A campanha foi bastante disputada. Prometendo que diminuiria a inflação, protegeria os "descamisados" (os excluídos) e moralizaria o Brasil, Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), venceu Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), no segundo turno. Collor recebeu 35 milhões de votos (42,7%) contra 31,1 milhões (37,9%) dados a Lula.
Na campanha para as eleições presidenciais de 1989, Fernando Collor de Mello apresentou-se como "Salvador da Pátria", amigo do esporte e inimigos dos "marajás" do serviço público, a quem responsabilizava pela crise financeira do Estado brasileiro.
Economia
Assumindo a presidência em março de 1990, Collor herdou dos governos anteriores uma dívida externa elevada e uma inflação galopante. No dia seguinte ao da posse, o novo presidente lançou o Plano Collor, que:
- Bloqueou o dinheiro existente nas contas correntes, cadernetas de poupança e outras aplicações financeiras acima de uma certa quantia, com a promessa de devolução num prazo de 18 meses;
- determinou a volta do cruzeiro;
- elevou os juros, com o objetivo de diminuir o consumo.
Ao mesmo tempo, a ministra da economia Zélia Cardoso de Mello, eliminou taxas sobre as importações, o que provocou a entrada de uma enorme quantidade de produtos estrangeiros, de brinquedos a automóveis.
Retirando o dinheiro de circulação para frear o consumo e abrindo o mercado brasileiro às importações, o governo conseguiu derrubar a inflação para cerca de 10% ao mês, nos primeiros tempos do plano. Em compensação, as vendas no comércio e a produção industrial caíram vertiginosamente. Muitas empresas faliram; outras reduziram os salários e despediram funcionários. Veio à tona a conseqüência mais perversa da política econômica de Collor: aumento do desemprego. Logo nesse primeiro ano do governo Collor (1990), o PIB (Produto Interno Bruto) registrou uma queda de 4,1%, a maior já ocorrida no Brasil.
Com o agravante da crise, o diplomata Marcílio Marques Moreira assume o lugar de Zélia Cardoso no comando da economia (maio de 1991). O novo ministro acelerou o processo de privatização, isto é, de venda de empresas estatais, e conseguiu renegociar a dívida externa, mas a atividade econômica continuou em queda. No final de 1991, a inflação voltou a subir e o governo foi perdendo credibilidade.
A luta pela ética na política
Mas o que de fato derrubou a popularidade de Collor foram os casos de corrupção envolvendo seu governo: compras superfaturadas; obras sem licitação; desvio de dinheiro em instituição presidida por sua esposa etc. O maior desses escândalos veio à tona em 25 de abril de 1992. Nesse dia, a revista Veja publicou uma entrevista de Pedro Collor, irmão mais novo do presidente, denunciado o chamado esquema PC: uma vasta rede de corrupção liderada pelo empresário alagoano Paulo César Farias, amigo e tesoureiro da campanha Collor.
No Congresso Nacional, abriu-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias. A prova definitiva de como funcionava o esquema PC foi fornecida por Eriberto França, ex-motorista de Collor. Eriberto contou que PC Farias favorecia ou chantageava grandes empresários e estes o "presenteavam" com altas somas em dinheiro. Boa parte desse dinheiro era depositada em contas bancárias fantasmas e daí seguia para a conta milionária de Ana Maria Acioli, a secretária do presidente. Ela, por sua vez, pagava as despesas pessoais de Collor, seus familiares e amigos. Segundo cálculos da CPI, essas despesas atingiram um montante de 10 milhões e 600 mil dólares em dois anos e meio de governo.
As notícias fizeram explodir por todo o país grandes manifestações populares exigindo o afastamento de Collor e o fim da corrupção. Entre os manifestantes, havia um grande número de caras-pintadas: jovens que pintavam o rosto com as cores da bandeira nacional, protestando contra a falta de ética na política. Sob forte pressão da sociedade civil, em 29 de setembro de 1992, mais de dois terços da Câmara dos deputados votaram a favor da abertura do processo de impeachment (afastamento). A partir daí, caberia ao Senado processar e e julgar o presidente.
Estudantes saíram às ruas em 1992 para pedir o impeachment de Fernando Collor
imagem: Folha Online
Color foi afastado por 180 dias e Itamar Franco assumiu a presidência da República interinamente, de 2 de outubro a 29 de dezembro, dia em que Collor renunciou ao perceber que seria derrotado no Senado. Apesar disso, os senadores deram continuidade ao processo e condenaram Collor a ficar sem direitos políticos por oito anos.
BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção: História Sociedade & Cidadania.ensino fundamental
2 :
E tem pessoas que ainda votam no Collor, como se nada tivesse acontecido. Ow povo da memória curta...
E o pior Fernando Collor é Senador d República. Pode?
Realmente o povo tem memória curta.
Obrigado pelo comentário SOS VIP.
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