D. Fernando, o Formoso (1367-1383), dirigiu a guerra contra Castela. Era casado com D. Leonor de Teles e, apesar de vários filhos, a única herdeira sobrevivente fora D. Beatriz. Visando pôr um fim na luta contra Castela, D. Fernando oferece a mão de sua filha e sucessora, D. Beatriz ao rei de Castela, D. João I. Para evitar uma possível anexação de Portugal por Castela, é celebrado um tratado de casamento, tornando bastante remota a possibilidade de D. João I de Castela vir a ser rei de Portugal. Entretanto, morre D. Fernando e assume o trono a rainha-regente, D. Leonor de Teles.
De acordo com os termos do citado tratado de casamento, deveria ficar no poder até ser coroado rei de Portugal seu neto, filho de D. Beatriz e D. João de Castela. D. Leonor de Teles, no poder, é impopular e permite que seu genro se intrometa nos assuntos portugueses.
Acrescenta-se ainda o fato de que, desde a época em que D. Fernando era vivo, D. Leonor de Teles era amante do fidalgo João Fernandes Andeiro. Após a morte do rei D. Fernando, a influência do conde de Andeiro aumenta junto à direção dos negócios do Estado. É acusado de pôr em perigo a independência de Portugal, entregando-o ao reino de Castela. Em dezembro de 1383, D. João, mestre da Ordem de Avis, irmão bastardo do finado rei D. Fernando, mata João Fernandes Andeiro. Este episódio é considerado o estopim para a eclosão da Revolução de Avis.
Um artesão, Afonso Eanes Penedo, incita o povo e os comerciantes a proclamar D. João, mestre da Ordem de Avis, como "regedor e defensor do Reino". D. João, apoiado por comerciantes e pelo povo - a "arraia miúda", como era designado - empreende luta contra D. Leonor Teles. O líder militar da rebelião contra D. Leonor é D. Nuno Pereira. A rainha-regente, não tendo condições de se manter no poder, apela para seu genro, o rei de Castela. A partir de então, o que era simplesmente uma guerra civil passa a ser uma guerra de independência nacional, cujo chefe é D. João, mestre da Ordem de Avis. A 6 de abril de 1384, os castelhanos são derrotados na Batalha de Aljubarrota, que marca, com a Batalha de Valverde, um dos pontos altos da revolução vitoriosa de Avis.
Ao final da guerra, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei de Portugal, fundando-se assim a segunda dinastia de Avis. Com essa revolução, Portugal constitui-se precocemente como o primeiro Estado Moderno da Europa.
Cruzadismo e Mercantilismo
Os primeiros monarcas da dinastia de Avis (1385-1580) incentivaram deliberadamente o movimento de expansão marítima em direção ao ultamar. Permanece ainda, evidentemente, toda a justificação ideológica vigente na época - o caráter de cruzada dos empreendimentos, com a finalidade de combater os infiéis e expandir o cristianismo.
Todavia, o que é importante, a cada retorno de suas viagens, navios portugueses trazem produtos altamente valorizados no mercado europeu, de tal forma que, aos poucos, Lisboa passa a ser rival de Veneza. As cidades do Norte da Itália começam a entrar em decadência. Os grandes mercadores dirigem-se a Lisboa, procuram-se os comerciantes portugueses. Aos poucos, mas de maneira definitiva, desloca-se o eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico.
Ultramar: Região ou regiões além do mar; possessões ultramarinas; tinta azul que se extrai do lápis-lazúli.
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