O reino de Gana destacou-se pela produção de ouro, abastecendo por longo período as regiões mediterrâneas africanas e européias. Localizado onde atualmente fica a Mauritânea, formou-se por volta do século IV e firmou-se junto à rota de comércio transaariana. Esse comércio, que contava com camelos que atravessavam o longo Deserto do Saara, esteve subordinado, de início, ao controle dos berberes do norte africano (homens livres), para depois passar ao domínio do reino negro de Gana. Ouro, sal e outros produtos - incluindo escravos, negociados como mercadoria - atraíam os comerciantes.
Submetendo vizinhos e impondo tributos e obrigações, o governante do reino, chamado gana - "chefe de guerra" -, detinha, desde o século VIII, enorme riqueza, como apontam relatos de vários viajantes. Num deles consta que os cães do palácio real, na capital Kumbi Saleh, usavam coleiras de ouro.
O Reino de Gana iria se enfraquecer bastante durante o século XII. Ao que parece, isso aconteceu em razão da concorrente produção aurífera de outras áreas, do crescente ataque de vizinhos saqueadores e do avanço da desertificação na região do Sahel.
Quanto ao comércio de escravos, vale destacar que o continente africano foi usado como principal fonte fornecedora para as mais antigas civilizações - na Antiguidade -, para o mundo islâmico e a Índia - durante as idades Média e Moderna - e, posteriormente, para as Américas - idades Moderna e Contemporânea.
A derrocada de Gana na África Ocidental ocorreu paralelamente à ascensão do Reino de Mali, processo que se consolidou quando o príncipe Sundiata Keita, por volta de 1230, transformou-se em soberano do Mali, fixando a capital em Niani. Ampliando progressivamante seus domínios, no início do século XIV esse reino já alcançava a costa do Atlântico e o interior do Saara e controlava várias cidades e as rotas comerciais saarianas. Ficaram famosas as peregrinações de seus governantes a Meca, a riqueza que levavam em suas viagens e a fundação de mesquitas e centros de estudo que contavam com a atuação de sábios e arquitetos trazidos do Oriente Próximo.
No século XIV, em razão de frequentes invasões e saques, o Reino de Mali foi sobrepujado por um outro, até então seu vassalo, chamado Reino de Songai. Em Songai, que se tornou um enorme império, destacaram-se como grandes centros comerciais as cidades de Gao e Tombuctu - esta, famosa por possuir um exército profissional, uma universidade e uma arrecadação sistemática de impostos. Esse reino desestruturou-se em seguida, no século XV, por causa dos constantes ataques de povos do norte africano e dos portugueses, interessados no ouro e em várias outras mercadorias do comércio regional. Do século XV ao século XIX foram inúmeras as unidades políticas africanas que floresceram no continente, apesar das investidas do norte islâmico e dos europeus. Entre elas, destacam-se o Reino de Benin, área de captura de cativos por vizinhos rivais, que os repassavam aos europeus para o comércio atlântico; o Reino do Congo, na região do Rio Zaire (atual Rio Congo), com capital em Mbanza, com 100mil habitantes; e o Reino Ashanti, entre os séculos XVII e XIX.
Cláudio Vicentino. Gianpaolo Dorigo. História para o Ensino Médio. História Geral e do Brasil. ensino médio. volume único.
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