Composta principalmente de cavaleiros, a Primeira Cruzada não contou com a participação de nenhum rei europeu. Por isso, é também conhecida como Cruzada dos Cavaleiros. A hora dos reis, entretanto, logo iria chegar. Em 1144, os muçulmanos lançaram uma contra-ofensiva e retomaram o Reino de Edessa. A resposta da Igreja de Edessa. A resposta da Igreja não tardou. Em 1145, o papa Eugenio III convocou uma nova Cruzada. Atendendo ao apelo, os reis Luís VII, da França, e Conrado III, do Sacro Império romano-germânico, mobilizaram seus exércitos e marcharam em direção a Edessa, mas suas tropas foram derrotadas pelos muçulmanos em 1147. Quarenta anos depois, em 1187, os muçulmanos, liderados pelo sultão Saladino, reconquistaram cidade de Jerusalém.
Esse acontecimento levou o papa Gregório VIII a convocar a Terceira Cruzada, na qual se engajaram os reis Filipe Augusto, da França, Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, e Frederico I Barba Ruiva imperador do Sacro Império romano-germânico. Iniciada em 1189, que os cruzados reconquistassem Jerusalém. O sultão Saladino, entretanto, em negociações com Ricardo Coração de Leão, assumiu o compromisso de autorizar a peregrinação dos cristãos aos lugares santos.
A Quarta Cruzada esteve intimamente ligada aos interesses comerciais italianos. Foi financiada por Veneza, que desviou sua rota para o litoral adriático e conquistou a cidade de Zara, húngara e cristã. Seu alvo seguinte foi a cidade de Constantinopla, que passou para o domínio de Veneza, juntamente com todo o Império Bizantino.Esses acontecimentos repercutiram fortemente na consciência dos cristãos europeus: com certeza Deus não apoiaria expedições contra os próprios cristãos, mesmo que fossem húngaros ou cismáticos.
As Cruzadas seguintes adotaram a estratégia de atacar o Egito para depois tomar Jerusalém. Mas os cristãos europeus não conseguiram igualar-se ao poderio militar muçulmano e passaram a acumular fracassos nos campos de batalha a partir da quinta Cruzada.
No final do século XIII, os turcos islamizados apoderaram-se da última fortaleza no Oriente: São João d’Acre.
As Cruzadas no Ocidente
As Cruzadas realizadas no continente europeu foram talvez mais importantes que as do Oriente. Elas tomaram três direções: a Reconquista, na península Ibérica; a expansão cristã nas terras eslavas; a Cruzada albigense no sul dos domínios franceses.
No século VIII a península Ibérica caiu sob o domínio muçulmano e, a partir daí, iniciou-se a luta por reconquista-la. A península apresentava os mesmos atrativos econômicos do Oriente (terras e possibilidade de expansão dos mercados). Ali situava-se a cidade de Santiago de Compostela, importante centro de peregrinação. No século XI a Igreja passou a conceder indulgências àqueles que participavam da Reconquista, dando-lhe um caráter de Cruzada. Para que sua luta não se esvaziasse, os ibéricos foram proibidos de ir à Terra Santa.
As terras conhecidas como “leste europeu” correspondem à região que está a leste do rio Elba e, até o século X, eram habitadas pelos povos eslavos. O crescimento demográfico, os interesses comerciais, o espírito evangelizador, a força de expansão do feudalismo, enfim levaram à conquista dessas terras. A Igreja, interessada em firmar-se perante o Sacro Império Romano-Germânico, apoiou a expansão alemã para o leste, conferindo-lhe caráter de guerra santa (os eslavos eram pagãos). A partir de 1230 formou-se uma Cruzada permanente contra os povos do leste, que resultou na criação de um verdadeiro Estado na região da Prússia, controlado pelos grandes mestres da Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Essa ordem religiosa militar havia sido organizada visando à expansão para o leste. Além dos muçulmanos e dos pagãos, as Cruzadas combateram os hereges, isto é, aqueles que não seguiam os dogmas e as práticas estabelecidos pela Igreja.
No século XII foi organizada uma grande Cruzada contra os hereges denominados cátaros, do sul da França, cujo principal centro da cidade de Albi. Por essa razão esses hereges eram conhecidos também como albigenses. Cátaros significa “puro”. Eles contestavam o uso de armas, o matrimônio, o direito de propriedade e, principalmente, a autoridade da Igreja romana. Os albigenses negavam, portanto a ordem feudal. Esses foram os motivos que levaram os poderosos da sociedade a combaterem essa heresia. A Cruzada reuniu a Igreja, o rei francês (interessado em fortalecer seu poder) e seus vassalos do norte (interessados nos bens heréticos) Para impedir que a heresia voltasse a proliferar foi organizado um tribunal da Igreja para identificar comportamentos e idéias heréticas.
O movimento cruzadista e a perseguição aos heréticos podem ser considerados prenúncios da crise dos feudalismo.
As Cruzadas representaram uma síntese das contradições religiosas, sociais, políticas e econômicas da Baixa Idade Média.
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