Sempre ouvimos falar dos imperadores Calígula e Nero como loucos, cruéis e devassos. Isto sempre nos foi transmitidos, em boa parte pelo cinema. Será verdade?
Em primeiro lugar, devemos lembrar que a violência sempre esteve presente na política da Roma Imperial. Era comum a eliminação de adversários políticos e mesmo de familiares pelos imperadores. Praticamente todos os imperadores romanos, em algum momento de seus governos, recorreram à violência para se manter no poder. Nesse aspecto, Calígula e Nero não foram exceções. Em 65 d.C., por exemplo, ocorreu uma conspiração contra Nero que pretendia colocar outro nobre no poder. Ele reagiu violentamente, provocando a morte de vários senadores e cavalheiros.
Em segundo lugar, deve-se ter em mente que os relatos históricos que possuímos sobre o período imperial foram escritos, em grande parte, por senadores, como Tácito, nossa principal fonte sobre Nero. Nesses relatos, cada imperador é julgado de acordo com o grau de colaboração que estabeleceu com o Senado durante seu governo. Aqueles imperadores, como Calígula e Nero, que buscavam reforçar seu prestígio apoiando-se nos setores populares eram duramente criticados. Daí a imagem negativa que temos deles hoje.
Por fim, apenas um comentário sobre o célebre incêndio de Roma em 64 d.C., do qual Nero foi acusado. Na verdade, não há provas cabais do envolvimento do imperador. Provavelmente, após o incêndio circularam boatos incriminando Nero, que posteriormente foram retomados por pessoas que lhe eram hostis.
Além disso, incêndios em Roma eram comuns e quase que diários, sobretudo nos bairros pobres, onde as casas tinham estruturas de madeira e eram construídas muito próximas umas das outras. O que pouca gente sabe é que Nero realizou uma reforma urbana nas áreas incendiadas.
BOULOS JUNIOR, Alfredo. História – Sociedade & Cidadania. p 203
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