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O poder do rei

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Durante a Idade Média a Europa ocidental foi dividida em um  grande número de territórios, os feudos. Em cada feudo, o poder era exercido pelo senhor feudal, um nobre que era o proprietário da terra. Cabia ao senhor feudal a administração do comércio, a cobrança de impostos, a aplicação de justiça. Os reis nada mais eram que suseranos (senhor feudal) de um grande número de vassalos. Além disso, o próprio rei podia ser vassalo de outro rei, mais poderoso do que ele.

Para governar, os reis consultavam seus vassalos, reunidos num conselho chamado de Corte ou Parlamento. Nessa época, o papa, além de exercer um cargo religioso, também se envolvia em questões políticas. Isso contribuía para diminuir ainda mais a autoridade dos reis europeus.

A partir do século XI, porém, essa situação começou a mudar. Como crescimento do comércio e das cidades, os monarcas assumiram papel de destaque. Pouco a pouco, o rei deixou de ser apenas mais um entre tantos senhores feudais e passou a centralizar o poder, cuidando dos impostos e mantendo um exército encarregado de garantir a segurança da população. Assim começaram a surgir as primeiras monarquias européias.

O processo de formação das monarquias nacionais em algumas regiões da Europa deu origem a vários países europeus, como França, Inglaterra, Portugal e Espanha.

O motor deste processo foi a aliança entre o rei e a burguesia. No regime absolutista, o rei estava acima da nobreza e da burguesia, colocando-se como mediador (árbitro) dos interesses desses dois grupos rivais.

O rei equilibrava-se, procurando contentar a ambos: apoiava a burguesia na expansão de seus negócios e agradava a nobreza oferecendo-lhe pensões e cargos no governo.

As monarquias nacionais européias evoluíram em direção ao absolutismo conforme foram vencendo as resistências oferecidas pelo poder local dos senhores feudais e pelo poder universal do papa, que, como se sabe, abrangia toda a cristandade.

Fatores que favoreceram o absolutismo

O absolutismo vigorou na maioria dos países europeus entre os séculos XVI e XVII. Os principais fatores que favoreceram o seu surgimento foram:

  •  a expansão marítimo-comercial européia: as Grandes Navegações e a conseqüente formação de vastos impérios coloniais enriqueceram a burguesia, aumentando, com isso, sua capacidade de pagar impostos, e ao mesmo tempo, possibilitaram à realeza a obtenção de grandes quantidades de ouro e prata e de outras riquezas com a exploração colonial;
  • o humanismo: este movimento intelectual surgido no Renascimento, com sua visão crítica do homem e da sociedade, valorizava a razão, contrapondo-se à visão defendida pela Igreja e abalando seu prestígio, fato que colaborou para o declínio do poder universal do papa e o fortalecimento do poder dos reis em suas respectivas nações;
  • reforma protestante: alguns governantes aproveitaram-se deste movimento religioso para romper com o catolicismo e se apropriar dos bens da Igreja católica e de parte das rendas do clero. Na Inglaterra, o rei tornou-se ele próprio o chefe supremo da Igreja, que foi batizada de Igreja anglicana. Assim, a monarquia absolutista inglesa confiscou as terras e os mosteiros pertencentes à Igreja católica, tornando-se com isso mais rica e mais poderosa.

Conforme os reis iam impondo sua autoridade em toda a extensão de seus reinos, foram surgindo pensadores empenhados em justificar o absolutismo monárquico.

O primeiro autor moderno a escrever uma obra exclusivamente sobre política foi Nicolau Maquiavel, que publicou O príncipe em 1513. Nesse livro, o autor afirma que os interesses do Estado estão acima dos interesses dos indivíduos. Assim, para fazer prevalecer os interesses estatais, o governante poderia lançar mão dos mais variados métodos, inclusive de violência e força contra seus adversários.

Na França, os inúmeros conflitos religiosos envolvendo católicos e protestantes podem ter influenciado Jean Bodin, no século XVI, e Jacques Bossuet, no século XVII, a afirmar que o poder do rei deveria ser ilimitado.

O filósofo inglês Thomas Hobbes tinha outras razões para defender o poder absoluto dos reis. Para ele, sem uma autoridade absoluta, os indivíduos viveriam na barbárie, destruindo-se uns aos outros.

Jean Bodin (1529-1596).

Filósofo francês. Estudou na Universidade de Toulouse, depois foi advogado no Parlamento de Paris. Defendeu a união de católicos e protestantes em torno do rei francês. Na obra Os seis livros da República (1576), afirmou que a chave para garantir ordem e autoridade era o reconhecimento da soberania do Estado, que segundo ele derivava do direito divino e não do consentimento dos indivíduos.

Jacques Bossuet (1627-1704)

Jacques Bossuet - pensador e bispo francês - histoblogPensador e bispo francês. Defendeu a teoria do Direito Divino em seu livro A Política segundo as Sagradas Escrituras. Foi o mais influente defensor dos direitos da Igreja francesa contra a autoridade do papa.

Thomas Hobbes  (1528-1679)

Thomas Hobbes - autor de Leviatã Autor de Leviatã, elaborou uma explicação racional para justificar o absolutismo. Hobbes dizia que, no início, os homens viviam em estado natural, obedecendo apenas aos seus próprios interesses individuais. Por isso a vida dos homens era uma guerra permanente de “todos contra todos”. Para evitar a destruição da humanidade e conseguir a paz e segurança, os seres humanos decidiram renunciar a todo direito e a toda liberdade para se submeterem a um senhor, um soberano. Foram, portanto, os próprios seres humanos que entregaram poderes totais aos soberano. Por isso, segundo Hobbes, o rei não devia satisfação de seus atos a ninguém.

 

Nicolau Maquiavel (1469-1527)

 

Nicolau Maquiavel - Filósofo nascido em Florença (atual Itália). Foi funcionário público da República florentina. Escreveu O príncipe (1513), obra pela qual foi considerado o fundador do pensamento político moderno.

 

Essas idéias se espalharam pela Europa e ajudaram a fortalecer o poder dos reis. Surgiu uma nova forma de governar, conhecida como absolutismo. O poder dos reis tornou-se quase absoluto, limitado apenas pelas leis divinas e pelos costumes e tradições da época.

Na Europa Ocidental, a França foi o país onde o absolutismo foi mais intenso e duradouro.

 

2 :

Marcus disse...

Boa escrita. Queria sber onde consigo o livro A Politica Segundo as sagradas escrituras

Marcus Vinícius

JOSENILDO disse...

Boa tarde,

Urge seja feita uma reavaliação do ensino, para que se possa atingir níveis satisfatórios de politização em nosso povo...Visto que a ignorância nos agride cada dia mais cruelmente!
A leitura deve ser estimulada nas primeiras letras(fundamental) Um.

 

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