Sem emoção, com visão perdida pela dor que o emudecia, trafegava solene como em vigia, o sensato, porém inerte amado que fora um dia.
No regato em que vivia, transpassava como névoa o espaço que pertencia
Uma centelha ele pedia, uma centelha ele queria, uma centelha, apenas uma o ativaria
O caminho de outrora recheado a favo, mel, luz e do tom gutural do universo ardente
Em pouco tempo, como um ente demente, lhe atacara certeiro seu coração imponente
Ele gemia... e em altos brados, mesmo que calado, feria sua alma no ocaso
Sem pensar ou entender, vê-se a passeio no lugar do cortejo
E tão sereno quanto mudo, caminha obrigado ao fato incontestável
Viver não é mais um fato, mas um agonizante suspiro lacerante e detestável
O doce de antes, o insípido de ontem... o amargo de hoje
A progressão inabalável da consistência mórbida, desaba no choro, no desabafo e na revolta
Remontando o ser com o tempo, que nos envelhece imperdoavelmente
Mas que cura e amadurece, para nos perdermos novamente...
Carlos Eduardo Pinto da Silva
0 :
Postar um comentário