A Itália fascista
Apesar das dificuldades da expansão imperialista italiana, a concentração do capital se processava com o aparecimento de grandes empresas, como a Fiat e a Ilva. Essa concentração capitalista era acompanhada por um aumento das tensões sociais, fato que incentivou os trabalhadores a formarem um partido socialista.
A participação da Itália na Primeira Guerra, ao lado da Entente, atendeu aos interesses dos grandes trustes do capitalismo monopolista italiano, representado por empresas como as já citadas Fiat e Ilva ou as Usinas Ansaldo. O Estado era cliente certo para essas empresa. Por outro lado, o Partido Socialista, em sua política pacifista, e os setores liberais, ligados à indústria leve, criticavam a participação italiana no conflito.
Entretanto, dentro do próprio Partido Socialista havia discordâncias. Benito Mussolini, redator-chefe do jornal socialista Avanti, após o início das operações bélicas, declarou-se favorável à guerra. Isso lhe custou a expulsão do partido. A partir daí, Mussolini tomou posições de direita, acabando por lançar as bases do movimento fascista.
Após a guerra, a Itália atravessou uma profunda crise econômica e social. A inflação e o desemprego, aliados à influência da Revolução Socialista Russa, estimulavam os movimentos operários, que caminhavam para a radicalização.
Alguns anos de péssimas colheitas aumentavam o preço do trigo e tornaram a Itália dependente dos Estados Unidos no fornecimento do cereal. A exemplo dos demais países que participaram do conflito, os ex-combatentes que voltavam das frentes, ansiosos por reingressar na vida civil, não encontraram trabalhos engrossando a massa de marginalizados.
As lutas políticas e os fascistas no poder
A pequena e a média burguesia saíram profundamente descontentes com os resultados da guerra. Não se concretizaram as anexações dos territórios no Norte prometidas pela propaganda governamental antes do conflito, aos quais a Itália se julgava com direito como recompensa pela participação na Primeira Guerra ao lado dos vencedores.
Enquanto isso os movimentos populares aumentavam. O Partido Socialista quadruplicou o número de militantes. A CGT ( Confederação Geral do Trabalho) exigia do governo medidas cada vez mais radicais, inspiradas na Revolução Socialista Russa. Os componentes entraram para a cena política institucional com o nascimento do Partido Popular, de orientação católica e que dizia representá-los. Em 1921, alguns socialistas dissidentes, como Gramsci, Bordiga e outros, fundaram o Partido Comunista Italiano, com propostas revolucionárias inspiradas no exemplo russo.
A burguesia italiana temia o "perigo vermelho" (comunistas). Então, organizou grupos armados de desocupados, ex-combatentes e marginais, que impediam as concentrações socialistas e os movimentos grevistas. Em março de 1919, para combater os socialistas surgiu o Fascio de Combatimento, fundado por Benito Mussolini. Os militantes desse movimento eram conhecidos como fascistas.
Em maio de 1921, depois de uma campanha violenta, os fascistas conseguiram eleger 35 deputados, entre eles, Mussolini. Em novembro de 1921, Mussolini e outros indivíduos da cúpula fascista fundaram o Partido Nacional Fascista.
A propagação da doutrina fascista era feita de maneira agressiva. Diante da inércia (falta de atitude) do governo liberal, os partidos de esquerda conclamaram o povo a uma greve geral contra a violência fascista.
O Partido Fascista, financiado e apoiado pelos grandes industriais e latifundiários, lançou um ultimato ao governo Liberal: ou ele controlava as manifestações das esquerdas, ou os fascistas se encarregariam de restabelecer a ordem.
Em 27 de outubro de 1922, hordas (bandos) de "camisas negras" fascistas chegaram à capital: era a chamada Marcha sobre Roma. O rei, Vitor Emanuel III, pressionado pela grande burguesia e pelos militares do alto escalão, demitiu o primeiro ministro e convidou Mussolini para formar um novo ministério.
O novo governo era composto de maioria fascista. Uma de suas primeiras medidas foi pedir plenos poderes ao Parlamento. A ditadura estava a caminho.
Depois de uma violenta campanha, os fascistas venceram as eleições de abril de 1924. Em maio, um deputado do Partido Socialista denunciou a fraude dos fascistas nas eleições. Esse deputado foi seqüestrado e morto por um grupo de fascistas ligados a Mussolini.
Uma crise política se iniciou. Todos os partidos exigiram providências imediatas. Mas nada foi feito. Ao contrário, no dia 3 de Janeiro de 1925, Mussolini pronunciou um famoso discurso na Câmara, no qual assumia inteira "responsabilidade política, moral e histórica de tudo quanto aconteceu". E oficializou a ditadura.
As características do Estado fascista
A partir do discurso de Mussolini, iniciou-se a instauração de uma série de leis de exceção. A Câmara dos Deputados e o Senado eram exclusividade dos deputados fascistas. O Parlamento só podia discutir as questões que o chefe de governo (Mussolini) aprovasse. Assim, o Parlamento apenas referendava (assinava) as decisões.
Os deputados de oposição foram presos e alguns foram mortos nas prisões pela polícia. O Partido Comunista passou para a clandestinidade, e um de seus Líderes, Antônio Gramsci, morreu devido aos maus tratos recebidos durante a sua longa prisão. Os jornais que se opunham ao regime foram tomados pelos fascistas.
Para legitimar seu poder ditatorial e ser simpático às massas, Mussolini fazia discursos dramáticos. Chamava o fascismo de realização proletária (operária), pretendendo ganhar o apoio das massas trabalhadoras. Mas era à pequena e média burguesia que seus discursos agradavam. Divulgava-se o mito do grande desenvolvimento da Itália.
No nível da organização do Estado, instaurou-se o Estado corporativista, cujo objetivo era controlar a classe operária para facilitar a acumulação do capital nas mãos dos grandes monopólios. Para isso foram criadas as corporações de operários e de patrões. O conflito entre essas corporações seria intermediado pelo Estado. O conceito de lutas de classes foi banido. O corporativismo tomou sua forma acabada na Carta del Lavoro (Carta do Trabalho). O Estado fascista interferia constantemente na economia em benefício dos grandes monopólios.
No plano internacional houve uma aproximação entre a Itália e a Alemanha, dada a semelhança entre os seus regimes políticos. Essa aliança se consolidou com a participação dos dois países na Guerra Civil Espanhola, ao lado das forças do general Franco. Em 1937, a Itália entrou no Pacto Anti-Comintern (Aliança contra a União Soviética) com a Alemanha . Pouco antes da Segunda Guerra , assinou o Acordo de Aço com Hitler.
A Itália entrou na Segunda Guerra Mundial arrastada pela Alemanha e sem condições militares para isso.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único.
Assine nosso feed. Receba por e-mail. Obrigado pela visita e volte sempre!
0 :
Postar um comentário