A sociedade feudal era rigidamente estratificada, isto é, dificilmente havia mobilidade, pois a posição dos grupos era determinada pela relação com a terra. Segundo a mentalidade da época, a sociedade estava dividida porque Deus determinara diferentes funções para cada camada. Havia três camadas fixas. O clero (sacerdotes) era a camada mais importante, considerada intermediária entre Deus e os homens. Sua função era orar pela salvação de todos. Os guerreiros (nobreza e aristocracia) lutavam para proteger o resto da sociedade dos males do mundo. O seu poder vinha do fato de serem donos da terra e terem o monopólio militar. Os trabalhadores deveriam produzir o necessário para o sustento de toda a sociedade.
Na verdade, cada uma dessas ordens se subdividia em vários estratos internos. Havia diferentes tipos de trabalhadores: os pequenos proprietários, que cultivavam seus lotes (alódios); antigos proprietários, que se ligaram a um senhor (vilões, porque habitavam as vilas); e o trabalhador escravo, que não desaparecera totalmente da Europa medieval. Mas o principal trabalhador durante o período feudal era o servo, originário do antigo colonus. O servo não era um trabalhador livre, mas também não era um escravo. Estava ligado à terra, não podendo ser retirado dela para ser vendido. Outra diferença entre um servo é que o servo era dono dos instrumentos de produção.
Servos e Vilões
Quando um servo passava a viver e trabalhar nas terras de um senhor feudal, todos os seus descendentes ficavam obrigados a permanecer nessa propriedade e trabalhar para os descendentes desse senhor. Por mais explorados que fossem, os servos não podiam sair dos feudos onde viviam.
Além dos servos, o trabalho nos feudos era executado pelos vilões ou vilãos. Eles tinham de pagar os mesmos impostos que os servos, mas não eram obrigados a permanecer nas terras do senhor para sempre. Eram portanto, indivíduos livres, ao contrário dos servos que estavam presos à terra.
Servos e vilões estavam submetidos apenas à autoridade do senhor feudal, pois não havia nenhuma outra autoridade acima dele. Não existiam leis escritas. Os senhores feudais definiam as regras de seu feudo de acordo com os costumes do lugar e julgavam tudo o que acontecia nele.
Assim o poder centralizado nas mãos do imperador ou do rei praticamente desapareceu nos reinos da Europa ocidental. Em seu lugar surgiu o poder local.
A figura do rei continuou a existir, mas ele perdeu poder de decisão. Cada senhor feudal exercia o governo e administrava a justiça no interior de seu feudo. Todos os que viviam no feudo lhe deviam lealdade e obediência – é isso que se chama poder local. O rei não tinha ali praticamente nenhum poder. É claro que o rei também tinhas seus domínios territoriais, isto é, seu próprio feudo, onde quem mandava era ele. Mas no feudo dos outros ele dificilmente conseguia intervir.
As relações sociais no feudalismo
O feudalismo foi constituído pela articulação entre dois eixos de relações: as relações feudo-vassálicas e as relações servis de produção. As relações feudo-vassálicas estabeleciam-se entre membros da aristocracia militar e territorial e baseavam-se no feudo e na reciprocidade. As relações servis de produção estabeleciam-se entre o senhor da terra e o trabalhador e estavam baseadas na desigualdade de condições e na exploração do trabalho.
A aristocracia feudal tirava seu sustento e garantia seu poder e sua riqueza por meio do trabalho do servo, da guerra das alianças. Os servos recebiam um lote para cultivar e eram defendidos pelo senhor, deviam a este uma série de obrigações: deviam trabalhar na reserva senhorial alguns dias por semana, e todo o produto desse trabalho era do senhor feudal (corvéia); entregava uma parte do que produziam na reserva servil (talha; pagavam pelo uso do moinho ou do lagar (banalidades); quando um servo morria, os filhos deveriam pagar para continuar em suas terras (mão-morta).
Havia um forte componente religioso nessa exploração do senhor sobre os servos, pois estes viam os senhores como protetores e patronos, que os ajudavam em tempos difíceis.
Mas de alguma forma, os servos conseguiam ter algumas atividades independentes. Os servos se ajudavam mutuamente nas pequenas plantações, nas pastagens das terras comunais ou em algumas festas. Tudo isso pode ser considerado como resistência ao poder dos senhores.
fonte: Pedro, Antônio. História da Civilização: ensino médio: volume único. p. 99 – editora FTD.
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