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Brasil: O "milagre econômico"

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"Sinto-me feliz, todas as noites, quando ligo a televisão para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo. O Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante após um dia de trabalho."

Nas palavras do então presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, em março de 1973 o Brasil era uma ilha de tranqüilidade. Mas será que o país parecia tão bom assim para todos os brasileiros?

 Cartaz impresso e distribuído pelo Serviço Social da Indústria (SESI) para a Semana da Pátria, em setembro de 1974, durante o governo Médici.

 

Concentração de renda

Em 1969, com o general Médici na Presidência da República, os militares da linha dura passaram a governar o país. Durante o governo Médici, os opositores foram perseguidos, presos ou mortos. Muitos deixaram o país.

Os ministérios foram entregues a militares ou civis que defendiam a participação governamental na economia. Por causa dos grandes investimentos, a economia brasileira cresceu muito, acontecimento que recebeu o nome de "milagre econômico". Essa expressão foi criada nos anos 1970 para definir o que aconteceu no Brasil comandado pelos militares.

Mas não havia nenhum milagre nesse crescimento. A principal causa da grande atividade econômica daquela época eram os empréstimos tomados pelo governo brasileiro em bancos dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.

A força da propaganda

Com os empréstimos estrangeiros, os governos militares realizaram grandes obras que eles consideravam necessárias ao crescimento da economia brasileira. Foram feitos investimentos principalmente em obras de infra-estrutura (rodovias, ferrovias, portos, telecomunicações, usinas hidrelétricas e nucleares), nas indústrias de base (mineração e siderurgia) e de transformação (papel, cimento, alumínio e fertilizantes).

Essas obras eram utilizadas também para fazer propaganda do governo, simbolizando sua grandiosidade. O governo usava a expressão "Brasil - grande potência" para traduzir a idéia de uma economia poderosa, que poderia ser alcançada por meio de um crescimento acelerado. A ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, as enormes usinas hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí e a Usina Siderúrgica de Tubarão, no Espírito Santo, são algumas das obras dessa época.

A propaganda dos governos militares também se aproveitava de acontecimentos esportivos, como o milésimo gol de Pelé e a vitória da Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970.

Slogans do governo Médici

Depois do milésimo gol, marcado em novembro de 1969, Pelé desfilou em carro aberto em Brasília e foi recebido pelo presidente Médici, que lhe concedeu uma medalha  e o título de comendador. Os vencedores da Copa do Mundo de 1970 receberam tratamento semelhante.

As datas comemorativas como o 7 de Setembro, também foram transformadas em ocasiões para louvar os militares. Era comum ver alunos marchando como soldados em cerimônias públicas. O dia 31 de março era festejado nas escolas, com os alunos em fila para ouvir discursos e cantar o Hino Nacional em comemoração à chamada "Revolução de 64".

CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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Censura após AI-5

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Após a publicação do AI-5, todos os veículos de comunicação precisavam ter sua programação previamente aprovada por agentes do governo. Apesar da censura, as entrelinhas dos jornais e a ironia das charges buscavam brechas para criticar o governo.

 Charge de Ziraldo, publicada no Correio da Manhã, edição de 23/6/1968 

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Para criar uma imagem  positiva do governo, os militares instituíram a censura dos meios de comunicação. A  maior parte dos jornais e revistas estabeleceu autocensura, ou seja, os próprios donos dos meios de comunicação obrigavam os jornalistas a escrever apenas aquilo que iria agradar ao governo.

Violência

[No] dia 12 de dezembro de 1968, [...] a Câmara dos Deputados votou o pedido de licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado, sob a acusação de ter ofendido as Forças Armadas num discurso.

Na sede do Estado, em São Paulo, o diretor de redação, Júlio de Mesquita Filho, acompanhava cada movimento da inquietante situação. Quando recebeu a informação de que a Câmara não daria a licença, sentou-se e terminou de redigir [...] o principal editorial da página 3 do jornal. Sob o título Instituições em Frangalhos, seu texto apontava o impasse em que se encontrava o País, no qual já vigoravam quatro atos institucionais criados pelo regime militar. [...]

O texto desceu logo para as oficinas e a produção do jornal continuou normalmente naquela quinta-feira. [...] Horas mais tarde, porém já na madrugada de sexta-feira, 13, o chefe da PF (Polícia Federal) em São Paulo, general da reserva Sílvio Corrêa Andrade, apareceu nas oficinas do Estado e pediu para ver o jornal. Além das manchetes, leu o editorial escrito pelo diretor do jornal. Não gostou. E naquele mesmo instante determinou a paralisação da impressão e a apreensão dos exemplares prontos. [...]

A censura foi a parte mais visível e constante da violência. Os censores enviados para o jornal na noite do AI-5 permaneceram durante algumas semanas e depois o controle voltou a ser feito por meio de telefonemas e bilhetes. Quando a situação política se tornava mais tensa, eram enviados pessoalmente. Foi assim até 1972, quando chegaram com força e, dessa vez, para ficar.

A presença dos censores na oficina iria durar 863 dias. [...]

A lista de assuntos sujeitos à tesoura  era vasta e incluía qualquer fato que os censores consideravam passível de comprometer a imagem do regime. Em 1973 o Jornal da Tarde (pertencente aos mesmos proprietários de O Estado de S. Paulo) foi impedido de publicar nota sobre uma partida de carne congelada suspeita, importada do Paraguai. Grande parte do noticiário produzida pelo Estado sobre a epidemia de meningite que castigou São Paulo em 1974 também não passou.

O seqüestro, estupro e assassinato da menina Ana Lídia, de 7 anos, ocorrido em Brasília no dia 11 de setembro de 1973, foi outro assunto censurado. Havia suspeitas, nunca confirmadas, de que um dos autores do crime fosse o filho do ministro da Justiça do governo Médici, o professor Alfredo Buzzaid, que controlava a censura.

fonte: Violência abateu-se sobre o Estado na madrugada. O Estado de S. Paulo.

CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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Ato Inconstitucional nº 5

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A recusa da Câmara dos Deputados em permitir o processo contra o deputado Márcio Moreira Alves foi pretexto que a linha dura esperava para fechar o Congresso Nacional e estabelecer um governo controlado apenas pelos militares. Para isso, Costa e Silva publicou mais um ato inconstitucional em dezembro de 1968, o AI-5. Esse ato dava ao presidente poderes para governar sem ser controlado por nenhum civil.

Tanques do Exército ocupam Praça dos Três Poderes em Brasília, DF, após o fechamento do Congresso Nacional em 1968.

Essa demora em radicalizar de vez a ditadura no Brasil pode ser explicada pela contradição que os militares golpistas viviam. Segundo eles, o golpe de 1964 foi necessário para garantir a democracia no país, que estaria ameaçada pelos comunistas. Mas, para derrotar esses supostos comunistas, os golpistas acabaram com a democracia que afirmavam defender.

Jornal do Brasil de 14 de dezembro de 1968.

Mesmo depois do AI-5, o governo se declarava democrático. No dia 31 de dezembro de 1968, Costa e Silva fez um pronunciamento na televisão afirmando que, com o AI-5, "salvamos nosso programa de governo, salvamos a democracia, voltando às origens do poder revolucionário".

 

Guerrilha no país

Em 1969, surgiram movimentos armados para combater o governo. O ex-capitão Carlos Lamarca liderou um desses movimentos. Carlos Marighella, militante comunista liderou  outro.

Os integrantes desses movimentos criaram núcleos de treinamento de guerrilheiros, como ocorreu na região do Araguaia e do Vale do Ribeira, e organizaram assaltos a bancos para financiar a guerrilha. Em setembro de 1969, o embaixador norte-americano Charles Elbrick foi seqüestrado por um desses grupos, que exigiu a libertação de quinze presos políticos, enviados para o México.

Em março de 1970, em São Paulo, houve outro seqüestro, dessa vez do cônsul do Japão Nobuo Okuchi, trocado por cinco presos políticos, que foram enviados ao México. Em junho de 1970, quarenta presos políticos foram enviados à Argélia, em troca do embaixador da Alemanha Ocidental, Ehrenfried von Holleben. Em janeiro de 1971, o embaixador da Suíça, Giovanni Bücher, foi trocado por setenta presos políticos, que foram exilados no Chile.

Esses acontecimentos em geral não eram divulgados pelos meios de comunicação, que estavam sob o controle da censura. Assim, grande parte da população brasileira não sabia da existência de movimentos guerrilheiros no país. As notícias sobre essas ações só eram divulgadas quando faziam parte das exigências para a libertação dos diplomatas seqüestrados. Os movimentos armados persistiram até 1974, quando a maior parte de seus integrantes já tinha morrido, estava presa, ou fugira do país.

Além dos militares e da polícia política, os grupos guerrilheiros eram combatidos por grupos armados montados especificamente para isso. Empresários financiavam a organização desses grupos, como a Operação Bandeirante (OBAN), que atuou em São Paulo em conjunto com os militares, prendendo e torturando milhares de pessoas.

Junta Militar

Em agosto de 1969, o presidente Costa e Silva sofreu um derrame, que o impediu de governar. De acordo com a Constituição de 1967, ele deveria ser substituído pelo vice-presidente o civil Pedro Aleixo. Para evitar que um civil assumisse o cargo, os ministros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica assumiram o governo.

Em setembro do mesmo ano, essa junta militar comunicou o afastamento definitivo de Costa e Silva. Em outubro, o general Emílio Garrastazu Médici e o almirante Augusto Rademaker Grunewald assumiram a Presidência e a vice-Presidência da República.

Costa e Silva e Pedro Aleixo acreditavam que poderiam acabar com o AI-5 antes do término de seu governo e permitir o retorno das eleições e do Congresso Nacional. Com seu afastamento, a linha dura assumiu definitivamente o governo e manteve essa situação por muito mais tempo.

CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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O governo Costa e Silva

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Em outubro de 1966, o congresso aprovou a indicação para a Presidência da República do general Artur da Costa e Silva, que assumiu em março de 1967. Seu vice foi o civil Pedro Aleixo, deputado federal mineiro filiado à Arena.

Artur da Costa e Silva

No fim de 1967, o governo Costa e Silva começou a sofrer a oposição de Carlos Lacerda, que tinha o apoio de seus antigos inimigos Leonel Brizola e Juscelino Kubitschek. Juntos formaram um grupo chamado Frente Ampla, proibido pelo militares em abril de 1968. A Igreja Católica, que também dera grande apoio ao golpe com as Marchas da Família com Deus pela Liberdade, passou a criticar os militares. O cardeal-arcebispo de Recife, dom Hélder Câmara, que passou a fazer oposição à ditadura, teve um de seus colaboradores assassinado. E a imprensa foi proibida de noticiar qualquer coisa sobre dom Hélder.

Estudantes e operários passaram a organizar passeatas contra o regime militar, mas foram duramente reprimidos pela polícia. Em julho de 1968 ocorreu em Osasco na Grande São Paulo, a primeira greve desde o golpe de 1964, motivada em grande parte pela diminuição do valor dos salários, apesar da queda da inflação.

Com isso, os militares de linha dura, como o general Emílio Garrastazu Médici, exigiram do presidente uma repressão mais radical de todos os rebeldes. Como resultado dessa pressão, em agosto de 1968 a Universidade Federal de Minas Gerais foi fechada e a Universidade de Brasília foi invadida pela Polícia Militar.

Em setembro de 1968, o deputado Márcio Moreira Alves fez um discurso criticando violentamente o governo e os militares. O governo então pediu autorização à Câmara dos Deputados para processar Márcio Moreira Alves, mas a Câmara recusou.

Discurso de Márcio Moreira Alves, 1968

Uma vez que no Brasil de hoje torturar presos inermes parece ser motivo de promoção na outrora honrada e gloriosa carreira militar, pergunto: quando pararão as tropas de metralhar na rua o povo?

Quando uma bota, arrebentando uma porta de laboratório, deixará de ser proposta de reforma universitária do governo? Quando teremos, como pais, aos ver nossos filhos saírem para a escola, a certeza de que eles não voltarão em uma padiola, esbordoados ou metralhados?

Quando poderemos ter confiança naqueles que devem executar e cumprir as leis? Quando não será a polícia um bando de facínoras? Quando não será o Exército um valhacouto de torturadores?

ALVES, Márcio Moreira. 68 mudou o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 145-52.

 

Dom Hélder Câmara

Dom Hélder Câmara (1909-1999). Cardeal-arcebispo de Olinda e Recife, participou da vida política brasileira durante décadas. A partir de 1964, fez oposição ao regime militar e foi proibido de falar em público no país. Fez muitas conferências no exterior, denunciando a tortura no Brasil. Por isso foi indicado ao prêmio Nobel da Paz.

Emílio Garrastazu Médici

 

Emílio Garrastazu Médici (1905-1985). Militar e político. Alcançou o posto de general do Exército e participou do golpe de 1964. Durante o governo de Costa e Silva, chefiou o SNI (Serviço Nacional de Informações). Assumiu a Presidência da República como sucessor de Costa e Silva. Governou até 1974, durante o período mais violento da ditadura, quando se tornaram comuns a tortura e o assassinato de opositores do regime.

inerme: Que não possui meios de defesa, desarmado, inofensivo.

padiola: Maca portátil que se transportam doentes ou feridos.

esbordoar: Bater com bordão, dar pauladas, espancar

facínora: Criminoso

valhacouto: Abrigo, refúgio, asilo.

CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental. 

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Ato Inconstitucional, 1964

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Com a saída do presidente da República, o presidente da Câmara dos Deputados, Pascoal Ranieri Mazzilli, assumiu temporariamente o cargo. Como o golpe foi antecipado, seus líderes ainda não haviam definido o que fazer depois de se livrarem de Goulart. Somente no dia 9 de abril de 1964 os golpistas resolveram se pronunciar. O poder real passou a ser exercido pelo Comando Supremo Revolucionário, composto por altos oficiais das três armas: o general Arthur da Costa e Silva, o almirante Augusto Rademaker e o brigadeiro Francisco de Mello. Foram esses militares que editaram o  documento chamado Ato Inconstitucional nº 1 (AI-1), que estabelecia, entre outras coisas a eleição indireta para presidente da República.

Foi através do AI-1 que o Congresso Nacional elegeu indiretamente o marechal Castello Branco, um dos mais importantes líderes militares do movimento que derrubou Goulart.

Trecho do Ato Inconstitucional, 1964

O que houve e continuará a haver neste momento não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional é uma autêntica revolução.

A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação. [...]

O ato inconstitucional que é hoje editado pelo Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em nome da revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que se depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional na nossa Pátria. [...]

Os processos constitucionais não funcionaram para destituir o governo que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o país. [...] Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modifica-la, apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do governo como nas suas dependências administrativas. [...]

ANDRADE, Paulo Bonavides de. História constitucional do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. p.770-3.

Os militares que haviam tomado o poder compunham pelo menos dois grupos, que disputavam entre si a liderança do movimento. Um era o grupo da Sorbone, que reunia os partidários de Castello Branco. Sob a orientação de Golbery do Couto e Silva, planejava combater o comunismo, e as esquerdas em geral, pela repressão, mas esse período repressivo devia ser breve. O mais importante seria modernizar a economia brasileira e restaurar a normalidade política. O outro era o grupo linha-dura, liderado pelo general Costa e Silva, que defendia uma repressão muito mais dura à oposição em geral. Sob a inspiração desse grupo foi instaurado o chamado IPM (Inquérito Policial-Militar), para investigar os suspeitos de ligação com os movimentos populares no período Goulart.

Tanto um como outro grupo foram, direta ou indiretamente, responsáveis pelo clima de medo que se instaurou no país. Várias figuras importantes tiveram seus direitos políticos cassados, inclusive o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Muitas prisões, apreensões e queima de livros considerados subversivos foram feitas pelos órgãos repressivos.

Reformas na máquina administrativa e mudanças nas leis trabalhistas foram feitas logo no início do governo Castello Branco: as greves foram praticamente proibidas, e os salários mantidos em níveis baixos.

A política econômica

A economia brasileira estava, desde 1963, em crise, apresentando baixos índices de crescimento e altos índices inflacionários. A taxa de inflação, atingiu 91,9% em 1964. Uma das características da economia desse período foi a concentração do capital. As pequenas e médias empresas eram absorvidas por grandes grupos estrangeiros ou simplesmente faliam.

Para retomar o crescimento da economia, o regime militar impôs o Plano de Ação econômica de Governo, que pretendia atacar a inflação, reduzir os gastos públicos e os salários reais dos trabalhadores, com reajustes abaixo da inflação. O Plano de Ação Econômica de Governo só começou a dar resultados depois de 1967.

A crise política e o endurecimento do regime

A proibição das atividades sindicais e estudantis (fechamento da UNE) foi somente um primeiro passo para o endurecimento mais formal do regime.

Em maio de 1965, o grupo da linha-dura obteve uma importante vitória: o Brasil enviou tropas para auxiliar os Estados Unidos a derrubar o regime democrático da República Dominicana. Isso gerou movimentos estudantis de protesto. A oposição começava a dar sinais de vida: nas eleições para eleger governadores em onze estados brasileiros, ela conseguiu a vitória em cinco, duas delas em estados importantes - Minas Gerais e Guanabara (estado cujo território correspondia ao atual Rio de Janeiro). Para os militares da linha-dura, isso era inadmissível, pois era uma prova de que a "agitação esquerdista" continuava.

Devido às pressões do grupo da linha-dura, o presidente Castello Branco decretou, em outubro de 1965, o Ato Institucional nº 2. Ele estabelecia formalmente que o poder estabelecido podia cassar e suspender os direitos políticos, censurar os meios de comunicação, o ensino e a produção intelectual, decretar o recesso do Congresso.

Com base nele os antigos partidos políticos foram extintos, estabeleceram-se eleições indiretas para governadores e foram criadas duas agremiações políticas: a Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido oficiado governo, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que seria um partido de oposição consentida. O mandato de Castello foi prorrogado até março de 1967, quando expiraria o Ato Inconstitucional nº2 e um novo presidente deveria ser escolhido. Enquanto isso uma nova Constituição seria preparada.

 PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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31 de março de 1964

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GOLPISMO

"A única esperança que  meu  país  tem é  uma  mudança de   governo",  disse Júlio de Mesquita Filho, diretor do jornal O Estado de S. Paulo [...] Mesquita afirmou que Goulart está completamente rodeado de assessores que são comunistas ou comunizantes e que estão decididos a assumir o total controle do país. [...]

"Os Estados Unidos têm feito tudo quanto podem, mas enquanto Goulart estiver no poder, seus esforços serão úteis", asseverou Mesquita. O diretor de O Estado de S. Paulo disse que o fim de Goulart poderá ocorrer violentamente, tal como  ocorreu  com  o  ditador Getúlio Vargas em 1945 [...]

Mesquita [...] advertiu sobre o perigo de o Brasil se converter em outro bastião (trincheira) comunista como Cuba. [...] Mesquita aduziu: "Os minutos estão contados. Não há tempo a perder. O Brasil certamente é uma democracia. Nossos problemas são os mesmos dos Estados Unidos".

Presidente Goulart será deposto em breve, (Recorte de jornal - não identificado - anexado a uma correspondência a João Goulart), 19/11/1963.

O GOLPE

Apesar de precisar do apoio popular, o governo Goulart não tomava medidas concretas e decisivas em favor dos trabalhadores. Tinha esperança de que uma reforma agrária assegurasse o desenvolvimento do país e  evitasse uma convulsão social. Enviou, então, ao Congresso um projeto nesse sentido. No entanto, a UDN e o PSD, pressionados pela Confederação Rural Brasileira, que defendia os interesses dos grandes proprietários, rejeitaram o projeto.

Jango quis decretar estado de sítio e, assim, impor as reformas. Tanto a esquerda como a direita recusaram o pedido do presidente.

A tensão geral aumentou ainda mais quando os atritos com os Estados Unidos se acentuaram depois que o governo regulamentou a remessa de lucros enviadas para o exterior. Os que conspiravam contra João Goulart ganharam mais um aliado: o embaixador norte-americano, Lincoln Gordon.

No começo de 1964, o general Castello Branco, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, e Bilac Pinto, líder da UDN, divulgaram um documento denunciando que "o país estava prestes a ser tomado pelos comunistas". Era o alerta preparativo do golpe.

As organizações sindicais e estudantis, como a CGT e a UNE, mais os grupos de esquerda realizaram no Rio de Janeiro um grande comício de apoio a João Goulart. Mais de 200.000 pessoas compareceram, no dia 13 de março de 1964, para ouvir o presidente e vários líderes. Jango assinou alguns documentos comprometendo-se com a reforma agrária e a estatização de empresas de petróleo.

Presidente João Goulart e sua esposa Maria Tereza

Os setores da direta brasileira rapidamente organizaram uma resposta ao comício do governo populista de Goulart. O governador Adhemar de Barros, de São Paulo, deputados, setores da igreja Católica, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a UDN, o PSD e movimentos femininos conservadores organizaram no dia 19 de março, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Essa manifestação foi realizada em São Paulo e teve a participação maciça das classes médias paulistas. Ela criou o clima para a intervenção militar que acabaria  com a "comunização do Brasil".

O governador de São Paulo, o de Minas Gerais e o da Guanabara, assim como o jornalista Júlio de Mesquita, do jornal O Estado de S. Paulo, conspiravam abertamente contra Goulart, junto com os militares. Só não tinham ainda decidido o momento para desfechar o golpe.

A oportunidade surgiu no dia 30 de março de 1964. O presidente João Goulart compareceu a uma cerimônia no Automóvel Clube do Rio de Janeiro, organizada pela Associação dos Sargentos, sob a liderança do conhecido cabo Anselmo. Vários assessores, especialmente Tancredo Neves, haviam desaconselhado Goulart a comparecer à cerimônia.

Para o alto oficialato, Goulart havia se solidarizado com os soldados que haviam quebrado a hierarquia militar, em setembro de 1963, quando se rebelaram, exigindo o direito de candidatar-se a cargos políticos.

De Minas Gerais, o general Olímpio Mourão Filho, comandante da IV Região Militar, deu ordens para que suas tropas marchassem sobre Brasília. Simultaneamente, quase todas as Regiões Militares do país, algumas depois de certa vacilação, aderiram ao golpe.

Praticamente todos os líderes de esquerda e oficiais ligados a João Goulart haviam garantido que qualquer tentativa de golpe seria dominada por um levante popular e de soldados fiéis ao governo. Nada disso aconteceu. Os militares golpistas controlaram rapidamente as pequenas e pálidas manifestações de resistência. No dia 1º de abril,  Jango voou do Rio de Janeiro para Brasília e de lá para Porto Alegre, onde houve uma tentativa de resistência mas já era tarde. João Goulart não era mais presidente do Brasil. Exilou-se no Uruguai.  Como o dia 1° de abril é considerado o dia da mentira, os golpistas escolheram o dia 31 de março para comemorar seu movimento. Iniciava-se o chamado regime de 64.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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COMUNICADO

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Comunico aos leitores deste blog que, pelo  motivo de algumas pessoas inescrupulosas terem colocado anúncio (spam) em meu mural de recados preferi excluir esse recurso do blog, de agora em diante os contatos podem ser feitos pelo formulário na barra lateral da página.

A equipe do HISTOBLOG agradece a atenção e a compreensão, vamos procurar uma solução para este problema.

Valeu Galera!

Boa pesquisa!l

Susi

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João Goulart: Fase Parlamentarista

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O período parlamentarista do governo João Goulart durou de 7 de setembro de 1961, quando o presidente tomou posse, até 6 de janeiro de 1963. Jango era apoiado por amplos setores da sociedade: nacionalistas, algumas entidades empresariais, sindicatos de trabalhadores, governadores de vários estados e setores militares que haviam manifestado apoio à legalidade constitucional.

 

João Goulart

Pelo sistema parlamentar, o Poder Executivo era exercido pelo presidente e mais um Conselho de Ministros, presidido por um primeiro-ministro. Por esse sistema, o presidente ficava com o poder enfraquecido, pois não tinha autoridade sobre a política externa, elaborações de leis etc. O governo era, na verdade, exercido pelo Conselho de Ministros.

Os dois governos anteriores legaram (deixar em herança) a João Goulart um país com um déficit na sua balança comercial (importação e exportação) de 1 bilhão e 200 milhões de dólares. A inflação já ameaçava atingir a casa dos 50%, pois vinha crescendo desde a época de JK. Os preços dos gêneros alimentícios subiam e estes faltavam no mercado. Se levarmos em conta que a população urbana cresceu rapidamente na década de 1950, pode-se imaginar  que havia uma tendência a ocorrerem agitações sociais.

A presidência de Goulart: os caminhos para o golpe

A politização crescente das massas estendeu-se até o campo. No Nordeste consolidaram-se as Ligas Camponesas de Francisco Julião, lutando pela reforma agrária. Em fins de 1963, formou-se a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

O Plano Trienal

O governo Goulart tinha consciência de que estava sendo pressionado por dois lados: a direita, querendo impedir as reformas, e a esquerda, exigindo a sua execução.

Além das agitações sociais, Jango enfrentava profunda crise econômica e financeira. A saída que se apresentava era controlar a inflação e retomar o crescimento econômico.

Para isso, o ministro do Planejamento, o economista Celso Furtado, e o ministro da Fazenda, Santiago Dantas, elaboraram o Plano Trienal.

No entanto, os preços dos transportes e dos alimentos continuaram subindo. Por essa razão as organizações sindicais e de esquerda criticavam o governo.

A situação financeira piorava à medida que o Brasil se tornava cada vez mais dependente dos empréstimos estrangeiros, pois a remessa de lucros das empresas estrangeiras, principalmente americanas, para o exterior era quase o dobro do aplicado por elas no Brasil. O plano fracassara: nem crescimento econômico, nem controle da inflação.

PEDRO, Antônio. História da Civilização ocidental. ensino médio. volume único.

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A Renúncia de Jânio Quadros

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Na tarde de 25 de agosto de 1961, o ministro da Justiça entregou ao Congresso um documento em que Jânio Quadros renunciava à presidência da República. Em outra carta, tentando imitar a famosa carta-testamento de Getúlio Vargas, ele dizia: Fui vencido pela reação e assim deixo o governo (...) Forças terríveis levantaram-se contra mim (...) Encerro assim com o pensamento voltado para a nossa gente (...) Evidentemente a semelhança entre um e outro ato político era mínima, pois Jânio não teve a coragem política de Getúlio Vargas.

Jânio esperava que um amplo movimento popular o levasse de volta à presidência, que o Congresso não aceitasse a sua renúncia e que as Forças Armadas não quisessem que o vice, João Goulart tomasse posse como presidente, pois isso seria o retorno do sindicalismo getulista. Mas, nada disso aconteceu. Nenhum movimento popular pediu a volta de Jânio. O Congresso Nacional aceitou rapidamente o pedido de renúncia, empossando interinamente o presidente da Câmara Raniere Mazzilli, no cargo de presidente da República. Somente uma parte dos cálculos de Jânio parecia estar certa: os ministros militares não concordavam com que o vice-presidente, eleito legalmente tomasse posse. Havia mesmo uma ordem de prisão para João Goulart quando ele voltasse da sua viagem diplomática à China.

Mas uma reação legalista e popular tomou conta do país. Do Rio Grande do Sul é que partiu a mais forte reação contra os ministros militares golpistas. De um lado, o governador Leonel Brizola organizou a chamada Cadeia da Legalidade, que, pelo rádio, transmitia constantemente notícias da resistência gaúcha contra o golpe. Mas o mais importante foi a posição do general Machado Lopes, comandante do III Exército, importante força militar do país, que emitiu um comunicado garantindo a posse de João Goulart.

A crise foi solucionada quando parlamentares e militares chegaram a um acordo, propondo a instituição do regime parlamentarista. O articulador foi o deputado Tancredo Neves, que viajou para o Uruguai, país onde o presidente João Goulart aguardava uma solução depois de viajar por vários países, pois estava impedido de entrar no Brasil.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.

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Política externa de Jânio Quadros

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A década de 1960 se caracterizou pelas lutas de independência dos países da África e da Ásia, dependentes e subdesenvolvidos, haviam sido dominados durante longos anos pelas potências imperialistas européias. Quase a mesma situação ocorria na América Latina, que, embora já tivesse deixado de ser colônia no começo do século XIX, permanecia dominada pelos grandes monopólios capitalistas estrangeiros. Se na África havia uma luta pela independência política, na América pretendia-se diminuir a dependência econômica em relação aos Estados Unidos.

A política externa do governo Quadros tinha por objetivo manter-se mais próxima dos movimentos de luta anticolonialistas. Jânio procurou também aproximar-se do bloco socialista, mandando, como seu representante João Goulart para estabelecer relações comerciais com os chineses.

Muitos políticos progressistas que criticavam o conservadorismo de Jânio quanto à política interna acabavam apoiando-o na política externa. Com isso Jânio conseguia momentaneamente desviar as atenções da oposição, pois a situação interna tornava-se cada vez mais crítica.

Nessa época, o governo norte-americano tentou invadir Cuba para depor Fidel Castro, líder da Revolução Cubana. Os americanos foram derrotados de Jânio Quadros condenou politicamente a invasão.

Enquanto verbalmente Jânio apoiava os revolucionários cubanos, na prática os embaixadores  Roberto Campos e Walter Moreira Salles viajavam para a Europa Ocidental e os Estados Unidos, respectivamente, com o objetivo de tranqüilizar os países capitalistas. E a posição aparentemente ambígua  (incerta, hesitante) de Jânio, ficou mais clara quando ele apoiou a política colonialista de Salazar na África, pondo-se contra os movimentos de luta pela independência de Angola e Moçambique.

Mesmo assim, os setores mais tradicionais da UDN aumentaram as críticas a Jânio Quadros quando ele iniciou negociações para o restabelecimento de relações diplomáticas com a União Soviética. A paciência dos mais reacionários se esgotou quando, para sua surpresa geral, Jânio Quadros, no dia 18 de agosto de 1961, condecorou Ernesto "Che" Guevara, o ministro da economia de Cuba, que estava de passagem pelo Brasil.

Toda a grande imprensa e a Cruzada Brasileira Anticomunista iniciaram uma intensa campanha contra Jânio Quadros. No entanto, ninguém gritava mais do que Carlos Lacerda que pedia a cabeça do seu aliado da véspera.

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Os sete meses de Jânio Quadros

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Jânio Quadros tinha um estilo muito pessoal de falar ao povo, dirigindo apelos que atraíam os pobres e os desempregados. O candidato fazia verdadeiras representações teatrais em público, sempre malvestido, para demonstrar sua ligação com o povo. Mesmo alguns socialistas e dissidentes do PTB se sentiam atraídos pelo seu discurso, aparentemente progressista.

 

Jânio da Silva Quadros (1917-1992)

Jânio da Silva Quadros. Advogado e professor. Em 1947, foi eleito vereador em São Paulo pelo Partido Democrata Cristão. Deputado estadual em 1951, dois anos depois elegeu-se prefeito de São Paulo e, em 1954, governador do Estado. Em 1960 chegou à Presidência da República. Renunciou ao mandato em agosto de 1961. Com o golpe de 1964, teve seus direitos cassados por dez anos. De 1985 a 1989, foi de novo prefeito de São Paulo.

Os primeiros momentos do governo Jânio Quadros

Jânio foi o primeiro presidente a tomar posse na nova capital, Brasília. O vice-presidente eleito foi João Goulart, líder trabalhista do PTB, que não era da coligação janista. Na época era possível votar no candidato de uma chapa para presidente e no candidato a vice de outra chapa. Curiosamente, podemos dizer que as forças políticas mais à direita ganhariam as eleições para a presidência e que forças mais à esquerda ganharam as eleições para a vice-presidência.

Empossado, Jânio Quadros perdeu o dinamismo que havia mostrado na campanha. Como disse o udenista Afonso Arinos, finda a batalha política, ficou perplexo, incerto, com a bandeira da vitória nas mãos sem saber o que fazer dela.

Sem um programa claro, Jânio confundia governar com punir, e administrar com proibir. Pautado por questões menores, não voltou a sua atenção para os grande problemas nacionais. Estava mais preocupado em proibir corridas de cavalos nos dias de semana, biquínis nas praias e o uso do tradicional lança-perfume. Por outro lado, tomou medidas de caráter punitivo e vingativo contra getulistas e partidários de JK, provavelmente atendendo à vontade dos políticos conservadores e reacionários da UDN.

O ministério escolhido por Jânio Quadros demonstrou seu autoritarismo e reacionarismo. Uma mistura de várias tendências partidárias, mas quase todas bastante conservadoras. Um ministério nas mãos de Jânio.

Também contou com a colaboração de militares que iriam ficar mais conhecidos depois do golpe de Estado de 1964: Golbery do Couto e Silva, João Baptista Figueiredo, Mario Andreazza e outros tantos.

As contradições políticas e econômicas do governo Quadros

Jânio costumava dizer que governava acima dos partidos e que não tinha compromissos com ninguém. Essa imagem de independência só foi possível porque o sistema partidário montado por Getúlio Vargas, baseado na aliança PSD/PTB, havia entrado em profunda crise. Jânio criticava abertamente todos os partidos, espacialmente o PTB, ligado aos sindicatos dos trabalhadores. A UDN também passou a ser alvo de suas críticas e, por essa razão, Carlos Lacerda, que havia sido importante aliado, passou a combater o presidente.

Para Jânio Quadros, o Estado era incompetente para gerenciar. Assim, ele pretendia reverter os planos de nacionalização de importantes setores da economia, feitos na época de Vargas. Seguia uma política liberal no campo econômico, submetendo-se às imposições do Fundo Monetário Internacional.

Impôs um tratamento de choque para eliminar a inflação. Essa medida exigia o congelamento dos salários, o fim dos subsídios aos alimentos, principalmente ao trigo, e aos combustíveis. Os resultados foram imediatos: o preço do pão e das passagens de ônibus subiu. E quem sofreu mais foi o trabalhador brasileiro.

Para poder pôr em prática todas essas medidas, Jânio baixou a instrução 204 da Sumoc, desvalorizando o cruzeiro em mais de 100%, medida que beneficiou a burguesia e os investidores estrangeiros.

Os descontentamentos aumentavam a cada dia que passava, mas Jânio insistia em manter sua política antipopular. Uma crise política estava para acontecer.

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Eleições presidenciais de 1960

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No ano de 1960 iniciou-se a campanha para a eleição do novo presidente da República.

O prestígio do ministro da Guerra general Henrique Teixeira Lott, foi suficiente para que a coligação PTB/PSD, que havia dado respaldo político para Juscelino, lançasse a candidatura do militar. Ele seria o representante das correntes progressistas.

No lado mais conservador, reinavam divergências. Os setores mais tradicionais da UDN lançaram a candidatura de Juraci Magalhães, político ultraconservador. O setor mais ligado aos militares, comandado por Carlos Lacerda, insistia em lançar um candidato que tivesse um perfil populista, ou seja, queria usar as mesmas armas do getulismo. Seria um populismo de direita. A chance de a UDN ganhar as eleições estava em apoiar a candidatura do excêntrico ex-governador de São Paulo Jânio Quadros.

O estilo moralista, prometendo uma limpeza na administração pública, calava fundo no coração arrivista (sem escrúpulos) da pequena burguesia urbana. A candidatura de Jânio Quadros recebeu também o apoio de pequenos partidos, como o PDC (Partido Democrata-Cristão).

As eleições realizaram-se no dia 3 de outubro de 1960, dando uma vitória esmagadora ao candidato Jânio Quadros. A UDN havia finalmente vencido, depois de tentar, através de golpes, conquistar a presidência da República.

A política inflacionária de Juscelino, o aumento do custo de vida e a crescente movimentação das massas populares, que assustavam a pequena burguesia, foram fatores que contribuíram para a vitória de Jânio.

JK

Juscelino Kubistschek foi o único presidente civil eleito durante a Guerra Fria a conseguir terminar seu governo. Seu antecessor Getúlio Vargas, morreu, Seus sucessores, Jânio Quadros e João Goulart abandonaram o cargo. Talvez por isso JK seja muito admirado pelos políticos brasileiros.

Todos por um

Não há político brasileiro que não sonhe ser JK. Modelo de estadista, ele inspira de Fernando Henrique a Lula com fórmula simples: projetos viáveis e habilidade política.

"Acho que o melhor presidente que o Brasil já teve foi JK. Não acredito em quem não tem objetivos, não tem projetos, não sonha alto. Eu acredito em gente como Juscelino".

Depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil.

"Juscelino foi um homem de ação, de resultados. JK alcançou o que poucos alcançam: criar uma nova identidade nacional".

Frase do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que mais de uma vez disse  ser JK um exemplo de estadista.

JK é o modelo de estadista para todo aspirante à política. Não raro, durante as campanhas eleitorais, encontra-se a foto de JK estampada num calendário ao lado de um candidato a vereador. Todo presidente civil depois da democratização do país (José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique) disse ser em certo grau JK. [...]

Na realidade, [...] todos fingem ser JK [...] Collor e Fernando Henrique elegeram-se com programas contrários a JK.

A marca da gestão de Juscelino foi o gasto de dinheiro público (atribuiu-se a ele a paternidade da inflação galopante no Brasil) e a atração de dinheiro de investidores estrangeiros. [...]

No caso da simpatia com o capital estrangeiro (ação que permitiu a instalação de diversas multinacionais no Brasil), JK é modelo para Collor e Fernando Henrique. Mas em relação aos gastos públicos, Collor e Fernando Henrique tomaram outro caminho. Ambos cortaram gastos, aumentaram impostos e privatizaram a economia. Foram antiestatizantes e, portanto nesse sentido, anti-JK.

WEBER, Luiz Alberto. Todos por um, Correio Braziliense, 15/5/2002.

PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. CARDOSO, Oldimar. coleção: Tudo é História. ensino fundamental.

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Problemas políticos do governo JK

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Durante o governo JK, a burguesia brasileira associou-se ao capital estrangeiro e obteve grandes lucros. Banqueiros, empreiteiros, comerciantes e grandes industriais estavam plenamente satisfeitos com o governo.

No entanto, a direita mais reacionária, ligada aos militares e à UDN, sentia-se ameaçada pelos movimentos populares estimulados pelas liberdades democráticas de que o país gozava. Em fevereiro de 1956, por exemplo, um  oficial da aeronáutica, major Veloso, fez uma tentativa de rebelião armada na base de Jacareacanga, no Pará. Juscelino, com habilidade, conseguiu impedir a revolta.

A direita atuava mais na área parlamentar e tinha como líder o já famoso Carlos Lacerda, que havia organizado o chamado Clube da Lanterna. A esquerda, por sua vez, criou a Frente de Novembro, para combater o lacerdismo golpista.

O movimento operário, sob forte influência do PTB e de Jango, estava submetido ao controle do Estado por meio da estrutura sindical herdada do Estado Novo. No entanto, era capaz de organizar grandes greves, como a Greve dos 400 mil, em São Paulo, no ano de 1957.

O movimento estudantil, organizado na UNE (União Nacional dos Estudantes), ligada ao Partido Comunista, dava importante apoio à esquerda petebista. De modo geral, fazia parte de uma frente antiimperialista e estava ligado ao Iseb (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), que tinha como objetivo elaborar uma ideologia legitimadora da política desenvolvimentista. De acordo com o Iseb, o desenvolvimento econômico seria a única forma de evitar a revolução, promovendo a melhoria nas condições de vida da população mais pobre.

Juscelino, afinado com essa visão, escreveu para o presidente dos Estados Unidos, Eisenhower, propondo a Operação Pan-Americana: os países desenvolvidos deveriam ajudar a erradicar o subdesenvolvimento no continente como remédio contra a agitação social e possíveis movimentos revolucionários. O governo dos Estados Unidos na época não concordava com essa visão. No clima da Guerra Fria, o governo dos Estados Unidos considerava que a força militar era o melhor meio de evitar a revolução.

No entanto, as propostas de Juscelino inspiraram, algum tempo depois, a chamada Aliança para o Progresso, de John Kennedy

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A política econômica de Juscelino Kubitschek

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Com a posse de Juscelino e seu vice, no dia 31 de janeiro de 1956, o Brasil estava entrando em uma era de desenvolvimento. O novo presidente garantia que, com seus planos, faria em cinco anos o que normalmente levaria cinqüenta. Era o "50 anos em 5".

A política econômica de Juscelino foi, de certa forma, a continuidade mais elaborada da política getulista. Se o Brasil era, já havia tempos, um mercado consumidor considerável, mas importava um volume muito alto de produtos industriais que consumia, tanto Getúlio como Juscelino pretendiam substituir essas importações por produtos fabricados aqui. É a denominada política, a produção industrial brasileira em 1961 foi seis vezes superior à de 1940.

Como no período de Getúlio, era o governo o agente dessa industrialização; havia portanto, uma constante ligação e dependência dos empresários em relação ao Estado industrializante, que garantiu a maciça entrada de capital estrangeiro em nossa economia.

Os capitalistas brasileiros subordinaram-se gradativamente e de forma crescente aos seus sócios estrangeiros, situação que vinha desde a Instrução 113 da Sumoc, da época de Gudin: os empresários podiam importar equipamentos sem o peso de tributos fiscais.

No período de Getúlio, a industrialização estava voltada para os bens de produção (aço, petróleo, etc.). Com Juscelino a indústria procurou atender a um crescente mercado de bens de consumo duráveis, principalmente de eletrodomésticos e automóveis.

JK esperava que, com a intensa industrialização e o desenvolvimento da nação, a democracia no Brasil se consolidasse, diminuindo as diferenças entre ricos e pobres.

Juscelino Kubistchek de Oliveira. Presidente do Brasil (1956-1961)

Esse projeto de desenvolvimento empolgou o Brasil, envolvendo todas as classes sociais. Esse apoio popular legítima o seu governo, criando, assim, o novo pacto populista entre as massas trabalhadoras e o chefe de Estado.

Além disso, a política econômica de Juscelino tinha também um forte apoio no exército. Lott, ministro da Guerra, era a garantia militar dessa política.

O Plano de Metas: "50 anos em 5"

Os planos da política econômica de Juscelino apoiavam-se nos projetos da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) e nos financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE). O denominado Plano de Metas previa o desenvolvimento do setor de energia (hidrelétricas, petróleo, carvão, energia atômica), dos transportes, da indústria, da produção de alimentos e da educação.

Outra meta era interiorizar o desenvolvimento econômico com a construção de uma nova capital no centro do país: a moderna Brasília.

De onde viriam os recursos para promover tamanho projeto de desenvolvimento? Em primeiro lugar a emissão de papel-moeda, criando uma crise com o FMI, que condenava essa prática. Vieram também de novos impostos sobre os combustíveis. Outra fonte de recursos foi o capital estrangeiro sob a forma de empréstimos ou de aplicações diretas de grandes empresas estrangeiras. O Eximbank, por exemplo, concedeu empréstimo de 126 milhões de dólares. Outros financiamentos foram concedidos pelos governos da França, da Alemanha e do Japão.

Expansão, indústria automobilística e contradições

Os planos desenvolvimento deram muitos resultados. Cresceram consideravelmente a produção de bens de consumo industrializados, a extensão da malha rodoviária, a produção de aço. Brasília foi construída em tempo recorde.

Em pouco tempo, 300.000 caminhões e automóveis de marca Volkswagen, Ford, Chevrolet, DKW ou Simca, de fabricação nacional, percorriam as nossas ruas e estradas.

Esse foi o grande problema que envolveu o Brasil. As grandes empresas internacionais obtiveram grandes lucros com esse surto de desenvolvimento. A classe média, consumidora de bens duráveis, principalmente de automóveis, símbolos de status, se beneficiou muito com a fabricação nacional e a abertura de mais estradas de rodagem. Mas a maioria da população, que não tinha acesso ao automóvel, não viu melhoras no transporte coletivo,  pois não se priorizou o transporte ferroviário, a fabricação de trens, o transporte de massa.

Esse desenvolvimento foi também muito desigual, acentuando as profundas diferenças regionais. No Sul e no Sudeste concentrava-se grande parte da riqueza, enquanto o Norte e o Nordeste permaneciam empobrecidos.

Uma das tentativas do governo de JK no sentido de minimizar as diferenças entre o Brasil rico e o Brasil pobre foi a criação da Sudene (Superintendência  do Desenvolvimento do Nordeste), sob direção do economista Celso Furtado. Isso ocorreu em meio à crescente agitação dos trabalhadores rurais nordestinos, que sofriam com a seca dos últimos anos da década de 1950. Os camponeses chegaram a organizar-se politicamente nas chamadas Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.

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A conjuntura nacional depois da morte de Vargas

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Com a morte de Vargas, a presidência foi ocupada pelo vice, Café Filho, membro do Partido Social Progressista, do paulista Adhemar de Barros.

Café Filho, além de comprometido com as forças que tentaram depor Vargas, era politicamente frágil, sem o apoio do PSD e do PTB, os dois partidos que sustentaram Vargas no poder. A UDN, o maior partido de oposição ao nacionalismo de Vargas, aproximou-se de Café Filho. A maioria dos ministros foi indicada pelos políticos udenistas.

O ministério de Café Filho pautava-se pelo conservadorismo, e o melhor exemplo era o da Fazenda, que ficou nas mãos de Eugênio Gudin, franco partidário da política recessiva proposta pelo FMI, o Fundo Monetário Internacional, que sempre defendeu os interesses dos banqueiros internacionais.

A oposição ao governo Café Filho não tardou a ser articulado pelo PTB e por setores do PSD, que exigiam uma política mais nacionalista. Os parlamentares desses partidos contavam com o apoio de nacionalistas do exército e de amplos setores sociais.

O Ministério da Guerra ficara com o general Henrique Teixeira Lott, conhecido por sua imagem de militar apolítico. Mas, na verdade, sua força vinha exatamente de ter adotado uma posição que não entrasse em choque com os altos comandos militares e não demonstrasse claras simpatias pelos governos civis.

A política econômica e as eleições parlamentares

O ministro Eugênio Gudin baixou a instrução 113 da Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito), que permitia o investimento estrangeiro sem restrições, fato que se chocava com o nacionalismo dos getulistas e provocava a oposição dos trabalhadores e dos empresários que dependiam do Estado para desenvolver suas atividades.

Gudin, por seu lado, tentou diminuir os gastos públicos, aplicando um tratamento de choque contra a inflação. Seguia a risca as orientações do FMI, tentando diminuir os salários e adotando medidas recessivas para conter a inflação.

Nesse clima de crise política e econômica, aconteceram as eleições parlamentares de outubro de 1954. Nessas eleições o PTB aumentou o número de deputados, o PSD sofreu pequena queda e a  UDN foi a grande perdedora.

O PSD, aliado ao PTB, tinha uma confortável maioria na Câmara, mostrando a força dos getulistas. Como disse Abelardo Jurema, importante político da época:

Vargas comandava do túmulo os acontecimentos. Sua carta-testamento era uma bíblia. O seu nome, um hino...A vingança do morto se fazia sentir, dia a dia, mês a mês, até que Juscelino Kubitschek assume, levantando de novo, de fato e de direito, a bandeira PSD/PTB, sob a égide (escudo,defesa) da imagem de Vargas.

A UDN era o partido que mais se ressentia dessa presença fantasmagórica de Getúlio Vargas e do sindicalismo por ele deixado como herança. Por isso, ele conspirava, tentando impedir as eleições presidenciais que se aproximavam.

A aliança entre o PSD e o PTB possibilitou o lançamento de um forte candidato à presidência: Juscelino Kubitschek (JK), que fora governador de Minas Gerais pelo PSD e se tornou bastante popular por ter realizado várias obras modernizadoras no estado.

A UDN apoiou a candidatura de Juarez Távora, lançada pelo Partido Democrata Cristão, PDC. Ela temia a volta do vanguardismo ao poder com Juscelino.

A candidatura de JK recebeu o apoio de diferentes setores da sociedade brasileira, como de uma parcela da burguesia, que esperava o retorno de uma política industrial nacionalista e modernizadora. Setores da mídia não vinculados aos tradicionais jornais, especialmente a revista Manchete, ajudaram a difundir uma imagem positiva de Juscelino: sorridente, simpático e moderno. O candidato era apoiado ainda pelos sindicatos vinculados ao PTB, que indicou João Goulart, que foi ministro do Trabalho do governo de Getúlio, para vice-presidente na chapa de Juscelino.

O resultado final das eleições de 3 de outubro de 1955 deu a vitória a Juscelino Kubitschek, eleito com 36% dos votos. Em segundo lugar ficou Juarez Távora, o candidato apoiado pela UDN, com 30%. João Goulart, o vice de Juscelino, foi eleito com 500.000 votos a mais do que ele, demonstrando que a maioria do povo brasileiro ainda depositava suas esperanças no getulismo. "Vargas não morreu", repetia-se na época.

A UDN conspirava no sentido de anular a eleição e mesmo impedir a posse dos eleitos. Um constante clima de golpe permaneceu durante os meses entre a eleição e a posse de JK e João Goulart.

A instabilidade política

Nos meios militares conservadores, fortemente unidos à UDN, formou-se a chamada Cruzada Brasileira Anticomunista. Para os seus membros, JK e João Goulart não eram qualificados para exercer os cargos para os quais haviam sido eleitos. Diziam que os eleitores eram marginais manipulados pelos comunistas. Além do mais, argumentavam que Juscelino não fora eleito pela maioria absoluta e, por isso, não poderia tomar posse. Era o mesmo argumento que os conservadores haviam utilizado para tentar impedir a posse de Vargas em 1951.

Em novembro de 1955, os golpistas viram uma oportunidade para impedir a posse dos eleitos: o presidente Café Filho se afastara da presidência por motivos de saúde e fora substituído interinamente por Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados, da UDN.

O ministro da Guerra, general Lott, havia proibido aos militares manifestarem-se publicamente sobre assuntos políticos, mas, mesmo assim, o coronel Bizzaria Mamede fez um discurso propondo o impedimento da posse de Juscelino e Goulart. Imediatamente, Lott pediu autorização ao presidente interino para punir o coronel que infringira suas ordens. Carlos Luz não quis dar autorização, e Lott pediu demissão do cargo de ministro da Guerra no dia 10 de novembro de 1955. Os golpistas exultaram com a aparente vitória.

Na madrugada de 11 de novembro, o general Lott tomou militarmente a cidade do Rio de Janeiro. Carlos Luz, Lacerda e outros golpistas tentaram uma pequena reação, mas fugiram no navio Tamandaré. o presidente deposto foi substituído por Nereu Ramos, presidente do Senado. Esse contragolpe garantiu a posse dos eleitos.

A partir daí, Lott passou a ser conhecido como militar legalista, isto é, fiel aos parceiros da Constituição brasileira. Na verdade, a preocupação de Lott era mais relacionada à própria manutenção da hierarquia interna do exército, contra as manifestações de indisciplina.

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