A cultura material do Império de Axum recebeu muita influência da região do sul da Arábia, pois as duas áreas mantinham intensas relações desde pelo menos o século XV a. C. Do sul da Arábia teriam vindo as casas de pedra, o uso da escrita, as técnicas de represamento de água, de irrigação artificial e do plantio em terraços. Muito depois, já no século III a. C, o Império passou a realizar intensas trocas comerciais e culturais com o mundo grego, tornando-se um dos maiores portos da Antiguidade.
Mesmo sofrendo influências de diversos povos, aspectos tradicionais da cultura de Axum, como o culto aos mortos, continuaram a ser centrais. O mais importante tipo de monumento funerário produzido em Axum foram os obeliscos ou estelas feitas em um único bloco gigantesco de pedra. Essas estelas tinham o formato de um coluna monumental, com vários metros de altura. A mais famosa delas é datada aproximadamente do século IV a. C., com nove andares, 24 metros de altura e peso de 180 toneladas. Os etíopes possuíam uma refinada técnica para cortar pedras, como o mármore, o granito e o basalto, e entalhavam não apenas estelas, como também tronos, catacumbas e partes de palácios.
Uma das Estelas de Axum, monumento funerário, Etiópia, África
Mussolini, ditador que governou a Itália entre 1922 e 1943, tentou invadir a Etiópia em 1937. Em virtude da resistência etíope, Mussolini não atingiu seus objetivos; porém, ele conseguiu pilhar uma das estelas, embarcando-a em um navio para Roma. Aí a estela permaneceu durante quase 70 anos, até que, depois de diversos protestos do povo da Etiópia e de outros africanos, como o Egito, um acordo para a devolução desse obelisco foi firmado. A estela retornou à Etiópia em abril de 2005 e foi instalada em Axum apenas em 4 de junho de 2008. A cidade de Axum é considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco desde 1980.
Nelson Piletti, Claudino Piletti. Thiago Tremonte. História e vida integrada. ensino fundamental.
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