Assim como no campo, as desigualdades sociais nas cidades são gigantescas. No Rio de Janeiro, em São Paulo, no Recife e em quase todos os outros centros urbanos milhares (às vezes, milhões) de pessoas vivem em favelas sem redes de esgoto, sem água encanada e sem outros recursos de infraestrutura. Violência, desemprego, baixos salários, ausência de políticas públicas andam lado a lado com o luxo e a opulência dos chamados “bairros nobres”.
A luta das classes sociais marginalizadas dos centros urbanos surgiu ao mesmo tempo que as cidades começaram a crescer no país. Com o processo de industrialização, os setores mais avançados da classe trabalhadora procuraram se organizar em associações sindicais e em agrupamentos políticos. No início do século XX, as ações dos operários em luta por melhores condições de trabalho produziram eventos como a greve geral de 1917, na cidade de São Paulo.
Mas, apesar dessas lutas, foi só depois de 1930 que o governo de Getúlio Vargas criou o Ministério do Trabalho e estabeleceu uma legislação trabalhista. O salário mínimo foi implantado em 1940. Em 1943, foi declarada a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), uma compilação de toda a legislação trabalhista.
Durante o Estado Novo (1937-1945), os sindicatos estiveram sob o rígido controle do governo e o movimento operário declinou. Entre 1946 e 1964, ele voltou a se fortalecer, apoiando-se na liberdade de organização proporcionada pelo regime democrático. Com o golpe de 1964, teve início um longo período de controle e repressão sobre os trabalhadores.
Assembleia de operários de São Bernardo do Campo, SP, novembro de 2001
A partir de 1978, as grandes mobilizações recomeçaram. Em abril de 1979, os metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) fizeram uma greve de grande repercussão, realizando assembleias com a presença de até cem mil trabalhadores. Em 1983, foram fundadas a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Coordenação Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), posteriormente transformada em Central Geral dos Trabalhadores (CGT). No fim da década de 1980, surgiu mais uma central operária, a Força Sindical.
Esse processo de organização e mobilização colocou os trabalhadores no centro do processo político que levou ao fim do regime militar e à redemocratização do país. Uma das expressões dessa importância foi a rápida ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva, líder dos metalúrgicos do ABC paulista, que chegou à Presidência da República em janeiro de 2003.
Nelson Piletti, Claudino Piletto, Thiago Tremonte. História e vida integrada. ensino fundamental.
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