Depois da queda de Napoleão, a dinastia dos Bourbon foi restaurada na França. O rei Luís XVIII estava à frente de uma monarquia parlamentar. O poder legislativo era composto por duas câmaras, mas somente pouco mais de 200 mil pessoas tinham o direito de escolher os deputados.
De modo geral, a política dessa monarquia atendia aos interesses de uma ínfima parcela da alta burguesia e da nobreza. Antigos revolucionários e também partidários de Napoleão eram perseguidos. Um grupo de extrema direita, conhecido pelo nome de ultra-realista, pretendia a restauração do absolutismo. Apesar disso tudo, a situação econômica da França era boa. As indústrias e as manufaturas cresciam, o mesmo acontecendo com o comércio e a agricultura.
Com a morte de Luís XVIII, em 1824, subiu ao trono o conde de Artois, com o título de Carlos X. Apoiado por setores ultraconservadores, passou a restaurar os antigos privilégios da aristocracia. No entanto, a burguesia procurou reagir a tais medidas se agrupando em torno de O Nacional, jornal moderado que veiculava ideais liberais.
Quando, em 25 de julho de 1830, Carlos X suprimiu a Constituição, a população de Paris se rebelou, e o monarca foi obrigado a se refugiar na Inglaterra. Diante da possibilidade de se instaurar uma república, a burguesia francesa conservadora preferiu uma monarquia parlamentar. Daí a escolha para rei da França do duque de Orleans, Luís Filipe, apoiado pelos grandes banqueiros.
O governo de Luís Filipe se caracterizou pela restrição ao direito de voto, o que garantiu a manutenção do poder da aristocracia financeira, isto é, os banqueiros, os grandes proprietários de ferrovias e minas, os reis da bolsa de valores e a parte mais rica dos grandes proprietários de terra.
Os demais setores da burguesia, juntamente com a pequena burguesia, os camponeses e os trabalhadores urbanos opunham-se ao chamado governo dos banqueiros. Nessa época, havia um constante déficit nas contas do governo, que recorria a empréstimos junto aos banqueiros. Os altos juros de tais empréstimos eram pagos com impostos arrecadados da população.
A Revolução de 1848 e a Segunda República francesa
O governo de Luís Filipe atendia os interesses de uma pequena parcela da população. Os avanços na indústria eram pequenos, prejudicando a economia como um todo. A situação piorou quando, em 1845 e 1846, uma praga desconhecida atacou as plantações de batata, que era o principal alimento popular. A fome rondava os lares da França. Alto custo de vida: aumento do preço da batata, estagnação das indústrias e do comércio.
Esse quadro geral de crise originou uma campanha contra a política do governo. A proibição de manifestações políticas levou a oposição a organizar reuniões na forma de banquetes para enganar as autoridades. Nessas reuniões políticas era discutida a crise e se propunham formas de ação.
Manifestações populares realizadas no dia 22 de fevereiro de 1848 contrariaram as medidas repressivas do governo. A Guarda Nacional convocada para reprimir as manifestações aderiu à população. Depois de dois dias de lutas pelas ruas de Paris, Luís Filipe fugiu, em 24 de fevereiro de 1848.
Foi formado um governo provisório que, sob pressão dos grupos republicanos apoiados pela pequena burguesia e pelos trabalhadores em geral, proclamou a República, em 25 de fevereiro.
Do governo provisório participavam todas as frações da sociedade: de monarquistas que se opunham à dinastia de Orleans ao proletariado, passando por todas as camadas da burguesia.
Entretanto, as eleições para a Assembléia Constituinte, de abril de 1848, deram vitória aos deputados moderados do Partido Republicano, apoiados pela pequena burguesia e pelos camponeses proprietários das províncias. Dessa forma, com uma Assembléia Constituinte de maioria republicana e contrária às propostas revolucionárias dos candidatos operários, terminou a primeira fase da revolução de 1848, quando, por curto espaço de tempo, os interesses operários estiveram representados no governo francês.
O controle da Assembléia Constituinte permitiu à burguesia pôr fim às pequenas conquistas do proletariado, aumentando o desemprego em Paris. Para impedir as manifestações dos trabalhadores foi formada a chamada Guarda Móvel, constituída por representantes da pequena burguesia, dos camponeses e de desocupados.
Nas eleições realizadas em 10 de dezembro de 1848, foi eleito para presidente da República Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho do antigo imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte.
O Segundo Império francês
Luís Bonaparte, como presidente, estava em constante atrito com o Parlamento. No dia 9 de dezembro de 1851, apoiado pelos proprietários rurais, por setores marginais da pequena burguesia, organizados numa sociedade chamada Dez de Dezembro, e pelo exército, Luís Bonaparte dissolveu a Assembléia e se proclamou presidente por dez anos. No ano seguinte, proclamou-se imperador.
Napoleão III, como passou a ser conhecido, era apoiado pelos pequenos camponeses, que tinham na lembrança a figura de Napoleão I, o grande benfeitor do campesinato.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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