A abolição dos escravos negros foi pensada e promovida principalmente pelos brancos mais ilustrados, que viam nela uma forma de se libertarem do peso que a escravidão representava para as atividades econômicas mais dinâmicas. Alguns negros ou mulatos, participantes do movimento abolicionista, também estavam envolvidos de uma forma ou de outra com os interesses do mundo do homem branco modernizado.
Na década em que se deu a abolição, abriram-se várias oportunidades para investimentos mais dinâmicos. O capital dos fazendeiros podia encontrar aplicações mais rentáveis nas industrias, mesmo que incipientes, nas ferrovias e nas atividades bancárias. Investir em escravo tornara-se antilucrativo.
A região açucareira do Nordeste se modificou totalmente depois da quase paralisação da produção de seus engenhos. Inovações técnicas na produção açucareira transformavam o velho engenho em modernas usinas.
No Sudeste cafeeiro, somente a região do Rio de Janeiro e do Vale do Paraíba empregava maçiçamente a mão-de-obra escrava em suas lavouras. Essas regiões entravam rapidamente em decadência diante do dinamismo da região do Oeste Paulista, que empregava métodos modernos e, quase na sua totalidade, mão-de-obra assalariada na lavoura cafeeira.
O processo da abolição era irreversível, pois a escravidão era um pesado obstáculo às novas condições dinâmicas do capitalismo internacional. E, quando ela se deu, os negros "foram atirados a sua própria sorte".
Na região do Nordeste, por exemplo, os negros não encontraram nem mesmo um pedaço de terra para iniciar uma cultura de subsistência. Ao procurar as cidades encontraram um excedente populacional que deixava para eles pouco espaço para sobreviver. Por essa razão, ficaram marginalizados. No Sudeste, num primeiro momento, os negros conseguiram sobreviver graças a uma economia de subsistência.
De modo geral, os antigos escravos não foram integrados no mundo do consumo para dinamizar o mercado, como pensam alguns historiadores. Quando se empregavam, trabalhavam durante alguns dias, apenas o suficiente para a sobrevivência. Nada mais lógico, pois para eles o trabalho significava a lembrança de séculos de submissão e desgraça. Preferiam o ócio. Isso dificultou ainda mais sua integração social, pois ficaram à margem dos bens que a sociedade produzia.
O Império estava, portanto, condenado. As contradições se manifestavam em vários setores da sociedade. Além do movimento abolicionista, que era sem dúvida o mais importante sinal de crise, O Império entrou em choque com a Igreja, uma de suas bases de apoio.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
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