Devido à sua posição geográfica estratégica, o Afeganistão sempre foi área sujeita a invasões e disputas (desde os gregos Alexandre Magno, na Antiguidade, passando pelos mongóis, turcos, ingleses, paquistaneses até os russos e norte-americanos nos períodos seguintes) A monarquia centralizada, estabelecida no século XVIII e que duraria até 1973, foi um dos alvos, nas disputas coloniais do século XIX, dos confrontos entre o Império Russo e o Britânico, ficando este último com o domínio regional até a independência do país em 1919.
Com a queda da monarquia em 1973, quando Daud Khan derrubou o rei Zahir Shah, deu-se uma sucessão de golpes militares, conflitos e intervencionismos que arrasaram o país provocando a fuga de milhões de afegãos (cerca de 2,5 milhões). Daud Khan foi assassinado em 1978 e, sob a liderança de Mohamed Taraki, foi instalado um regime de partido único inspirado na União Soviética e sujeito à crescente oposição de grupos islâmicos apoiados pelo Paquistão e Irã e armados pelos Estados Unidos.
As lutas entre as facções políticas étnicas e religiosas culminaram no fuzilamento de Taraki, em 1979, seguido da invasão da União Soviética, em que morreram mais de 15 mil russos e 1 milhão de afegãos. Os soviéticos retiraram-se do país dez anos depois, mantendo o apoio (financeiro e em armas) ao governo de Mohamed Najibullah, que foi obrigado a renunciar, em 1992, quando grupos guerrilheiros tomaram Cabul, a capital do país.
Os confrontos continuaram entre as facções políticas e islâmicas rivais, destacando-se o grupo islâmico Talibã ou Taleban “(estudante”, em persa), milícia que ganhou supremacia sobre aproximadamente 90% do território nacional ao final dos anos 1990, impondo-lhe rígidas leis muçulmanas. Esse grupo era formado pela maioria étnica do Afeganistão, os pashtuns, enquanto em outro grupo, que controlava pequenas áreas ao norte do território, conhecido como Aliança do Norte, predominavam três grupos étnicos minoritários:os usbeques, os tajiques e os hazaras.
Em 1998, os EUA dispararam mísseis contra alvos no Afeganistão, sob a acusação de serem centros de apoio às ações terroristas internacionais, especialmente da Al Qaeda, organização liderada por Osama Bin Laden. Esse fundamentalista islâmico era um milionário de origem saudita que migrara para o Afeganistão, onde obteve ajuda militar e financeira dos Estados Unidos no combate aos soviéticos, na Guerra do Afeganistão, durante os anos de 1980.
Bin Laden fundou a Al Qaeda (que significa, “A Base”), em 1990 e, no final dessa década, controlava uma ampla rede de atuações em diversos países contra o que chamava de “influência ocidental” e interferência dos EUA no mundo islâmico. Em 1999, a ONU determinou sanções contra o governo Talibã, como restrições aos vôos internacionais e exigências da extradição de Bin Laden para julgamento num tribunal internacional.
Imagem: Anúncio feito para a revista Veja
Em 11 de setembro de 2001, nos atentados realizados em Nova York e Washington, quando as torres do World Trade Center e o Pentágono foram atingidos por aviões sequestrados por terroristas, Osama Bin Laden foi acusado pelas autoridades norte-americanas de ser o articulador da ação que deixou milhares de mortos nos EUA. O presidente Bush declarou guerra aos terroristas e aos Estados que os abrigassem, exigindo do governo afegão a prisão e entrega de Bin Laden. O desdobramento da crise foi o bombardeio por parte dos EUA sobre o Afeganistão e a derrubada do Talibã. Até meados de 2008, ainda era desconhecido o paradeiro de Osama Bin Laden.
Com a derrota militar e a queda do Talibã, foi estabelecido um governo provisório, aliado dos EUA e chefiado por Hamid Karzai (dez/2001), com a difícil tarefa de pôr fim às permanentes disputas das várias facções e de reconstruir o país. Mesmo sem a presença do Talibã, continuaram os conflitos armados entre chefes guerreiros regionais, o crescimento do consumo de ópio, a criminalidade e o descontrole governamental. No final de 2004 foram realizadas eleições presidenciais, vencendo o presidente interino Hamid Karzai. Até meados de 2008, as Forças Armadas dos Estados Unidos mantinham no país cerca de 40% dos quase 50 mil soldados da força internacional, enquanto seguiam os atentados, a atuação do Talibã, a ampliação da produção de ópio e seguidos confrontos permanecendo distante a plena pacificação do Afeganistão.
Claudio Vicentino. Gianpaolo Dorigo. História para o ensino Médio. História Geral e do Brasil. ensino médio. volume único.
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