A Lei Eusébio Queirós, proibiu o tráfico de escravos e as pressões exercidas pela Inglaterra trouxeram problemas para a crescente lavoura de café no Brasil.
Uma das saídas tentadas pelos grandes fazendeiros de café da região fluminense, do Vale do Paraíba e principalmente de São Paulo foi o tráfico interno de escravos. Mas muitos fazendeiros paulistas, mais progressistas e imbuídos de um espírito empreendedor, já sentiam que o trabalho assalariado era mais rentável do que o trabalho escravo. De modo geral, essa opinião não era compartilhada pelos fazendeiros do Vale do Paraíba, que permaneciam refratários às novas relações capitalistas que se impunham nas atividades econômicas.
Parcerias na cafeicultura
Um poderoso fazendeiro da região de Limeira, em São Paulo, o senador Vergueiro, foi pioneiro ao tentar estabelecer novas relações de produção no campo. Em 1847, ele conseguiu trazer da Suíça e da Alemanha 364 famílias de imigrantes para trabalhar em suas fazendas. Inicia-se assim, no Brasil, o sistema de parceria: o fazendeiro pagava as despesas de viagem dos imigrantes que, por sua vez, se comprometiam a pagar o fazendeiro com trabalho. O colono tinha o direito de plantar nas terras do fazendeiro, dando-lhe em troca parcela das vendas. Ao mesmo tempo, o colono tinha direito de participar dos lucros de venda do café. Mas os cálculos eram feitos de forma a favorecer os fazendeiros, que procuravam obter o máximo de ganho nessas transações. Na verdade, os colonos imigrantes sentiam-se como servos. Esses imigrantes vinham de uma Europa fervilhante do liberalismo revolucionário de 1848. Por essa razão, não admitiam ser tratados como escravos.
O primeiro e mais importante sinal do fracasso do sistema de parceria foi a revolta dos colonos da fazenda Ibicaba, de Vergueiro, no ano de 1857. O líder dos colonos, Thomas Datavz, foi ameaçado pelo senador e isso fez com que quase todos os imigrantes que trabalhavam na fazenda se armassem e cercassem a casa. O senador foi obrigado a recuar, e os imigrantes instauraram uma sindicância com a mediação do cônsul da Suíça. Desde então, o sistema de parceria que começava a ser implantado em outras fazendas, foi praticamente abandonado.
O trabalho livre na cafeicultura
O trabalho escravo era o mais empregado, mas os fazendeiros de visão comercial mais ampla sabiam que ele estava prestes a acabar. Muitos faziam cálculos do custo de um trabalhador escravo, comparando-o com os custos de um trabalhador livre, e concluíam que o trabalho assalariado era mais vantajoso. Para o primeiro era necessário desembolsar um grande capital antecipadamente. Além do mais a cafeicultura não podia mais contar com o trabalho escravo, pois o aumento da procura do produto exigia formas mais modernas de produção.
O trabalho livre era a única solução viável. Não se poderiam reutilizar os homens livres que viviam pelo sertão, pois estes se dedicavam a uma economia de subsistência e não se adaptariam a novas formas de vida. A imigração seria a melhor alternativa, mas sem cair nos erros do senador Vergueiro.
As lutas pela unificação da Itália facilitaram a vinda de imigrantes italianos para o Brasil. As subvenções dadas pelo governo imperial ou provincial também foram fatores de importância fundamental para essa segunda experiência de imigração.
De modo geral, o colono tinha sua passagem paga pelo governo, o que diminuía as despesas do trabalhador.
A formação da Associação Auxiliadora da Colonização sistematizou a vinda dos imigrantes, providenciando alojamento, alimentação etc. A partir daí, a imigração cresceu rapidamente, facilitando a abolição dos escravos, em 1888, e se multiplicou depois dessa data.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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