No século XIX, o Império Russo apresentava grandes desigualdades sociais. Isso serviu de combustível para uma revolução decisiva na sua história.
Na segunda metade do século XIX, a velha Rússia feudal teve de se modernizar, precisou construir grandes vias férreas e surgiram as primeiras indústrias. Essas rápidas transformações acentuaram ainda mais as contradições e a diferenciação social existentes. Surgiram organizações e partidos políticos com o objetivo de transformar a sociedade russa.
O assassinato do czar Alexandre II só fez aumentar a repressão aos que se opunham à autocracia. Seu sucessor, Alexandre III, desencadeou uma onda repressiva: banimentos, deportações, enforcamentos e a formação da polícia Okhrana, através da qual controlava toda a vida política e cultural do país.
Nessa época formou-se o Partido Operário Social Democrata Russo, de orientação marxista, liderado por George Plekanov. Perseguidos pela polícia, muitos membros tiveram de fugir para o exterior. Mas mesmo assim o partido crescia, com adesões de intelectuais e da pequena mas dinâmica classe operária russa. Um dos membros desse partido era Vladimir Ilich Ulianov, que, para fugir à perseguição da polícia, adotara o Pseudônimo de Lenin.
Havia constantes discussões nos partidos políticos sobre que caminho adotar para as transformações da sociedade russa. Em 1903, o Partido Social-Democrata realizou um congresso em Londres e Bruxelas, onde levantou duas teses ou a sociedade socialista se faria através de uma lenta evolução natural, ou seria atingida através da insurreição revolucionária do proletariado.
Esta última tese foi apresentada por Lenin num panfleto intitulado "Que fazer" e ganhou maioria dos adeptos. Esse grupo, liderado por Lenin, recebe o nome de bolchevique (minoria) e era liderado por Mortov, Dan Tsereteli, além de contar com as simpatias de Leon Bronstein, conhecido como Trotski.
1905: a autocracia se abranda
Quando Nicolau II subiu ao trono, a situação da Rússia era relativamente estável. A expansão imperialista russa parecia não encontrar obstáculos. Os capitais estrangeiros dinamizavam a economia do Império Russo. No entanto, a expansão czarista foi detida com a guerra da Rússia contra o Japão (1904-1905), que abalou as estruturas da velha Rússia.
czar Nicolau II e sua esposa Alexandra
A derrota diante do Japão revelou a crise do sistema autocrático do czar. No início de 1905 começaram as primeiras manifestações populares em Petrogrado. Até fevereiro, a direção da revolução foi tomada pela burguesia e pela classe média, que se agrupavam em torno do Partido Constitucional Democrático, conhecido como Partido Cadete. Reivindicavam uma constituição e algumas reformas. Não pensavam no fim da monarquia nem, evidentemente, na instauração do socialismo.
No final do ano, a revolução passou novamente para a iniciativa popular. Os marinheiros do Couraçado Potemkin se revoltaram apoderando-se do comando. Em Petrogrado, os operários e soldados desmobilizados se organizaram no Soviete, assembléia na qual eram definidas as posições dos trabalhadores russos. Trotski, recém-chegado do exílio e se aproximando das posições dos bolchevistas, liderou o Soviete de Petrogrado.
Diante das pressões, o czar Nicolau II lançou um manifesto, em outubro de 1905, fazendo algumas concessões e prometendo uma constituição que estabeleceria a eleição de um parlamento (Duma).
Ao mesmo tempo que o governo fazia as concessões, organizava formas de reprimir as manifestações, o que acabou por enfraquecer o movimento revolucionário. As dumas (parlamentos) eleitas eram todas conservadoras. Isso facilitou a restauração da autoridade absoluta do Imperador. Mesmo assim, algumas reformas foram feitas, a agrária, por exemplo, que fez nascer uma classe média camponesa, que ficou conhecida em russo como kulak e transformou o camponês pobre num operário mal pago, isto é, proletarizou-o.
Enquanto isso, a política da corte e da Coroa se corrompia cada vez mais. O czar e a czarina (imperatriz) ficaram sob a influência de um monge charlatão, de nome Rasputin. A nobreza russa se deteriorava no começo do século XX.
A primeira Guerra Mundial e a crise
A Rússia, fazia parte da Tríplice Entente,(veja texto Primeira Guerra Mundial) participando da guerra ao lado dos ingleses e franceses. O prolongamento da guerra causou sérios problemas para o país: a perda de imensos territórios, a morte da metade dos efetivos militares e a paralização da indústria. Diante da impossibilidade de adquirir produtos industrializados, os camponeses diminuíram a produção agrícola. Os gêneros alimentícios subiram de preço e as greves aumentaram. O sistema econômico emperrou em todos os setores.
A divisão existente entre os social-democratas (socialistas), desde 1903, acentuou-se com a guerra. Alguns mencheviques apoiavam a guerra, juntamente com políticos aparentemente progressistas, como Kerenski, membro do partido trudoviki (partido trabalhista). Os mencheviques de esquerda, os bolcheviques e os anarquistas eram radicalmente contrários à guerra, que só favorecia os grandes capitalistas dos países imperialistas. Lenin, Trotski, Martov e outros lideraram essa posição.
PEDRO, Antônio. História da civilização ocidental. ensino médio. volume único. BOULOS JUNIOR, Alfredo. coleção História Sociedade & Cidadania. ensino fundamental.
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