios (“do senhor”) eram divididos em três partes: a reserva senhorial ou manso senhorial, que eram terras de uso exclusivo do camponês ou manso servil, que eram terras exploradas pelos camponeses e suas famílias; as terras comunais, constituídas por pastos, florestas e baldios que forneciam frutas, madeiras, mel, castanhas etc. A caça era direito exclusivo do senhor.

As sociedades Feudais – Cronologia

Twit This! |

  • Séculos III e IV – Tem início importantes transformações no Império romano do Ocidente com a transferência de muitas pessoas da cidade para o campo e o surgimento de colonos.
  • 476 – O império romano do Ocidente se desintegra
  • Século V - Formam-se diversos reinos germânicos no território antes ocupado pelo Império romano do Ocidente.
  • Séculos V a VIII – Período em que começam a se desenvolver relações feudais de produção na Europa ocidental.
  • Séculos VIII e IX – A península Ibérica é ocupada pelos muçulmanos e outras regiões da Europa são conquistadas pelos vikings; o comércio decai e acentua-se a formação do sistema feudal.
  • séculos IX ao séc. XIII – Consolida-se a sociedade feudal em quase toda a Europa Ocidental.

A consolidação do feudalismo

O feudalismo resultou da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade bárbara germânica em transformação.

A sociedade romana era eminentemente agrária, mas com a vida urbana intensa. Com as crises dos séculos III e IV, a escassez de mão-de-obra escrava levou os grande proprietários a abandonarem as cidades e rumar para suas Villae (latifúndios), onde exploravam o trabalho dos coloni (antigos escravos ou camponeses que se tornaram vinculados à terra e dependentes de seus senhores). Os coloni eram juridicamente livres, mas não podiam abandonar a terra. Esses trabalhadores são os precursores dos servos medievais.

A condição social passava, assim, a ser determinada pela relação com a terra. A sociedade romana passava por um processo de ruralização, acentuado pelo desaparecimento dos grupos médios ligados ao comércio e às atividades urbanas em geral. Esse processo foi importante para a formação do feudalismo, pois reforçou o poder político dos senhores locais, enfraquecendo o poder central do império.

A descentralização política mencionada acima se acentuou com os bárbaros: o comitatus era uma velha instituição bárbara que estabelecia uma relação de fidelidade mútua entre chefes e guerreiros, o que reforçava os laços de dependência pessoal e diminuía um eventual poder central. Os chefes bárbaros remuneravam seus colaboradores com terras, o chamado beneficium, que dava alguma autonomia aos guerreiros que o recebiam, principalmente quando recebiam a imunidade, ou seja, independência para administrar seu território.

A sociedade germânica era também eminentemente agrária e pastoril, o que acentuou o processo de ruralização da economia e da sociedade depois da invasão.

Uma das maiores contribuições da sociedade bárbara para a concretização do feudalismo foi seu sistema de leis, que se baseava no direito consuetudinário, isto é, nos antigos costumes herdados dos antepassados, para os quais as práticas fundavam a lei oral, que regulava as relações pessoais.

A contribuição dos árabes, eslavos e normandos para a formação da Europa feudal

No século IX as sociedades européias encontravam-se em avançado estado de ruralização. As invasões que ocorreram nesse século fizeram com que os senhores rurais tentassem organizar uma defesa individualizada, erigindo castelos e fortificações.

Após conquistar o norte da África, invadir a Europa e dominar a península Ibérica, os muçulmanos, nos séculos IX e X, transformaram o Mediterrâneo em seu domínio quase exclusivo. Os postos comerciais desse mar ficaram em suas mãos, o que dificultava a atividade comercial  e provocava o isolamento da Europa.

As tribos de eslavos que haviam sido submetidas pelos francos se libertaram e passaram a saquear as vilas e os domínios rurais, aumentando a insegurança. Ao mesmo tempo, os nômades magiares (húngaros) fixaram-se no médio Danúbio e daí organizaram ataques para saquear terras e vilas.

Também os normando ou vikings (povos que viviam na atual Dinamarca) transformaram seu padrão de relação com o continente europeu: começaram a incursionar por variados pontos da costa norte da Europa também para saquear. Vinham para vender  peixe seco e peles, mas também se dedicavam ao saque e a pilhagem das aldeias e domínios rurais. A Europa estava sendo ‘sitiada’ pelas invasões do século IX. Esse fato não foi determinante, mas ajudou a Europa a se feudalizar.

 fonte:Pedro, Antônio. História da Civilização Ocidental: ensino médio:volume único. p.97-8.

O reinado de Carlos Magno

Twit This! |

Com a morte de Pepino, o reino ficou dividido entre seus dois filhos, Carlomano e Carlos Magno. Esses dois herdeiros disputavam o domínio total do reino, mas com a morte de Carlomano, em 771, Carlos Magno transformou-se no único rei dos francos.

Carlos Magno e seu exército de aristocratas anexaram a soxônia (parte da atual Alemanha), a Frísia (parte da atual Holanda) e a Catalunha (parte atual da Espanha) e a Itália lombarda.

Para facilitar a administração de seu vasto Império, Carlos Magno dividiu-o em condados (regiões administrativas), que eram administradas pelos condes, nobres de confiança do imperador.Os condes recebiam grande extensões de terra e uma parte proporcional dos rendimentos da região que administravam. Além deles existiam os duques – que recebiam benefícios ainda maiores – e os marqueses, que além dos benefícios recebiam também imunidade.

Havia ainda os missi dominici, espécie de fiscais do imperador nas províncias, que eram recrutados entre a nobreza e nomeados dois a dois: um era bispo, e o outro nobre leigo (não religioso). Foi graças ao trabalho dos missi dominici que o Império Carolíngio se manteve integrado. Eles utilizavam documentos escritos e faziam cumprir as capitulares (leis administrativas criadas pelo imperador). No entanto, não existia realmente uma burocracia palaciana que administrasse efetivamente o império. O que garantia a relativa coesão dos domínios imperiais era o juramento  de fidelidade que os vassalos carolíngios faziam ao rei.

O caminho para o feudalismo

As medidas políticas e econômicas tomadas por Carlos Magno visavam o fortalecimento de seu poder pessoal. Com o passar do tempo, essas medidas tiveram um efeito contrário, isto é,  foram minando o poder central e fortalecendo o poder dos nobres e senhores locais, abrindo caminho para o desenvolvimento do feudalismo. Desde a época dos merovíngios, havia o beneficium, que consistia em doar terras aos nobres que prestassem serviços ao rei; esses nobres eram chamados de vassalos. Com Carlos Magno essas doações passaram a ser um direito daqueles que prestassem serviços ao imperador. Esses nobres, vassalos diretos do imperador, não se submetiam à autoridade dos condes e dos missi dominici.

Daí surgiram os feudos territoriais, concessões de terras revestidas de poderes jurídicos e políticos, em troca de serviço militar. Surgiu uma cavalaria de aristocratas, que prestava serviços militares ao imperador. Dessa forma, a guerra passou a ser  uma prerrogativa da aristocracia.

Os camponeses, agora excluídos da guerra, trabalhavam as terras e alimentavam esse exército de nobres. Formou-se assim uma unidade de produção agrária trabalhada por camponeses dependentes de grandes senhores: era o início da produção senhorial, base da economia feudal. Esses camponeses eram conhecidos como servos: não eram escravos, mas estavam presos à terra e a uma série de obrigações para com seus senhores.

 

Crise e desintegração do Império Carolíngio

Carlos Magno morreu em 814, sendo sucedido por seu filho Luís, o Piedoso, que governou até 840. Os filhos de Luís, o Piedoso, passaram a disputar o poder, arrastando o Império Carolíngio a uma longa guerra interna, que o fez desaparecer. Uma das razões principais dessa desintegração foram as guerras pela sucessão, que dizimaram a maioria dos jovens combatentes da aristocracia. Isso era agravado pela pouca eficiência da cavalaria para manter a ordem na vastidão territorial do império. Além disso, não havia um sistema de administração suficientemente organizado que garantisse a unidade política.

Além dessas razões, havia o nível das forças produtivas, que não atendiam às necessidades de um Império organizado e centralizado. Por outro lado, as novas invasões que assolaram a Europa Ocidental mostraram a fragilidade da administração dos condes, duques e marqueses.

Numa tentativa de evitar a falência total do Império, os três irmãos, que lutavam pelo poder, entraram em acordo. Pelos Tratado de Verdum, assinado em 843, dividiram o império em três partes: a Lotário couberam os domínios centrais; Luís, o Germânico, recebeu a porção oriental. e Carlos o Calvo, ficou com a parte ocidental do império.

Com a morte desses soberanos e a posterior divisão de cada reino entre seus herdeiros, a desagregação do império foi inevitável. Em 850 os benefícios tornaram-se hereditários, aumentando a independência e o poder dos nobres. Logo depois em 870, extinguiu-se o último dos missi dominici, representante da autoridade central imperial. Em 890, o título de conde tornou-se  hereditário. Os condes ficaram com um poder cada vez maior sobre seus domínios territoriais.

Com o recrudescimento (aumento) das invasões dos normandos e magiares no final do século IX, toda a Europa, particularmente a atual França, cobriu-se de castelos privados.

Educação

Twit This! |

Carlos Magno deu grande importância à educação, as artes e ao conhecimento. Precisava de pessoas preparadas para administrar seu imenso império. Queria, ter funcionários aptos a ler e escrever textos em latim, língua usada nos documentos oficiais.

Para isso, Carlos Magno reuniu na sua corte  os maiores sábios da Europa. Eles vieram dos centros mais avançados da época: as regiões que correspondem à Itália, Espanha e Inglaterra atuais. Apenas um deles era franco, Eginardo, biógrafo e secretário do imperador. O mais importante desses sábios era Alcuíno de York, professor, bibliotecário, teólogo e autor de obras didáticas. Ele foi encarregado pelo imperador de preparar o texto definitivo da Bíblia. Depois de um longo e penoso trabalho de pesquisa, comparação, correção e escrita, a Bíblia redigida por Alcuíno ficou pronta e foi considerada a versão oficial durante toda e Idade Média ocidental (séc.V a XV).

Carlos Magno

Carlos Magno fundou também muitas escolas para crianças nos conventos, nas catedrais e no próprio palácio. A maioria delas visava instruir os garotos que iam seguir carreira religiosa. Já as escolas do palácio, frequentada apenas pelos filhos dos nobres e a servidores próximos, preparava-os para assumir a administração do reino. A língua ensinada nessas escolas era o latim. As disciplinas mais importantes eram gramática, aritmética, música, geometria e astronomia.

Foi na época de Carlos Magno também que as obras escritas pelos gregos e romanos foram salvas. A maioria desses manuscritos antigos só chegou até nós graças aos monges copistas, assim chamados porque passavam um tempo enorme trancados nas bibliotecas dos mosteiros copiando os textos greco-romanos que lhes eram ditados em voz alta pelos colegas.

Os monges ilustravam seus livros com pinturas chamadas iluminuras e, para encaderna-los usavam placas de marfim, com ouro e pedras preciosas nas bordas,[

O marfim das capas sobreviveu ao tempo. O ouro e as pedras preciosas foram roubados.

Todo esse movimento cultural ocorrido na época de Carlos Magno ficou reconhecido como Renascimento Carolíngio.

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção História Sociedade & Cidadania. sexta série. p.25

Pedro, Antonio – História da Civilização ocidental: ensino médio volume único/p. 95-6.

 

O ano 800 – Coroação de Carlos Magno

Twit This! |

No Natal do ano 800, Roma viveu uma invasão pacífica de nobres e guerreiros francos. Na antiga Basílica de São Pedro, onde o papa Leão III celebrou a missa de Natal, reuniram-se autoridades  eclesiásticas (religiosos) e líderes políticos, entre eles, Carlos – rei dos francos e lombardos.

Antes do início da Missa, Carlos Magno dirigiu-se à tumba de São Pedro […]. O Sumo Pontífice (o papa) aproximou-se dele, trazendo um diadema (coroa) de ouro. E então, para surpresa de muitos, Leão III coroou o rei franco como imperador do Sacro Império romano, investindo-o da suprema autoridade temporal sobre os povos cristãos do Ocidente. […]

Quadro mostra a coroação de Carlos Magno pelo Papa Leão III – museu do vaticano

A coroa selou formalmente o que Carlos já incorporava na prática, há muito tempo […]. Era o único líder com poder suficiente para derrubar o papado. A partir da coroação de Carlos, o papado e o Império tornaram-se os principais centros de poder espiritual e temporal.

fonte: Encyclopédia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Technorati Marcas:

A morte de Rolando

Twit This! |

A história de Rolando e os Doze Pares de França, deu origem ao poema “A canção de Rolando”, que exalta a lealdade e a coragem dos cavaleiros cristãos.  Veja a tradução livre de um trecho do poema.

A canção de Rolando, c. 1090

  1. O conde Rolando, reclinado sob o pinheiro,
  2. Volta seus olhos para a Espanha.
  3. Lembra-se de muitas coisas:
  4. De tantas terras que conquistou,
  5. De sua doce França, dos heróis de sua linhagem,
  6. De Carlos Magno, seu senhor, que o nutriu.
  7. Não pode ajudar, mas chora e suspira.
  8. Não pode esquecer de si mesmo,
  9. Pedindo piedade a Deus.
  10. “Pai Verdadeiro, que jamais mentiu,
  11. Que ressuscitou São Lázaro,
  12. Que protegeu Daniel dos leões.
  13. Proteja minha alma de todos os perigos,
  14. Apesar dos pecados que cometi na vida!”
  15. Rolando oferece sua luva direita a Deus,
  16. São Gabriel e recolhe com a mão,
  17. A cabeça de Rolando cai sobre o braço
  18. Ele junta suas mãos e parte para a vida eterna.
  19. Deus envia seus anjos,
  20. São Miguel, São Gabriel, Que levam a alma do conde para o Céu.

“A canção de Rolando”. Estrofe CLXXVI, versos 2375 – 2396.

Imagem dupla de Rolando em detalhe de vitral da catedral de Chartres, França, feito por volta de 1225. A esquerda Rolando golpeia uma pedra com a espada, à direita faz soar sua trombeta

São Lázaro e Daniel.

Esse trecho de “A canção de Rolando” cita duas passagens bem conhecidas da Bíblia. A primeira faz parte do Novo Testamento e é uma referência à ressurreição de Lázaro. Ao saber da morte de Lázaro, Jesus teria feito com que ele se levantasse do túmulo e retornasse à vida. A segunda passagem, do Antigo Testamento, refere-se a Daniel, um jovem sábio judeu lançado numa cova de leões, que teria sobrevivido porque as feras não o atacaram.

O Reino franco e a igreja católica

Twit This! |

Os francos eram um povo formado por tribos que habitavam originalmente o norte da atual Alemanha, lá onde o rio Reno se lança ao mar. Durante o século V, eles se instalaram na Gália na  condição de aliados dos romanos.. Em 481, após a desintegração do Império, um rei de nome Clóvis unificou as várias tribos e fundou ali o reino dos francos.

histoblosu014

fonte: Adaptado de LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente Medieval.v.1,p.67

Em 496, Clóvis tornou-se o primeiro rei franco a se converter ao  cristianismo. No poder, Clóvis, à frente de seus guerreiros, enviou expedições armadas contra outros povos germanos: os alamanos, os borgúndios e os visigodos. Ao vencer esses povos, anexou suas terras e passou a reinar sobre a região onde é hoje a França e parte da Alemanha. Um dos fatores que ajudaram o rei Clóvis nessas conquistas foi sua conversão ao cristianismo e a aliança que estabeleceu com a igreja católica. Após sua morte, em 511, o Reino franco foi dividido entre seus quatro filhos e depois reunificado por duas vezes ao longo do século VII. Clóvis e seus sucessores pertenciam à dinastia dos merovíngios, nome dado em homenagem ao avô,  um personagem lendário chamado Meroveu.

Dois séculos depois, o Reino franco  se viu ameaçado em sua fronteira oeste pelo avanço dos muçulmanos, que conquistaram a península Ibérica em 711. Por essa época, o poder dos reis merovíngios estava enfraquecido, pois os sucessores de Clóvis ocuparam-se principalmente de festas, caçadas e torneios de esgrima; por isso ficaram conhecidos como reis indolentes. Quem realmente exercia o poder era o principal funcionário do reino, o majordomus, que era também chefe da nobreza. Em 732, o majordomus Carlos Martel se colocou à frente do exército franco e venceu os muçulmanos na batalha de Poitiers, fortalecendo, assim, a aliança entre o Reino Franco e a Igreja católica.  Em 751, seu filho  Pepino,  derrubou do trono o último soberano merovíngio, Childerico III, e se fez coroar rei dos francos inaugurando a dinastia carolíngia. Pepino foi reconhecido como  rei pelo papa, que assim tornou legítimo o golpe desfechado. O papa, por sua vez, pediu ao rei franco que o defendesse dos lombardos, povo que também era de origem germânica e que, tendo se instalado na península Itálica, ameaçava assaltar Roma, a sede do papado.

À frente de seus cavaleiros, Pepino invadiu a Itália, derrotou os lombardos que ameaçavam Roma e reconheceu o papa como a maior autoridade daquela cidade. Em seguida presenteou a Igreja católica com parte das terras conquistadas na Itália central. Desta doação, originou-se o Patrimônio de São Pedro, também chamado Estados da Igreja, que permaneceram inalterados por mais de mil anos.

O território do Vaticano, sede da Igreja católica, faz parte das terras doadas.

Alto da Basílica de São Pedro – Vaticano – Roma (atual)

Carlos Magno, filho de Pepino, assumiu o trono dos francos em 768 após a morte do pai, dando continuidade à aliança com o papado e à política carolíngia  de conquista de novas terras.

Em 800, o rei franco deslocou suas tropas até Roma para prestar auxílio militar ao papa Leão III, ameaçado pela nobreza local. Em troca, o papa concedeu-lhe o título de Carlos Augusto, imperador dos romanos que não era dado a ninguém desde 476.

A tentativa de restaurar o antigo Império romano do Ocidente atendia a interesses tanto do rei franco quanto do papa. Para Carlos, o título de “Imperador coroado por Deus” consolidava e dava legitimidade às suas conquistas. Para o papa, a criação do novo império reforçava o poder temporal da igreja de Roma, (poder de governar os seres humanos no sentido político, mas não no sentido religioso) cujo braço armado era o exército do imperador. Ao mesmo tempo, a Igreja católica se fortalecia diante do Império bizantino, com o qual tinha divergências.

Carlos Magno, montou um exército bem organizado, que contava com grandes senhores feudais, bem equipados para a guerra. Valendo-se do uso do cavalo como meio de locomoção e como arma de guerra e da melhoria na qualidade das armas, com o emprego crescente do ferro e do aço, venceu diversos povos como os frisões e os saxões, e formou um imenso império.

A batalha de Roncesvalles

Em 778, Carlos Magno e suas tropas invadiram a península Ibérica com a intenção de tomar a cidade de Saragoça, dominada pelos muçulmanos desde 714. Entre suas tropas encontram-se seu sobrinho, Rolando, conde da Bretanha, e os chamados  Doze Pares de França, membros da nobreza que compunham a guarda pessoal do soberano.

Depois de cercar a idade de Saragoça, Carlos Magno foi surpreendido pela notícia de uma revolta contra seus domínios na Saxônia. Ordenou  então que  suas tropas retornassem ao Reino franco para reprimi-la. Na retirada, precisou defender a retaguarda de suas forças dos ataques muçulmanos. Para garantir essa proteção, foram destacados Rolando e os Doze Pares de França.

Ao chegarem aos montes Pirineus, entretanto, na região de fronteira entre a marca Hispânia e o Reino franco, Rolando e seus companheiros foram atacados de surpresa por guerreiros cristãos bascos. que viam os francos como invasores. Os bascos são indivíduos pertencentes a populações que habitam as províncias espanholas de Navarra, Guipúscoa, Álava e Biscaia e as francesas Baixa Navarra, Lapurdi e Sola na região dos montes Pirineus. Encurralados entre os bascos e os muçulmanos num local chamado Roncevaux (em francês) ou Roncesvalles (em espanhol), Rolando e os Doze Pares foram trucidados.

Este episódio inspirou um poema épico escrito no século XI: La chanson de Roland (a canção de Rolando). Nele a participação dos cristãos bascos no episódio e a morte de Rolando foram omitidas. A figura de Rolando foi transformada em exemplo a ser seguido por todos os cavaleiros medievais.

Os Francos – Império Carolíngio - Cronologia

Twit This! |

(768 – 843)

A Carlos, Augusto, coroado por Deus, grande e pacífico imperador dos romanos, vida e vitória!”.

  • 496 – Clóvis, rei dos francos, converte-se ao cristianismo.
  • 511 – Com a morte de Clóvis, da dinastia dos merovíngios, o Reino franco é dividido entre seus quatro filhos.
  • 732 – Conduzido por Carlos Martel, o exército franco vence os muçulmanos na batalha de Poitiers.
  • 751 – O último rei merovíngio é deposto pela nobreza franca. Em seu lugar, sobe ao trono Pepino, o Breve, filho de Carlos Martel.
  • 768 – Com a morte de Pepino, seu filho Carlos Magno assume o reino dos francos.
  • 773 – Carlos Magno anexa territórios da península Itálica.
  • 800 – Carlos Magno recebe do papa o título de Carlos Augusto, imperador dos romanos.
  • 814 – Com a morte de Carlos Magno, seu filho Luís, o Piedoso, assume a chefia do Império carolíngio.
  • 843 – O império carolíngio é dividido entre os três filhos de Luís, o Piedoso.

A sociedade feudal desenvolveu-se no interior dos reinos que os germanos fundaram nas terras conquistadas aos romanos. Quase todos tiveram vida breve. Um, porém, durou e tronou-se poderoso o Reino Franco.

Mulheres muçulmanas

Twit This! |

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005 havia 27 mil muçulmanos no Brasil.

No texto a seguir uma muçulmana brasileira fala um pouco sobre sua religião.

Opressão à mulher é contra o islã

Quem vê a paulistana de família libanesa Magda Aref […] percebe imediatamente que ela é muçulmana – afinal lá está o indefectível véu (infalível, isto é, que não falha nunca, que está sempre presente.) E também logo vê que uma muçulmana que segue à risca seu credo pode, sim, ser uma mulher, como ela diz, “absolutamente normal, que sorri, chora, tem problemas e alegrias, dança, se diverte, sai, estuda, trabalha, tem sua vida social, suas amigas”. “A única diferença, é que cremos num só Deus que adoramos na nossa vida diária, e uma das maneiras de adora-lo está em nossa veste” […]

Nascida em uma família muçulmana não-praticante e adepta fervorosa da religião desde os 14 anos, Magda é a presidente do departamento feminino da Liga da Juventude Islâmica no Brasil. Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), casada, mãe de duas meninas pequenas e professora de islamismo para crianças e mulheres, ela discorre com entusiasmo sobre o papel da mulher no Islã. […]

  • Folha __ O véu é uma imposição?
  • Magda Aref  __ É uma obrigação religiosa, como rezar cinco vezes ao dia, pagar o tributo para ajudar os mais pobres, jejuar no Ramadã. Mas cabe a cada um seguir ou não, pois existem vários mandamentos e nem todos os seguem. O significado do véu é super nobre , é valorizar a mulher nada a ver com repressão. Não é que uma mulher que não esteja vestida assim seja desrespeitada, mas a veste faz com que você coloque um obstáculo em relação ao sexo oposto. Já na frente do seu marido, não tem restrição nenhuma. A mulher muçulmana se arruma da porta de casa para dentro.
  • Folha __ Qual é o papel da mulher no Islã?
  • Aref __  Todo muçulmano, homem ou mulher, é submisso a Deus – eis o princípios do islã. Todas as adorações e obrigações religiosas basicamente são as mesmas para homens e mulheres. A única coisa que é específica para a mulher tem a ver com a sua própria condição fisiológica, que é o fato de ser mãe. O islã sempre insiste nesse ponto: a condição primordial considerada para a mulher é ser uma boa mãe. Mas, além da veste, ele não tem nada de especial em relação a mulher. […]
  • Folha __ Maridos muçulmanos que oprimem suas mulheres podem usar a religião como desculpa? […]
  • Aref __ Se ele fizer isso, mante-la em casa, está desagradando a Deus. Olha como ele mesmo se contradiz. Ninguém pode fazer de ninguém um escravo, ninguém pode manter uma pessoa trancada em casa.

Opressão à mulher é contra islã, diz praticante de São Paulo. Folha de São Paulo. matéria publicada em 11/07/2004.

 

As mil e uma noites

Twit This! |

Quem nunca ouviu falar de Ali baba e os quarenta ladrões ou das aventuras de Aladim e sua lâmpada maravilhosa? Quem nunca desejou embarcar no navio de Simbad, o marujo para uma daquelas viagens maravilhosas, repletas de perigos e mistérios?

Essas e outras aventuras encontram-se reunidas em um livro chamado As mil e uma noites. Várias delas são histórias muito antigas provenientes da Índia, da Pérsia e da península Arábica, onde eram transmitidas oralmente de geração para geração desde antes do nascimento de Maomé. Hoje elas são mundialmente conhecidas por causa de sua divulgação pelos árabes e muçulmanos.

O livro tem esse nome porque um rei chamado  Shahryar que matava suas esposas no dia seguinte ao casamento, um dia se casou com uma princesa lindíssima e muito esperta chamada Sherazade. Sabendo do costume do marido, a princesa começou a contar a ele uma história que não acabava nunca. Interessado e curioso por conhecer o desfecho das aventuras que Sherazade contava, o rei ia adiando o momento de mata-la.  E foi assim que Sherazade se salvou e viveu feliz para sempre ao lado do rei, que acabou percebendo que o melhor mesmo era desfrutar do amor de sua linda princesa.

 

Simbad a lenda dos sete mares (inglês)

A expansão do Islã

Twit This! |

Unidos em torno de sua crença e estimulados pelo preceito da defesa de sua religião, os muçulmanos expandiram seus territórios para muito além da península Arábica. Em menos de um século, conquistaram regiões que iam da Índia até a península Ibérica, passando pelo norte da África. A conquista de terras e pontos-chave do comércio internacional pelos árabes se deu numa velocidade espantosa. Em cem anos – a contar da morte de Maomé – formaram um império imenso. O comércio árabe cresceu de modo extraordinário. Agindo como intermediários entre o Oriente e o Ocidente, os árabes transportavam e vendiam sobretudo artigos de luxo, como tapetes, sedas, armas, móveis, jóias e especiarias do Oriente (pimenta, cravo, canela, mostarda etc).

Suas caravanas com milhares de camelos, levavam artigos da Índia, da China até os portos do Mediterrâneo, como Alexandria e Trípoli no Egito. De lá as mercadorias chegavam por mar a diversos pontos da Europa.

Além de comerciar, os árabes também produziam. Era grande  o número de oficinas nas principais cidades do império. Damasco, na Síria, era conhecida por seu tecido estampado; Marrocos, no norte da África, era famosa por sua produção de couro; Bagdá, a  atual capital do Iraque, era especialista na produção de vidros, jóias e sedas. Eles aperfeiçoaram também técnicas de irrigação e conseguiram transformar terras secas, como as de Valência, na Espanha, em áreas férteis de produção diversificada.

Entre os gêneros agrícolas que a Europa medieval conheceu por intermédio dos árabes, estão o café, a cana-de-açúcar, o algodão, o pêssego e o espinafre.

A expansão deu aos muçulmanos o domínio de uma grande extensão territorial. Mas não havia acordo entre eles sobre a forma de governar esse império. Alguns queriam que todos os territórios conquistados estivessem sob o controle do califa, estabelecido na cidade árabe de Bagdá. Outros queriam a autonomia dos novos territórios, como era o caso de Abd-er Rahman, o emir de Córdoba, na península Ibérica, na segunda metade do século VIII. Ele achava que seu governo sobre al-Andaluz, nome dado então pelos muçulmanos à atual Espanha, não devia prestar contas ao califado de Bagdá.

Tais diferenças acabaram levando à divisão do Império islâmico em vários califados (reinos) independentes no decorrer do século VIII.

trecho extraído de : BOULOS JUNIOR, Alfredo.coleção História Sociedade & Cidadania

A cultura islâmica

A civilização árabe foi, sobretudo, urbana. A riqueza das cidades árabes medievais, como Córdoba e Granada, na atual Espanha, Cairo e Marrakech, na África, Damasco e Bagdá, na Ásia, provinha principalmente do comércio. Juntamente com o comércio, os árabes promoveram a circulação de idéias e conhecimentos. Foram eles que introduziram na Europa a bússola, o papel e a pólvora, inventados pelos chineses. Além disso, produziram conhecimento, sobretudo no campo da medicina, da matemática e da química.

Na medicina descobriram o contágio por meio da água, da comida e das roupas e identificaram as causas de várias doenças contagiosas, como a varíola e o sarampo.

Os árabes e a medicina

Ter um filho médico é ainda hoje motivo de grande orgulho para a mãe árabe. O motivo é simples: o gosto pela medicina e o prestígio do médico entre os árabes são milenares. Veja o que diz um historiador.

Os doutores em medicina eram pessoas de grande importância nas sociedades muçulmanas. (…)

Fachada do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo

Os princípios da arte médica islâmica foram expostos em duas grandes obras médicas de síntese – o Hawi (Livro abrangente), de Abu Bakr M. al-Rasi (863-925) e o Quanum (Princípio de medicina), de Ibn Sina (Avicena). Apesar de apoiarem-se nos trabalhos de grandes cientistas, estas obras levaram a arte da medicina mais adiante; o livro de Ibn Sina, traduzido para o latim, iria ser o principal manual de medicina europeu até, pelo menos, o século XVI.

A medicina, como os médicos [árabes] muçulmanos a entendiam, devia ser ensinada não nas escolas, mas nos hospitais que existiam nas grandes cidades. Foi como praticantes da arte da cura que os médicos muçulmanos deram suas mais importantes contribuições. Levaram adiante as técnicas de cirurgia. Observaram o desenvolvimento das doenças e descreveram-nas; Ibn al kathib (1313-1374) foi talvez o primeiro a compreender o modo como a peste se espalhava por contágio. Já se disse que a farmácia como instituição é uma invenção islâmica.

(HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. p. 209-10. Adaptado.)

Matemática

Na matemática, os árabes desenvolveram a aritmética e divulgaram os algarismos indo-arábicos. Os números que usamos no dia-a-dia são chamados indo-arábicos por terem sido trazidos da Índia pelos árabes. Foi o matemático árabe Al-khwarismi quem primeiramente os utilizou. Imagine como daria trabalho fazer uma simples conta de subtrair usando os algarismos romanos:

CXX – XXXII = LXXXVIII

120 – 32 = 88

Os árabes também foram os criadores do número zero, a partir do  qual se construiu o sistema decimal.

Veja o que um historiador diz sobre o assunto:

No mundo moderno é difícil imaginar um sistema numérico sem o zero. Sem ele todo o conceito da matemática abstrata seria impossível, uma vez que nos possibilita expressar a diferença entre duas quantidades iguais, como : 2 – 2 = 0. O zero é também fundamental para muitas outras ciências inclusive a física, a química e a astronomia. Os sábios islâmicos representaram o conceito de zero com um ponto ou um pequeno círculo. Sua palavra para esse círculo era sifr, que indicava algo vazio. Quando passada para o latim, tornou-se zephirum e mais tarde, em italiano zero. O português reteve-se como zero, conservando também a palavra original árabe sifr, como cifra.

Na química descobriram novos compostos, como o álcool e o ácido sulfúrico, que têm várias aplicações na indústria.

Na literatura, os árabes muçulmanos revelaram-se imaginosos como se pode concluir, lendo As mil e uma noites, uma coletânea de histórias mundialmente conhecida.

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo: coleção História Sociedade & Cidadania

Os líderes do islamismo

Twit This! |

  • Aiatolá: O termo vem do árabe ayat allah (manifestação de Deus) e surgiu no Irã, no século XIX. Ele designava os juristas mais graduados, os maiorais da hierarquia dos mulá  (estudiosos do islamismo) O aiatolá é a principal referência da comunidade xiita.
  • Califa: Do árabe Khalifah, que quer dizer sucessor […] A palavra passou a designar o líder político e religioso dos Estados que formavam o Império islâmico.[…]
  • Emir: Título não religioso atribuído a lideranças militares, governadores e outras autoridades. Surgiu da palavra árabe Amir, que significa comandante ou príncipe. […]
  • Marajá e rajá: No século XII, os rajás eram os chefes de pequenos Estados que formavam a Índia. A palavra vem do sânscrito rajan, rei. Os reinos eram controlados por um poder central chefiado pelo marajá, que significa grande rei. Quando os muçulmanos invadiram a região da Índia, os chefes foram depostos. Os invasores assumiram os governos e os títulos.
  • Sultão: Do árabe sultan, que significa potência, esse título é dado a qualquer um que tenha autoridade política. É usado por soberanos de países do mundo islâmico, como Omã e Brunei. No século XI, quando o califado começou a se fragmentar, os sultões passaram a governar os pequenos reinos que surgiram.
  • Vizir: O termo quer dizer “aquele que ajuda a carregar o peso” e vem do árabe wazir. A função surgiu no século VIII. Cabia ao vizir ficar entre o califa e o povo. Mais tarde, o título foi estendido a todos os integrantes do ministério até os oficiais e governadores. Durante o Império otomano, o representante do califa era chamado de grão-vizir para diferenciá-lo dos demais vizires.
  • xah que quer dizer rei, o termo tem origem persa: . Desde o século VI antes de Cristo os líderes políticos da Pérsia, atual Irã, recebiam essa denominação. O título foi usado até 1979, quando a revolução islâmica no Irã instituiu o governo do aiatolá.
  • Xeque: A denominação pode ser usada por qualquer pessoa que tenha autoridade religiosa. Vem do árabe shaykh, que significa ancião.

Principais autoridades do Império turco-otomano em gravura do francês Jean Brindesi (1855): Mahmoud II, sultão; Kehaya-Bey, ministro do Interior;e Sadr’Azam, grão-vizir

DUARTE, Marcelo. Guia dos curiosos. www.guiados curiosos.com.br/index.php?cat_id=53355

 

Technorati Marcas:

Hora do Planeta

Twit This! |

NÃO SE ESQUEÇA, APAGUE AS LUZES DE SUA SALA DAS 20:30 ÀS 21:30 hs. É AMANHÃ!

DIVULGUE!

Os sucessores de Maomé

Twit This! |

Depois de Hégira, Maomé passou a governar Yatreb. Seus seguidores empreenderam várias batalhas contra os habitantes de Meca. Apenas em 630, os muçulmanos conquistaram a cidade de Meca, onde assumiram o poder e destruíram os ídolos da Caaba.

Com a morte de Maomé, em 632 os primeiros califas (do árabe halifa, “sucessor”, “soberano” partiram para a conquista de terras e homens para o islamismo.Os muçulmanos, então sofreram sua primeira divisão. Uma parte deles, os xiitas, acreditava que a liderança político-religiosa dos muçulmanos deveria ser exercida por pessoas da família do profeta. Dessa forma, os sucessores de Maomé (ou califas) deveriam ser seu genro Ali ibn Abu Talib e seus descendentes.

Os sunitas foram contrários a essa proposta. Para eles. Maomé não havia deixado sucessores, e os muçulmanos eram livres para escolher seus governantes. Essa disputa impediu que Ali ibn Abu Talib assumisse imediatamente o cargo. Para chegar ao califado, esperou mais de vinte anos, assumindo o posto apenas em 656, quando se tornou o quarto califa.

Além dos sunitas e xiitas, os muçulmanos estão divididos em vários outros grupos religiosos.

As terras do Oriente Médio e do norte da África foram tomadas dos persas e dos bizantinos; as da península Ibérica foram conquistadas aos visigodos. Quando, em 732, na batalha de Poitiers, os francos barraram o avanço árabe na Europa Ocidental, O Império Islâmico era enorme. O mar Mediterrâneo era totalmente controlado por muçulmanos, a ponto de o historiador árabe Ibn Khandun dizer: “No Mediterrâneo os cristãos não conseguem fazer flutuar sequer uma tábua”

Alcorão ou Corão

Twit This! |

Maomé não deixou nada escrito. Após sua morte, seu sucessor imediato Abu Bakr, ordenou que se reunisse todas as anotações que estavam espalhadas por diferentes lugares. Assim, duas décadas após a morte do líder árabe, tínhamos a versão do Corão considerada definitiva.

Alcorão ou Corão, teve seu nome derivado do árabe al-qura’n –’o que deve ser lido’. Os muçulmanos acreditam que o conteúdo foi revelado pelo anjo Gabriel a Maomé e escrito por seus seguidores. Além do Alcorão, os muçulmanos seguem a Suna, livro criado no século VIII com base nas palavras e feitos de Maomé e de seus quatro primeiros sucessores.

De acordo com esses textos sagrados, os muçulmanos devem declarar publicamente sua crença em um único Deus e em seu profeta, Maomé, dar esmolas para a purificação de suas riquezas (zakat), jejuar do nascer ao pôr do Sol durante o nono mês do calendário muçulmano (Ramadã) e ir a Meca ao menos uma vez na vida. Os muçulmanos devem ainda fazer uma oração conhecida como salat cinco vezes ao dia (ao nascer do Sol, ao meio-dia, no meio da tarde, ao pôr-do-sol e à noite), com o corpo voltado para Meca e o rosto inclinado para o chão.

  Salat

A Ablução - Corão

Ó vós que sois crentes! Quando vos dispuserdes à Oração, lavai o rosto e as mãos até os cotovelos! Passai a mão pela cabeça e os pés até os tornozelos!

Se estais sujos, purificai-vos!…e, se não encontrardes água, recorrei a boa areia e passai-a sobre o rosto e as mãos!

*******************************************************

Não chegareis à piedade senão quando tiverdes feito esmola daquilo a que tenhais mais apego[…]

Ó vós que sois crentes! O jejum vos foi prescrito, como foi prescrito àqueles que existiram antes de vós […] para os homens […].

Aquele que entre vós, que esteja doente ou em viagem, jejuará um número igual de outros dias.

Corão. In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., 1, p. 120.

O Corão, livro sagrado dos muçulmanos. Nele encontramos não somente os relatos sobre a vida e as ações do profeta Maomé, mas também os preceitos de ordem prática, regras de vida social, do direito, etc. O muçulmanos regulam sua vida religiosa, familiar e comunitária pelo Corão.

(BELTRÃO, Claudia. Os árabes na Idade Média – Os senhores do deserto. p. 15.)

Ao todo o Corão possui 114 suras (capítulos) e mais de 6.200 versículos. O Corão foi traduzido para línguas do mundo inteiro.

  • Versículo: cada um dos parágrafos curtos que fazem parte de um texto considerado sagrado.

Tendências Teológicas e doutrinas

A teologia e filosofia é um esforço de esclarecimento racional e de defesa da fé. Os pensadores muçulmanos mantém uma posição intermediária entre os tradicionalistas, que se prendem às expressões literais das primeiras fontes da doutrina islâmica, e aqueles cuja razão os levou a abandonar completamente a comunidade islâmica. No princípio, a teologia ligou-se à mera interpretação do Alcorão. Já no século seguinte a  Maomé formularam-se problemas relacionados ao dogma da unidade  de Deus e à conciliação entre a onipotência divina e a liberdade humana.

 

A península Arábica no século VII

Twit This! |

Os árabes, assim como os judeus e os fenícios, são povos de origem semita.

Na península Arábica, o clima é quente e seco. O território é formado por planícies áridas ou desertos enormes pontilhados de pequenas áreas cobertas de vegetação, os oásis. A presença humana nesta península é muito antiga.

Até o século VII, os povos árabes viviam dispersos pela península Arábica, cada qual com seus líderes e seu modo de viver.

No deserto viviam grupos Nômades, que criavam camelos, carneiros e cabras, andavam armados e eram conhecidos como beduínos. Muitas vezes guerreavam entre si pelos oásis. Os valores apreciados pelos beduínos eram a coragem, a hospitalidade e a lealdade à família.

Em torno dos oásis, moravam os agricultores. Habitavam aldeias e cultivavam plantas, como a palmeira e a tamareira, e cereais, como o trigo. Já os artesãos e os comerciantes residiam nas vilas e cidades. As maiores cidades da Arábia, como Meca e Yatreb, ficavam no sudoeste, a região mais fértil da península.

As origens do Islamismo

Maomé, o fundador do Islamismo, nasceu na cidade de Meca, na península Arábica, por volta de 570. Em sua tribo, a religião praticada era politeísta: havia vários deuses e as pessoas adoravam ídolos. Durante boa parte de sua vida, foi condutor de caravanas que atravessavam o deserto. Nessas viagens, entrou em contato com outros povos e com adeptos do judaísmo e do cristianismo.

Segundo a crença muçulmana, em 610 Maomé teve uma visão  do anjo Gabriel – o mesmo que, de acordo com a crença cristã, anunciou a Maria que ela seria mãe de Jesus. O anjo teria lhe dito que “havia só um Deus e um só profeta, Maomé”.

Profundamente impressionado com a visão, Maomé começou a pregar uma nova religião, o islã, que fundia crenças árabes com elementos retirados do cristianismo e do judaísmo. Essas pregações logo conquistaram adeptos. Mas também atraíram inimigos. A maioria das tribos árabes da região acreditava em muitos deuses e adorava seus ídolos em um santuário de Meca conhecido como Caaba.

Por essa época, Meca era um centro comercial importante. Muitas pessoas iam lá para comprar ou vender produtos e também para adorar seus ídolos. Em suas pregações Maomé condenava esse culto e pregava a existência de um só Deus, o que descontentava muitos comerciantes da cidade. Segundo eles, o comércio seria prejudicado, pois muita gente deixaria de ir à cidade para adorar seus ídolos e fazer compras.

Os comerciantes chegaram a fazer um plano para matar Maomé. Mas o profeta ficou sabendo e, em 622, fugiu de Meca com muitos de seus seguidores. Foram todos para a cidade de Yatreb, onde converteram muitas pessoas à sua religião.

Esse acontecimento é visto pelos muçulmanos como o momento inicial do islamismo, conhecido como Hégira (do árabe Hidjra, que significa ‘fuga’ ou ‘emigração’). Yatreb, por sua vez, passou a se chamar Medina, que quer dizer ‘cidade do profeta’.

Pouco a pouco, o poder de Maomé se espalhou do oásis para o deserto conquistando os beduínos. Convencidos de que lutavam  tendo Deus e os anjos ao seu lado, Maomé e seus seguidores decidiram propagar a nova religião com uma “guerra santa”, a jihad.

Inicialmente, Maomé e seus seguidores conquistaram Meca, entregue quase sem resistência por seus líderes. Ele reservou para si a guarda do templo e ordenou a destruição das imagens dos deuses locais. A caaba, no entanto, foi conservada, e, desde então, Meca tornou-se a cidade santa da fé muçulmana. Era o ano de 630, que pode ser considerado como o do nascimento do Islão. Medina continuou como capital política e resistência do líder árabe, que em pouco tempo, passou a comandar uma vasta região da Arábia. Seu exército era formado por crentes, e o tesouro público era abastecido por doações em dinheiro e impostos cobrados dos que se convertiam.

Em 632, ano de sua morte. Maomé fez uma última visita a Meca, ocasião em que deixou a seus seguidores uma mensagem fraterna e, ao mesmo tempo, guerreira:

“Sabei que todo muçulmano é irmão do outro, e que mulçumanos são irmãos (…) os mulçumanos devem combater todos os homens, até que digam: só há um Deus”.

(HOURANI, Albert. Uma história dos povos árabes. p.36. Adaptado)

Por ocasião da morte de Maomé, os povos tinham superado muitas de suas antigas rivalidades e tinham na fé maometana um ponto forte de união.

Meca, berço do islamismo

É comum ouvirmos expressões como “Hollywood é a Meca do cinema”, Paris é a Meca da cultura”. Meca acabou se tornando sinônimo de lugar que atrai muitas pessoas que compartilham de um mesmo objetivo.

A verdadeira Meca é uma cidade encravada entre as montanhas e o deserto e considerada sagrada pelos seguidores de uma religião criada pelos árabes, o islamismo. No início do século VII da nossa era, Meca era o principal centro religioso da Arábia. Todos os anos, durante alguns meses, os árabes suspendiam qualquer tipo de hostilidade para ir a Meca orar, pedir e agradecer. As preces eram feitas num templo religioso, a caaba, onde fica uma enorme pedra negra, que eles consideram sagrada. O templo abrigava também centenas de imagens de deuses já que, na época, os árabes eram politeístas. O comércio de Meca era controlado por ricos comerciantes da tribo coraixita, que administravam também seu templo. Foi justamente nesta cidade que nasceu Maomé, o criador do islamismo.

milhares de fiéis oram ao redor da pedra negra, na caaba, em Meca

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo. Coleção História Sociedade e Cidadania.

As sociedades Muçulmanas - Cronologia

Twit This! |

Peregrinos durante prece coletiva,  Meca, o berço do Islamismo

(séculos VII – VIII)

A palavra islamismo vem do árabe islã, que significa ‘submissão a al Ilah (Alá)’, um Deus único e sem forma física. O islamismo, uma religião monoteísta, foi criado em 622 pelo árabe Abulgasim Mohamed ibn Abdala ibn Abd al-Mutalib ibn Hashin, mais conhecido como Maomé. Os seguidores do islamismo são chamados de mulçumanos, palavra que deriva do persa muslimãn.

O islamismo tem hoje cerca de 1,2 bilhão de adeptos no mundo. É a religião com maior número e fiéis, à frente do catolicismo que reúne 1 bilhão de pessoas. Se considerarmos todas as religiões cristãs (catolicismo, igrejas protestantes e igrejas ortodoxas) como uma só religião, com cerca de 2,1 bilhões de seguidores, o islamismo torna-se a segunda maior religião do mundo.

Cronologia

  • 570  Data provável de nascimento do profeta Maomé.
  • 610  Data provável em que, segundo os muçulmanos, o anjo   Gabriel teria aparecido a Maomé.
  •   Maomé começa a pregar suas crenças.
  • 622  Maomé e seus seguidores abandonam Meca e se     estabelecem em Yatreb. Criação do islamismo.
  •   Maomé e seus seguidores conquistam Meca.
  • 632 Morre Maomé; seus seguidores se dividem em várias seitas das quais as mais importantes são a dos xiitas e a dos sunitas.

A civilização árabe-muçulmana nasceu na Arábia, extensa península banhada pelo mar Vermelho, a oeste; Golfo Pérsico, a leste; e mar Arábico, ao sul.

Declínio e queda do Império Bizantino

Twit This! |

A partir do século XI, o império Bizantino voltou a declinar. Entre as diversas razões de seu declínio, podemos citar:

  • os enormes gastos militares para defender as fronteiras, ameaçadas pelos sérvios, nos Balcãs, pelos normandos, no sul da Itália, e pelos turcos otomanos , na Síria e na Ásia Menor;
  • as violentas disputas pelo poder entre civis e militares;
  • a perseguição aos que não seguiam a religião do Império.

 

 Hagia Sophia, Basílica de Santa Sofia, construída em Constantinopla pelo Imperador Justiniano (527 – 565) atual Istambul

Assim aos poucos, o Império Bizantino foi se desintegrando e perdendo prestígio. No século XIV, os turcos otomanos conquistaram a Ásia Menor e a península Balcânica. O Império Bizantino ficou reduzido, então, a uma única cidade: Constantinopla. Em 1453, os turcos otomanos cercaram a capital bizantina por terra e por mar e venceram sua resistência com balas de canhão, armamento moderníssimo naquela época. Era o fim do Império Bizantino. Sob o domínio turco, Constantinopla passou a se chamar Istambul, nome que mantém até hoje. Atualmente Istambul pertence à parte européia da Turquia.

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo – Coleção História Sociedade e Cidadania

O casamento e a família

Twit This! |

No Império romano, a lei civil (…) fixava uma idade mínima para que o casamento fosse realizado: 12 anos para as meninas e 14 anos para os rapazes.

Os casamentos geralmente eram combinados pelas famílias e é curioso perceber a presença de intermediários, agentes matrimoniais que, mediante pagamento, conseguiam “bons partidos” às famílias interessadas e “bons dotes” à família do noivo.

A cerimônia nupcial era solene: o noivo acompanhado por músicos e cantores, buscava a noiva em sua casa e dirigiam-se juntos à igreja, com numerosos acompanhantes, sob uma chuva de rosas e violetas. Na igreja, após a cerimônia religiosa, os noivos eram coroados e trocavam-se as alianças. Em seguida, os noivos e convidados participavam do banquete na casa do noivo. (Homens e mulheres comiam separados para dar sorte.)

O marido era o chefe e protetor da família. (…) Era ele quem deveria manter a família. A mulher vivia principalmente no giniceu, cuidando dos afazeres domésticos e das crianças. Quando era rica, a mulher coordenava uma verdadeira corte de servidores livres, escravos (…). Raramente a mulher casada saía de sua casa; quando o fazia cobria a cabeça com um véu, por exemplo quando se dirigia à igreja ou aos banhos públicos (que tinham horários reservados às mulheres). As mulheres das camadas mais populares não viviam tão reclusas. Algumas trabalhavam fora e havia muitas atrizes, bailarinas, cantoras e flautistas. A mais famosa dessas “artistas” bizantinas foi Teodora, que se tornou imperatriz ao se casar com Justiniano.

Um grande acontecimento para a família bizantina era o nascimento de uma criança, ficando a casa repleta de parentes e amigos. Uma semana após seu nascimento, a criança era levada à igreja por seu padrinho para ser batizada. Era o padrinho quem escolhia o nome da criança, quase sempre o nome de um santo do qual era devoto. O padrinho era, também o tutor legal imediato da criança, na falta do pai.

(BELTRÃO, Claudia. O mundo bizantino. São Paulo. FTD,2000. p. 48-9)

Technorati Marcas:

Império romano do Oriente – Livro do Perfeito, século X

Twit This! |

No império bizantino, o governo controlava diretamente toda a vida econômica. Assim o fabrico de tecidos de luxo e de armas, por exemplo era organizado pelo Estado e as atividades comerciais e artesanais estavam rigidamente regulamentadas. O texto a seguir apresenta trechos de um documento que estabelecia regras muito claras para o comércio de seda.  Tratava-se de um artigo de luxo que obtinha altos preços no mercado, e o governo bizantino tinha interesse em manter seu comércio sob controle. A seda crua vinha da China por uma longa estrada conhecida como Rota da Seda.

Regras:

  • Os mercadores de seda crua não podem exercer qualquer outra profissão, mas têm que praticar a sua publicamente, no lugar para eles estabelecido. […]
  • Aqueles que vierem de fora (estrangeiros) para os mitata (albergues) com seda crua não terão de pagar tributos, exceto pela renda e alojamento; da mesma maneira, aqueles que lhes fizerem compras não serão obrigados ao pagamento de impostos.
  • Quem quer que esteja para ser admitido [na guilda] (associação de comerciantes) dos mercadores de seda crua deverá obter o testemunho de homens honrados. […]
  • Os mercadores de seda crua não devem vender seda por lavar em suas casas, mas no mercado, de maneira que a seda não possa ser enviada secretamente àqueles que estão proibidos de a comprar. […]
  • Os mercadores de seda crua não deverão ter licença para fiar a seda, mas apenas para comprar e vender. […]
  • Os mercadores de seda crua não deverão vender a seda a judeus ou a [outros] mercadores para revenda fora da cidade.

Livro do Perfeito. In:FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., 1, p.117.

 

A prática do comércio, século XIV

O comércio era intenso no Império bizantino. Na costa leste do mar Negro, a cidade de Trebizonda se abria para as caravanas de mercadores que vinham da Ásia. Um pouco mais para oeste, também no mar Negro, a cidade de Quersonéia recebia produtos provenientes do norte da Europa. Já o comércio com as cidades da península Itálica, sobretudo Gênova e Veneza, era feito diretamente em Constantinopla. O texto a seguir faz referência à importância desse comércio.

Direitos que se pagam em Constantinopla, na alfândega do Imperador, pelos gêneros que os mercadores trazem e levam:

Os genoveses e os venezianos têm entrada e saída francas, não pagam nada. […]

Os florentinos, provençais, catalães, sicilianos e todos os outros estrangeiros pagam 2% ao entrar e 2% […] ao partir; são obrigados a pagar ao mesmo tempo a entrada e a saída.

PEGOLOTTI, Francesco Balduci. La pratica della mercatura. In: FREITAS, Gustavo de . 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., v. I,p. 117-8

HORA DO PLANETA

Twit This! |

Vote pelo planeta!

Para nos ajudar a reunir 1 bilhão de mensagens sobre o aquecimento global, você pode:
Essa é a primeira eleição que acontece simultaneamente no mundo inteiro. No páreo, estão o nosso planeta e o aquecimento global. Para quem você vai dar seu voto?

No dia 28 de março, você pode dar seu voto pela terra, contra o aquecimento global, com um gesto simples: apague a luz da sua sala.
Ao desligar o interruptor, você já está dando o seu voto. Os resultados dessa grande eleição mundial serão apresentados na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, que acontece em Copenhagen, em dezembro desse ano. Nós queremos reunir 1 bilhão de votos pelo planeta, para mostrar aos nossos líderes que precisamos agir contra o aquecimento global. Por isso, cada voto é importante, inclusive o seu!

mais informações clique aqui…

O Império se expande

Twit This! |

O império romano do Oriente atingiu seu momento de maior grandeza sob o governo de Justiniano (527-565) e de sua mulher, a ex atriz Teodora. Internamente, esse governo reuniu todas as leis do Direito romano no Corpus Juris Civilis ( Corpo de Direito Civil),  obra extensa, composta de quatro partes:

  • Código de Justiniano:coletânea de toda a legislação romana  revisada;
  • Digesto: conjunto de pareceres dos magistrados romanos;
  • Institutas: livro para estudantes de Direito;
  • Novelas: novas leis elaboradas por Justiniano.

O Corpus Juris Civilis é a base dos atuais códigos de Direito.

Externamente, sua grande realização foi  tentativa de restaurar a unidade territorial do antigo Império romano, Por isso, mobilizou suas forças militares e conquistou sucessivamente o norte da África, todo o território da península Itálica e parte da península Ibérica. Ao mesmo tempo, o governo de Justiniano estabeleceu acordos com os governantes do Império persa sassânida, aos quais passou a pagar impostos para que as tropas persas não atacassem Constantinopla.

A Revolta de Nika

Tão logo chegou ao poder, em 527, Justiniano começou a pôr em prática seu plano de restaurar o antigo Império romano em toda a sua extensão. Para isso, fortificou as fronteiras de seu próprio império e reequipou o exército, preparando-o para as conquistas que estavam por vir. Ora, esses preparativos exigiam recursos. Para obtê-los, o imperador aumentou os impostos e criou novas taxas a serem pagas pela população, provocando forte descontentamento.

O hipódromo de Constantinopla atraía milhares de pessoas não só por servir à diversão, mas também porque lá se distribuía comida gratuitamente ao público, como no Coliseu em Roma. No segundo domingo de janeiro de 532, o hipódromo estava lotado. Sua capacidade era para 60 mil pessoas. O público acompanhava a corrida dividido em duas grandes torcidas: uma apoiava os Verdes e a outra, os Azuis. Estes eram os nomes dos dois principais partidos políticos da cidade. Ambos exibiam suas bandeiras e ensaiavam seus hinos. O imperador também estava presente. Ele e a imperatriz Teodora eram torcedores dos Azuis.

Torcer contra o time do imperador era uma forma de oposição política. Não se sabe bem por que, ao final de uma das corridas, os Verdes aproveitaram para fazer uma série de reclamações ao imperador. Reclamavam, sobretudo, do abuso de autoridade por parte dos funcionários do governo e dos impostos elevados.

O imperador tentou contornar a situação, mas não foi feliz: a população, aos gritos de Nika! Nika! (Vitória! Vitória!), marchou sobre o palácio imperial.  Travaram-se então combates sangrentos entre os soldados e as forças populares, e vários edifícios foram queimados.

Vendo-se ameaçado, Justiniano decidiu fugir levando consigo as riquezas do tesouro imperial. Contam que, naquele momento, Teodora convenceu-o a voltar. Justiniano voltou e ordenou ao general Belisário que reprimisse o movimento. A repressão foi brutal: milhares de rebeldes alojados no hipódromo foram cercados e mortos. Era o fim da revolta popular de Nika.

Com a morte de Justiniano, em 565. o império bizantino entrou em um período de longo declínio. No começo do século VII, algumas de suas províncias, como a Síria, a Palestina e o Egito, foram ocupadas pelos persas. Mas a partir de 636 eles seriam ocupados por um novo inimigo os árabes mulçumanos, que também conquistariam o norte da África e a península Ibérica.

Mais tarde, os bizantinos foram expulsos também da península Itálica, que passou o controle de outros povos. Em 1204, uma cruzada financiada pela cidade de Veneza, na península Itálica, invadiu Constantinopla e saqueou boa parte de seus tesouros. E, 1453, finalmente, a cidade foi ocupada pelos turcos-otomanos, seguidores do islamismo, depois de um cerco que durou quase dois meses. Era o fim do Império romano do Oriente.

 

Constantinopla

Twit This! |

Constantino, que governou entre 313 e 337, chamou-a de Nova Roma e para lá transferiu a sede do Império romano. A cidade, entretanto logo passou a ser chamada de Constantinopla, em homenagem a seu criador. Constantino morreu em 337 e seus sucessores trouxeram de volta a capital do Império para a península Itálica. Em 395, o Imperador Teodósio, às vésperas da morte, dividiu o Império em duas partes e entregou-as a seus filhos, Honório e Arcádio.

Ao primeiro coube o Império romano do Ocidente, com sede em Milão e depois em Ravena. Ao segundo, o Império romano do Oriente, que passou a ser chamado de Império bizantino a partir do século XIV. Séculos depois, Constantinopla, a capital, foi rebatizada com o nome de Istambul, que conserva até hoje.

Cidade de Istambul na Turquia (hoje)

Menos de um século depois da morte de Teodósio, o Império do Ocidente desmoronou. Em contrapartida o Império do Oriente se manteve relativamente estável e chegou a se expandir entre 527 e 565. Durante o século VII, sob o governo de Heráclito (610-641), o latim foi oficialmente substituído pelo grego como língua oficial do Império romano do Oriente. Com tudo isso, o título latino de “Augusto” dado ao imperador foi substituído por “basileu” que em grego significa ‘rei’.

A fama de Constantinopla devia-se principalmente ao seu intenso comércio. A cidade era o ponto de encontro de pessoas e mercadorias de várias partes do mundo. Conhecida como “Porta do Oriente”, recebia da China a seda. De outras partes do Oriente, como a Índia e o Ceilão, vinham as famosas especiarias (cravo, mostarda, noz-moscada, pimenta-do-reino) e os artigos de luxo. Esses produtos todos mais os brocados ( ricos tecidos de seda), as jóias e as imagens religiosas – artigos fabricados pelos artesãos bizantinos, eram exportados para o Ocidente com grande lucro.

Constantinopla foi a cidade da Europa medieval que melhor impressionou os viajantes do Ocidente.

Constantinopla se tornou conhecida também pela diversidade de povos e culturas que abrigava. Ali falava-se grego, mas nas ruas era comum se ouvir árabe, aramaico, hebraico, persa e outras línguas.

A capital do Império era também importante centro financeiro. Com freqüência, hospedava grande número de estrangeiros que vinham trocar suas moedas pela moeda de ouro bizantina. O império possuía também outras cidades prósperas, como , por exemplo, Alexandria.

Um poder absoluto

No Império bizantino, o poder do imperador era praticamente ilimitado. Segundo a crença da época, esse poder lhe havia sido concedido diretamente por Deus. Não havia separação entre o Estado e a igreja cristã. Embora a figura principal da Igreja fosse o patriarca, que era o cargo mais alto da igreja de Constantinopla, o imperador era seu sumo sacerdote e podia interferir em assuntos religiosos e até nomear o patriarca, a escolha devia ser feita a partir de uma lista tríplice proposta pelos bispos. Mas às vezes, o imperador recusava os três nomes apresentados e indicava uma quarta pessoa, por ser ela de sua inteira confiança. O patriarca além de ser a maior autoridade depois do imperador, era também auxiliar e conselheiro do governo. Por isso se diz que o Império Bizantino era uma teocracia – do grego theo (Deus), kratia (governo). Para os bizantinos, a autoridade, vinda de Deus, devia ser exercida pelo imperador na Terra. Esse tipo de organização do poder, no qual a autoridade política e a autoridade religiosa eram exercidas pelo imperador, ficaria conhecido mais tarde  como cesaripapismo ou cesaropapismo.

No império bizantino, os ícones (imagens pintadas ou esculpidas de Cristo, da Virgem e dos Santos) tinham papel importante: serviam como estímulo para a devoção Os principais fabricantes de ícones eram os monges.

Em 726, o imperador Leão III, descontente com o crescente prestígio e riqueza dos monges, negou a validade dos ícones e mandou destruir a imagem de Cristo sobre o portão do seu palácio. Isto gerou violenta reação popular, que deixou mortos e feridos. Mesmo assim, o imperador proibiu o culto às imagens sagradas e a presença destas nas igrejas. Por isso o imperador e seus seguidores ficaram conhecidos como iconoclastas, aqueles que negam o valor religioso dos ícones.

A proibição do imperador atingiu fortemente os monges, os maiores fabricantes de ícones. Os monges reagiram liderando revoltas populares contra o império. O imperador, por sua vez, passou a perseguir os veneradores de imagens, sobretudo os monges; vários mosteiros foram demolidos, e seus habitantes presos ou mortos. O papa Gregório III interveio na disputa excomungando os iconoclastas. Depois de vários conflitos, a imperatriz Irene restabeleceu o culto às imagens, diminuindo as tensões.

O poder dos imperadores bizantinos sobre assuntos religiosos não era visto com bons olhos pelo papa, chefe da igreja de Roma. Assim pouco a pouco, as igrejas de Roma e de Constantinopla, que antes faziam parte de uma única instituição, foram se afastando uma da outra. Em 1054, o patriarca de Constantinopla rejeitou a supremacia do papa. Em represália, o papa o excomungou. A separação, conhecida como Grande Cisma ou Cisma do Oriente, tornou-se definitiva. Surgiram, então duas igrejas independentes: a igreja cristã do Oriente, mais conhecida como Igreja Ortodoxa, e a Igreja católica apostólica romana.

Na época, o cristianismo dos bizantinos já tinha se diferenciado bastante do que se praticava no Ocidente: a língua da missa era o grego, os rituais apelavam aos sentimentos, e não se aceitava a idéia da existência do purgatório. Este cristianismo peculiar foi se expandindo junto com as fronteiras do império: os bizantinos conseguiram converter alguns povos eslavos,  como os russos e os húngaros, ao cristianismo.

A arte bizantina também é fortemente marcada pela religião. Por isso não é de se estranhar que a decoração das igrejas bizantinas retrate figuras e passagens da Bíblia na forma de pinturas e mosaicos.

Os bizantinos usavam a técnica de mosaicos para decorar o interior das igrejas.  As figuras dos mosaicos são feitas de modo a serem imediatamente reconhecíveis quando vistas à distância. Por isso, só quando nos aproximamos deles é que ficam evidentes as pedrinhas ou vidrinhos usados na sua elaboração. Embora as figuras dos mosaicos pareçam bem simples, a sua construção exige planejamento prévio e paciência.

Os mosaicos tinham o objetivo de envolver o fiel em um clima de religiosidade e de tornar as passagens bíblicas conhecidas mesmo por aqueles que não sabiam ler.

    Detalhe de mosaico bizantino (547-548) da Igreja de San Vitale, em Ravena, Itália, que mostra Justiniano, imperador do Império romano do Oriente (círculo de luz) em torno de sua cabeça era uma forma de representação que reforçava a crença bizantina na divindade do imperador

fonte: BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção História Sociedade & Cidadania. p.36-7.- vol. II. - CARDOSO, Oldimar. coleção Tudo é História.  

 

 

©2009 HISTOBLOG - História Geral | Template Blue by TNB