Durante a Idade Média, muitas obras de arte eram coletivas, feitas por artistas anônimos. Com o Renascimento, isso mudou. Os artistas passaram a assinar suas obras, financiados pelo mecenas (pessoa rica que financia o trabalho de artistas ou estudiosos): reis, nobres, ricos comerciantes, grandes banqueiros, um papa ou um bispo.
Em vez de comprar a obra pronta, como ocorre hoje em dia, o mecenas pagava o artista para trabalhar exclusivamente para ele por um certo período, pintando retratos de sua família, fazendo esculturas para decorar seu jardim ou desenvolvendo projetos arquitetônicos. Em geral, os artistas do Renascimento não se limitavam a uma especialidade. Eles dominavam conhecimentos de pintura, escultura, arquitetura, matemática, física e anatomia.
Quanto mais conhecimentos e habilidades dominasse, maior era o valor que o artista podia cobrar por seus serviços. Por sua versatilidade, Leonardo da Vinci e Michelangelo Buonarroti foram os artistas mais valorizados do Renascimento.
A obra mais conhecida de Leonardo da Vinci é Mona Lisa. Além de pintor e escultor, Leonardo foi arquiteto e engenheiro, projetou canais, fortificações e armas, fez estudos de anatomia e de física, desenhou projetos para máquinas voadoras, pára-quedas e um tanque de guerra. Outra obra muito conhecida é A última ceia (1495-1497).
A última ceia, de Leonardo da Vinci, (1495-1497)
Uma das obras mais famosas de Michelangelo é A criação do homem. Essa cena faz parte de um grande conjunto pintado no teto da Capela Sistina, em Roma. Na parede principal da mesma capela Michelangelo pintou O juízo final. Ele também projetou a gigantesca cúpula da Basílica de São Pedro, em Roma. Michelangelo estudou a escultura da Antiguidade e logo se tornou um dos maiores escultores que o mundo já conheceu.
A Criação do homem (1511-1512), obra de Michelangelo no teto da Capela Sistina, Vaticano. A pintura representa Deus ciando Adão, que, segundo o Cristianismo, foi o primeiro ser humano
Por volta de 1500, o papa Júlio II convidou os principais artistas da época para trabalhar em Roma. Com isso, o papa pretendia afirmar o poder e a riqueza da Igreja. Um dos artistas convidados foi Rafael. Num dos aposentos do vaticano, Rafael pintou um grande afresco intitulado Escola de Atenas.
Mudança de Foco
Durante o Renascimento não desapareceu a preferência por temas religiosos, característica da arte medieval. As cenas religiosas e os personagens bíblicos deixaram de ser o único tema das obras de arte. Os artistas passaram a ser contratados para representar , em retratos e esculturas, pessoas de famílias ricas e poderosas.
Os artistas queriam representar o mundo, na medida do possível, exatamente como as pessoas o viam. Para isso, passaram a aplicar conhecimentos de física e dominaram a perspectiva. Nessa técnica, os objetos mais próximos do espectador são representados em tamanho maior e os mais distantes em tamanho menor, reproduzindo a impressão criada pela visão humana.
imagem:Piero della Francesca. Flagelação. c.1450. Galeria Nacional de Marches, Urbino. O quadro é um estudo de perspectiva.
Entre os primeiros renascentistas a estudar a perspectiva estava o arquiteto Filipo Brunelleschi, o criador do princípio do ponto de fuga.
A força renascentista nos Países Baixos
Fora da península Itálica, diversos artistas produziram obras que acompanharam as tendências renascentistas. Na região dos Países Baixos, atuais Holanda e parte da Bélgica, destacaram-se os talentos de Hieronymus Bosch (1450-1516) e Pieter Bruegel (1515-1569). Na região da atual Alemanha distinguiu-se Albrecht Dürer (1471-1528), um dos primeiros artistas a tirar partido da invenção da imprensa.
Hieronymus Bosch se tornou conhecido por pinturas em que combinava estranhas figuras de seres humanos, monstros e animais mutantes. Muitas de suas representações têm base em idéias religiosas, como, por exemplo, as torturas que os pescadores enfrentariam após a morte.
Painel central de A tentação de Santo Antão (c.1505), óleo sobre madeira de Hieronymus Bosch –Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa.
Pieter Bruegel retratou aspectos do cotidiano de pequenas aldeias da região dos Países Baixos. Ele usou um estilo muito pessoal para pintar cenas da vida rural e paisagens. Essa foi uma tendência nova, pois na maior parte das pinturas da Idade Média e do renascimento a paisagem aparece apenas como cenário para o tema principal.
Jogos infantis (1560), óleo sobre tela do pintor flamengo Pieter Bruegel – Museu Kunsthistorisches, Viena
Dürer trabalhou na juventude como ilustrador de livros. Era também pintor, mas se tornou mais conhecido por suas gravuras, das quais – graças à invenção da imprensa – foram feitas muitas cópias, vendidas por toda a Europa.
BOULOS JUNIOR, Alfredo, coleção História-Sociedade&Cidadania.
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