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A violência política do Segundo Reinado

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Assim que um novo ministério era empossado, tomava-se uma série de providências antes das eleições: nomeavam-se os novos presidentes de províncias, mais afinados com os ministros, novos chefes de polícia de confiança eram admitidos, mudavam-se os juízes e os chefes da Guarda nacional. Prontos para a realização das eleições, os novos donos do poder contratavam capangas, conhecidos como "papos amarelos" (por usarem lenço amarelo no pescoço), que andavam armados e obrigavam os eleitores a votar nos candidatos indicados. Além disso, trocavam-se urnas que porventura pudessem dar a vitória a um candidato adversário, modificavam-se as listas de eleitores, incluindo nomes de pessoas já falecidas, de crianças ou mesmo de pessoas inexistentes.

A violência política ia substituindo a violência social como forma de manter no poder a aristocracia agrária.

Em março de 1841, D. Pedro II dissolveu o ministério liberal, que havia articulado o golpe da maioridade, e nomeou um gabinete composto de conservadores. Esse gabinete restaurou o antigo Conselho de Estado e centralizou todas as atividades judiciais e policiais nas mãos do Ministério da Justiça, acabando efetivamente com a autonomia das províncias. Com a centralização das atividades judiciais, desapareceu o habeas corpus, isto é, o tradicional direito de um acusado de defender-se em liberdade. Essa medida aumentava o poder já quase absoluto do governo imperial.

Foi por causa desse aumento do poder que novamente estouraram manifestações de protesto em diversas províncias.

Protestos em São Paulo e Minas Gerais

A aristocracia liberal de São Paulo e a de Minas Gerais reagiram a supressão da autonomia das províncias.

No dia 17 de maio de 1842. Tobias de Aguiar, um dos líderes liberais da província de São Paulo, com o apoio de Diogo Feijó, tentou um levante armado, que foi reprimido pelo duque de Caxias. Em Minas Gerais, a reação desencadeou violentos combates entre os liberais e as forças do Império, comandadas pelo duque de Caxias.

Diante da onda de protestos, D. Pedro II, com bastante habilidade, dissolveu o ministério conservador e chamou os liberais para formar outro gabinete. Novamente no poder, os liberais não alteraram a legislação, que até a véspera era combatida por eles. Liberais e conservadores: no Brasil, a diferença ficava somente no nome.

Pernambuco e a Revolução Praieira

Toda região da antiga capitania de Pernambuco estava sob o domínio exclusivo de duas ou três famílias de latifundiários. Grandes fazendas dominavam toda a Zona da Mata, impedindo a sobrevivência de homens livres que por ventura quisessem trabalhar a terra. Um dos maiores proprietários da região era a família dos Cavalcantes.

O poder da província era dividido entre liberais e conservadores, da mesma forma que o poder central.

Em outras palavras, as diferenças entre liberais e conservadores eram, praticamente inexistentes, a ponto de os dois partidos se  revezarem no poder e não acontecer nenhuma mudança político-social. No entanto, havia um grupo político formado por antigos liberais radicais de tendências democráticas, quase todos intelectuais. Esse grupo era conhecido pelo nome de Partido da Praia, por se reunir na sede do jornal Diário Novo, localizado na rua da Praia, em Recife. O Partido da Praia tinha plena consciência de que os males da região eram causados pela presença do latifúndio, que impedia o pequeno lavrador livre de cultivar sua própria terra.

Dentro do Partido da Praia  havia várias tendências, e alguns membros mais radicais chegaram a entusiasmar-se com as idéias socialistas, vindas da Europa junto com as notícias das Revoluções de 1848.

Realizadas as eleições para as Assembléias Provinciais, o setor mais moderado do Partido da Praia obteve a maioria de votos e a província passou a ser governada pelo líder praieiro Chichorro da Gama. O governo central, nas mãos dos conservadores, temia que a situação se radicalizasse e exigiu que um conservador  governasse a província de Pernambuco.

No dia 7 de novembro de 1848, os praieiros e uma grande parcela da população levantaram-se em armas. A rebelião começou em Olinda e espalhou-se pela Zona da Mata. Os praieiros exigiam o voto universal e a liberdade de imprensa. Mas as forças do governo imperial conseguiram dominar os rebeldes, apesar de o líder Pedro Ivo resistir até maio de 1849, quando foi preso.

A consolidação do poder do Latifúndio

Durante o período regencial, o sistema político brasileiro chegou a ter alguma semelhança com um sistema republicano. O golpe desfechado pelos liberais acabou com essa tendência, consolidando o sistema monárquico por mais de 40 anos. Nesse período, tanto liberais quanto conservadores revezaram-se no poder, pois os dois partidos representavam os latifundiários.

Após a repressão das últimas revoltas, já sob o reinado de D. Pedro II, as tendências mais liberais ou republicanas estavam derrotadas. A elite conservadora havia conseguido afastar da cena política os projetos que ameaçavam, mesmo que remotamente, a ordem econômica e social baseada no latifúndio e no privilégio aristocrático.

 

PEDRO, Antonio. História da Civilização Ocidental. ensino médio. volume único

 

 

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