A guerra travada entre a realeza inglesa e a francesa (1337-1453) ficou conhecida como a Guerra dos Cem Anos. Esse conflito decorreu das transformações políticas, econômicas e sociais que se processavam no interior dos dois domínios. Foi a partir daí que a centralização do poder político, tanto de um lado quanto de outro, consolidou a monarquia nacional. Essa guerra teve dois motivos. Um foi a disputa pela região de Flandres, grande produtora de manufaturados, que os franceses pretendiam tomar para si, mas cujos mercadores mantinham estreita ligação com os ingleses. O outro foi uma disputa dinástica: a sucessão ao trono francês que apresentava dois candidatos: um membro da família Valois, de nome Filipe, e outro, o rei da Inglaterra, Eduardo III.
Com a escolha de Filipe, o rei inglês reagiu, e assim teve início a guerra.
Batalha entre franceses e ingleses em Poitiers, 1356
Essa guerra durou mais de 100 anos, mas metade desse período foi gasto em negociações de tréguas e armistícios. Os franceses contavam com um exército de cavaleiros feudais, pesadamente armados e com pouca mobilidade; os ingleses introduziram arqueiros lutando a pé, garantindo maior mobilidade.
De início, os franceses perderam muitos cavaleiros e territórios. A situação complicou-se mais com a disseminação da Peste Negra e as rebeliões camponesas. Mas, por volta de 1381, conseguiram recuperar grande parte dos territórios que haviam sido tomados pelos ingleses.
Entretanto, os cofres franceses estavam vazios. O rei Carlos VI não conseguia impor-se à nobreza, que reconquistou suas prerrogativas, formando duas facções, armanhaques e borguinhões, que envolveram o país em sangrenta guerra civil. Aproveitando-se da situação, os ingleses invadiram novamente o território francês, apoiados pelos borguinhões, e obrigaram o rei francês a reconhecer como seu sucessor o rei inglês.
Em 1422, o território francês continental estava dividido em dois reinos: o norte era dirigido por Henrique VI, rei inglês, com apoio dos borguinhões; ao sul, havia o rei francês Carlos VII, apoiado armanhaques.
Por essa época, começou a nascer nessa região um forte sentimento de nacionalismo. Esse nacionalismo, representado pela lendária figura de Joana D’Arc, ameaçava a nobreza, que era obrigada a reconhecer a autoridade de de um poder central, perdendo seus privilégios particulares.
A guerra terminou em 1453 com a vitória francesa. A utilização das armas de fogo, cujo poder era avassalador diante da velha cavalaria feudal, foi um fator importante para essa vitória.
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