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A Terceira República Francesa (1870-1940)

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A humilhação sofrida pela França, com a derrota diante dos prussianos, aguçou os conflitos entre as classes sociais e os grupos políticos, colocando os populares parisienses contra o governo republicano em Versalhes, sob a presidência de Adolphe Thiers. O auge dos conflitos deu-se com a proclamação de um governo autônomo, em março de 1871: A Comuna de Paris.

Comuna de Paris (1871)

Formada por dezenas de membros de várias tendências políticas radicais, a Comuna era a administração municipal eleita pelo povo. Desarmou a Guarda Nacional, estabeleceu o serviço militar obrigatório, declarou nulos os decretos de Versalhes e proclamou a autonomia municipal extensiva a todas as cidades da França. A Comuna, que durou apenas 72 dias, desenvolveu uma política de forte inspiração socialista, proclamando a absoluta igualdade civil de homens  e mulheres, suprimindo o trabalho noturno e criando pensões para viúvas e órfãos. Caracterizou-se como a primeira experiência histórica de autogestão democrática e popular. Karl Marx chamou os revolucionários da Comuna de Paris de “assaltantes do céu”, pela grande energia e pouca objetividade de seu movimento.

Thiers reuniu tropas, pediu a Bismark que libertasse os prisioneiros de guerra e, com a ajuda dos prussianos, cercou Paris, bombardeando-a intensamente. Ao invadir a cidade, os soldados de Versalhes encontraram uma desesperada resistência popular. Mais de 20 mil pessoas foram mortas nos combates ou executadas posteriormente, além de 70 mil terem sido exiladas e deportadas para a Guiana Francesa.

A Terceira República sobreviveria até  1940, quando a França foi invadida  por Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Convivendo com uma contínua efervescência social e disputas imperialistas coloniais, consolidou-se internamente baseada no nacionalismo. Teve ainda duas crises no século XIX: o caso Boulanger e o caso Dreyfus.

Entre 1887 e 1889, a ascensão de um general de exército, Georges Boulanger, com ambições semelhantes às de Napoleão , movimentou os militares pela volta do império. Acusado de conspiração, Boulanger fugiu e suicidou-se, colocando fim ao prestígio  dos soldados bonapartistas.

Em 1894, Alfred Dreyfus, de origem judaica e capitão do exército francês, foi acusado pelos monarquistas de ter vendido segredos militares aos alemães. Incriminado por um conjunto de documentos falsos, foi condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, e seu caso repercutiu em todo o mundo.

Caracterizando-se como uma campanha nacionalista e de revanchismo francês contra a Alemanha, o fato acabou por desembocar no anti-semitismo, na condenação dos judeus como não-francês. Essa farsa, entretanto, foi sendo pouco a pouco esclarecida, devido à atuação dos escritores Anatole France e, principalmente,  Èmile Zola. Esse incidente, que envolveu toda a sociedade francesa, enfraqueceu os monarquistas e abalou o anti-semitismo nacional.

Republique Française - La commune de Paris 42

 

Embora obtivesse a liberdade por ordem do executivo, Dreyfus foi novamente condenado por um tribunal militar em novo julgamento (1899), sendo completamente reabilitado apenas em 1906, quando foi reintegrado ao exército e recebeu a insígnia da Legião de Honra. O exército, contudo, manteve a acusação de traidor a Dreyfus. Somente em 1995, um século depois, o diretor do serviço histórico do exército, Jean-Louis Mourrut, confessou publicamente a culpa de sua instituição, reconhecendo que o documento de acusação fora uma fraude.

Na presidência de Jules Grévy (1879-1887), predominaram as conquistas civis: estabeleceu-se a liberdade de imprensa e de associação (1881), a estabilização do ensino gratuito, laico e obrigatório (1882), o casamento civil e os sindicatos operários e patronais (1884). No final do século, a direita francesa se concentrava  na Action Française, e a esquerda ganhava terreno com os republicanos radicais, liderados por Aristides Briand. Às vésperas de 1914, diante do perigo alemão, a união nacional se impôs novamente como uma necessidade: eclodia a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

Cláudio Vicentino. Gianpaolo Dorigo. História para o ensino médio, História Geral e do Brasil.

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