Na cordilheira dos Andes e nas regiões próximas banhadas pelo oceano Pacífico, havia no início do século um império sediado na cidade de Cuzco. Esse império ocupava uma área de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados e abrangia territórios hoje pertencentes ao Peru, Equador, Bolívia, Chile, Colômbia e Argentina. Essas terras eram conhecidas por seus habitantes como Tahuantinsuyo.
Quando os espanhóis aí chegaram, na década de 1520, confundiram o nome que a população local dava a seu governante, o imperador (inca), com o nome da própria população. A partir de então, todos os habitantes do Tahuantinsuyo passaram a ser chamados de incas. Esses habitantes pertenciam a cerca de uma centena de povos distintos, como os quíchuas, aimaras e chimús, e falavam cerca de vinte idiomas diferentes.
A submissão das vastas regiões que compunham o Tahuantinsuyo a um governo central teve início no século XII, quando surgiu o primeiro inca, Manco Capac I. O imperador era tido como uma divindade, já que era considerado filho do Sol, o deus mais importante desse povo. O inca governava com auxílio de conselheiros escolhidos entre os membros de sua própria família. Os parentes do inca também ocupavam outros cargos de prestígio no império, como os juízes, sacerdotes, generais e altos funcionários do Estado.
Terraços agrícolas nas ruínas de Machu Picchu, Peru
O Império inca teve seu período mais próspero no século XV e início do século XVI, quando chegou a reunir mais de 12 milhões de pessoas. A maioria delas trabalhava como lavrador, cultivando principalmente milho, batata-doce, abacate e batata. Os incas desenvolveram uma sofisticada técnica de cultivo, plantando em terraços nas encostas das montanhas. As terras eram trabalhadas pelas famílias camponesas que constituíam a maioria da população. Um conjunto de famílias aparentadas formavam uma comunidade, o ayllu. Cada ayllu possuía um chefe, o kuraka. A terra do ayllu compreendia campos cultivados e pastos coletivos, onde jovens pastoreavam os lhamas e as alpacas (animal de carga semelhante ao lhama).
As terras de cada ayllu eram divididas em três partes: uma para o imperador, uma para os deuses (sacerdotes) e outra para as famílias que ali viviam. Além de trabalhar todas as terras, os camponeses realizavam vários serviços gratuitos para o governo, como construir e consertar estradas, templos e canais de irrigação. Essa obrigação era chamada mita.
Os produtos agrícolas chegavam a todas as partes do Império graças a uma eficiente rede de estradas que ligava de norte a sul todo o território de Tahuantinsuyo.
A população inca também construiu cidades, templos e palácios, muitos dos quais resistem até hoje. Várias cidades contavam com sistema de água encanada e esgoto. Uma das mais conhecidas é Machu Picchu, nas montanhas do atual Peru. Os habitantes dos Andes também se destacaram pela criação de objetos de ouro e prata, usados na decoração de palácios e templos religiosos.
A cidade Perdida de Macchu Picchu no Peru
Macchu Picchu, a cidade perdida A cidade de Macchu Picchu é um exemplo da capacidade dos incas. Erguida nas montanhas, sua construção ainda intriga arqueólogos, pois os incas dispunham apenas de instrumentos de pedra, não tinham carroças nem animais capazes de transportar grandes pedras como as que foram usadas no empreendimento. Escadarias foram cavadas na própria montanha, ligando palácios, templos, casas e guarnições. Macchu Picchu foi abandonada e esquecida pouco depois da chegada dos conquistadores espanhóis (por volta de 1520). E foi redescoberta somente em 1911 pelo arqueólogo norte-americano Hiram Bingham, uma das personalidades que serviram de inspiração para Indiana Jones, o intrépido arqueólogo dos filmes de Hollywood Quando Bingham encontro Macchu Picchu, a cidade estava coberta pela vegetação da floresta, o que conservou as construções praticamente intactas. Hoje o lugar é visitado todos os anos por milhares de turistas do mundo todo. BOULOS JUNIOR, Alfredo.coleção História Sociedade e Cidadania. |
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