Gorbachev era pressionado pela liderança tradicional do Partido Comunista, a chamada linha-dura, devido às experiências liberalizantes, e pelos liberais, por acharem as reformas lentas demais. No primeiro grupo encontrava-se, Valentin Pavlov, primeiro-ministro desde janeiro de 1991; no segundo grupo encontrava-se Boris Ieltsin, presidente da República Russa, fervoroso defensor da rápida introdução da economia de mercado.
Na madrugada do dia 18 de agosto de 1991, a linha-dura do Partido Comunista tentou um golpe de Estado contra Gorbachev. Os golpistas, mantendo Gorbachev preso, pretenderam controlar a situação em Moscou. A reação popular, a falta de apoio suficiente no exército e a pressão internacional fizeram o golpe fracassar. Ieltsin foi o grande líder de resistência e, com isso, aumentou o seu prestígio político. Até o final de 1991, as transformações foram rapidíssimas. No dia 25 de dezembro, a bandeira com a foice e o martelo foi substituída pela velha bandeira czarista - branca azul e vermelha. Gorbachev renunciou e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) desapareceu, dando lugar, à Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Ieltsin, como presidente da Rússia, o país mais importante da CEI, era o líder dos novos tempos.
Bandeira czarista
O Partido Comunista foi temporariamente proibido. Hoje é uma das grande agremiações políticas da Rússia. Foram dissolvidos todos os órgãos políticos do Exército soviético, das academias militares e da KGB (o serviço secreto russo). Os órgãos de comunicação foram totalmente remodelados, e alguns jornais do Partido Comunista foram proibidos.
Graves problemas começaram a surgir quando nações como a Geórgia, o Adzerbaijão, o Turquemenistão e o Kirguizistão se rebelaram, reivindicando o direito de se tornarem independentes do domínio secular da Rússia. As repúblicas bálticas, por exemplo, já haviam proclamado sua independência. Nesse processo de desagregação, a ameaça, muitas vezes concretizada, de guerra civil é constante. Para quem está distante da realidade cultural e política da ex-União Soviética, é quase impossível entender os conflitos envolvendo nações de nomes que nos parecem esdrúxulos, como Chechênia e Inguchetia.
A situação atual da Rússia é bastante complicada: rebeliões armadas de povos que querem a autonomia política, aumento da mortalidade infantil, inflação galopante, prostituição, alcoolismo, crescimento vertiginoso da criminalidade, do crime organizado e do tráfico e consumo de drogas. A expectativa de vida entre os homens diminuiu de 64 para 59 anos. Fortunas incalculáveis foram parar nas mãos de antigos dirigentes ou de espertalhões que souberam aproveitar a ocasião. Numa reportagem sobre o assunto, o jornal O Estado de S. Paulo, de 18 de dezembro de 1994, dizia que "novos-ricos moscovitas esbanjam fortunas", pagando por uma dose de conhaque, num clube noturno, a bagatela de 100 dólares. O consumismo dessa classe é alarmante até mesmo para os padrões de uma cidade riquíssima como Nova York.
A situação crítica minou a popularidade de Boris Ieltsin, que passou a enfrentar uma forte oposição de liberais, comunistas e da extrema direita russa. As críticas faziam sentido, pois a transição do socialismo para o capitalismo, provocou enormes disparidades (desigualdade) na sociedade russa.
Em 1998, Ieltsin, declarou a moratória da dívida externa e desvalorizou a moeda. As bolsas de valores do mundo todo sofreram forte queda em conseqüência das medidas russas.
A crise e a instabilidade somadas a rumores sobre o estado de saúde de Ieltsin, provocaram sua renúncia. Vladimir Putin se tornou o novo chefe de governo da Rússia. Ironicamente, ele foi um antigo integrante da KGB, o temido serviço secreto da União Soviética.
No começo de 2004 Putin estava tentando conter a crise da Chechênia e, ao mesmo tempo, restaurar a combalida economia russa.
Assim, a Rússia não apresenta características de um país estável e desenvolvido. Mesmo possuindo centenas de ogivas nucleares espalhadas pelo seu território, não pode mais ser considerada uma superpotência militar.
A criminalidade cresce assustadoramente e a população não tem confiança na polícia. Mais de 25% dos assassinatos não são resolvidos. A corrupção vem destruindo as condições de funcionamento do sistema de segurança. Descobriu-se, por exemplo, que o ataque terrorista a um grande teatro de Moscou, que fez várias vítimas, em outubro de 2002, foi facilitado pela corrupção da própria polícia.
Que significado histórico teve o fim da União Soviética? O presidente Vladimir Putin parece ter respondido à questão quando disse que o desaparecimento da União Soviética pode ser considerado um dos maiores desastres geopolíticos da história.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
1 Comentário:
bom resumo!
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