No império bizantino, o governo controlava diretamente toda a vida econômica. Assim o fabrico de tecidos de luxo e de armas, por exemplo era organizado pelo Estado e as atividades comerciais e artesanais estavam rigidamente regulamentadas. O texto a seguir apresenta trechos de um documento que estabelecia regras muito claras para o comércio de seda. Tratava-se de um artigo de luxo que obtinha altos preços no mercado, e o governo bizantino tinha interesse em manter seu comércio sob controle. A seda crua vinha da China por uma longa estrada conhecida como Rota da Seda.
Regras:
- Os mercadores de seda crua não podem exercer qualquer outra profissão, mas têm que praticar a sua publicamente, no lugar para eles estabelecido. […]
- Aqueles que vierem de fora (estrangeiros) para os mitata (albergues) com seda crua não terão de pagar tributos, exceto pela renda e alojamento; da mesma maneira, aqueles que lhes fizerem compras não serão obrigados ao pagamento de impostos.
- Quem quer que esteja para ser admitido [na guilda] (associação de comerciantes) dos mercadores de seda crua deverá obter o testemunho de homens honrados. […]
- Os mercadores de seda crua não devem vender seda por lavar em suas casas, mas no mercado, de maneira que a seda não possa ser enviada secretamente àqueles que estão proibidos de a comprar. […]
- Os mercadores de seda crua não deverão ter licença para fiar a seda, mas apenas para comprar e vender. […]
- Os mercadores de seda crua não deverão vender a seda a judeus ou a [outros] mercadores para revenda fora da cidade.
Livro do Perfeito. In:FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., 1, p.117.
A prática do comércio, século XIV
O comércio era intenso no Império bizantino. Na costa leste do mar Negro, a cidade de Trebizonda se abria para as caravanas de mercadores que vinham da Ásia. Um pouco mais para oeste, também no mar Negro, a cidade de Quersonéia recebia produtos provenientes do norte da Europa. Já o comércio com as cidades da península Itálica, sobretudo Gênova e Veneza, era feito diretamente em Constantinopla. O texto a seguir faz referência à importância desse comércio.
Direitos que se pagam em Constantinopla, na alfândega do Imperador, pelos gêneros que os mercadores trazem e levam:
Os genoveses e os venezianos têm entrada e saída francas, não pagam nada. […]
Os florentinos, provençais, catalães, sicilianos e todos os outros estrangeiros pagam 2% ao entrar e 2% […] ao partir; são obrigados a pagar ao mesmo tempo a entrada e a saída.
PEGOLOTTI, Francesco Balduci. La pratica della mercatura. In: FREITAS, Gustavo de . 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, s.d., v. I,p. 117-8
1 Comentário:
muito legal o inicio pro meu trabalho de história vou....(...)
Postar um comentário